sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Silêncio



Lá, ou  pouco depois de lá.
Após tudo que enfrentamos aqui.
Quando finalmente chegamos
Ou achamos ter chegado ao fim

Costumamos (fingir) pensar haver um paraíso
para onde iremos,
Quando pensamos que acabará
nossa cegueira habitual.

Realmente enxergamos, mas
Só há breu
Ausência de luz.
Há apenas escuridão.
O negror de nada ver.

E nos perdemos em nossas palavras.
Pois as pronunciamos mas nada sai.
Apenas nossa mudez, que preenche
todo o vazio invisível  ao nosso redor.

Onde não  há a surdez, mas mesmo assim
não ouvimos, pois não há o que ouvir.

Onde há apenas o Além.
Onde há apenas a escuridão.
Onde há apenas o silêncio inquebrantável.
O Silencio ensurdecedor.
Que causa tamanho desespero que pedimos,
em silêncio
Sem nem mesmo nossos pensamentos ouvir
Para escutar algo, qualquer coisa.
Não importa o que

E então surge aquela vozinha,
A lhe sussurar no ouvido,
Coisas que só você consegue distinguir
E entender.

E se você acusar que ela está ali
A sua solidão, a incompreensão e ignorância alheia,
O pacto, está tudo selado.
Pois você está no além.
Além da razão.
E o que você ouve, é a insanidade.
O que você ouve é sua nova melhor amiga.
O que você ouve
É a loucura


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quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Medo da Escuridão



Sempre tive medo, não, medo é pouco. Sempre tive pavor da ESCURIDÃO. Assim mesmo, em maiúsculas. Creio que temia por quê, de alguma forma, sabia de antemão que seria engolido por ela. Que ia afundar num lodaçal até sumir na ausência de luz. Que os fantasmas e demônios que a habitam iriam me escravizar, torturar e corromper. Que iriam me enlouquecer e que, se é que isso era possível, deixariam (e deixaram) a escuridão mais negra, sombria, violenta e sádica do que nunca. Que, a partir de então, meu mundo não teria mais cor, brilho ou luz. E o mundo que me sobraria seria feito de paranóia, tristeza, dor e medo.

E lembranças. De tudo que sofri e que só quem sofreu também consegue entender. Os abusos ininterruptos que vivi, até eu me achar um lixo. Até eu realmente achar que valia menos do que nada, que não valia porra nenhuma e começar meu processo de auto-destruição. Algo que quase consegui.

Alguma coisas consegui destruir:

  • Minha crença na bondade humana;

  • Parte do meu amor próprio, da minha auto-estima;

  • A confiança nos homens;

  • A confiança nos meu pais;

  • A confiança no mundo;

  • O Bom funcionamento da minha mente;

E por último, mas não menos importante, MEU SONHOS.

Hoje tenho que lutar contra a loucura, para não ser completamente engolido por ela. Para dar ouvidos aos pensamentos sensatos, não à paranóia.

Eu achava que o tratamento que estou fazendo agora, o ECT, me ajudaria a voltar à luz. Mas descobri que ele apenas tenta me ensinar a enxergar no escuro. Mas sou engolfado pelo desespero ao perceber que até isso exige uma força enorme, que já eu tive, antes de a vida me corromper, mas que agora acho que não tenho mais.

E percebo que morro lenta e dolorosamente, o que me causa a dúvida se não seria mais misericordioso comigo mesmo, morrer tudo de uma vez só. Acabar com todos os sofrimentos, ao invés de ser obrigado a saboreá-lo gradualmente.



Partir.
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segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Déjà Vu (Repetindo Minha Vida)



E minha velha e boa ideação suicida, está de volta. Agora, após os 12 ECTS, achei que não ia sentir nada negativo, ou pelo menos que iam diminuir meus sentimentos depressivos, minha angústia, minha ansiedade, minha insegurança e minhas paranóias. Ou melhor, que iam diminuir os sentimentos depressivos, a angústia, a ansiedade, a insegurança e as paranoias. Pois não quero que elas sejam minhas. Quero que elas não me pertençam mais. E, como disse, achei que iam diminuir. Mas agora parecem estar de volta.

Tenho tido muitos “déjà vu”. E começo, depois da repetição de acontecimentos e situações ficarem muito comuns, a duvidar de que sejam realmente “déjà vu”. Começo a pensar que estou realmente revivendo acontecimentos. Que de alguma forma voltei ao passado e que estou repetindo coisas que já vivi.

Idéias aparentemente insanas pipocam na minha cabeça. E se o ECT de alguma forma faz com que voltemos no tempo? Mas daí meu raciocínio lógico pensa: Então eu não lembraria de ter feito os ECTs.

Mas a ideia mais forte é a de que minha família está em um complô contra mim, por algum motivo. Talvez por me acharem vagabundo. Talvez para fazer eu me tornar mais resistente às frustrações, paranóias, tristezas e por aí vai, então eles criam novas para me testar. Só que todos esses pensamentos me fazem pensar que eles são meus inimigos, e fico sem saber em quem acreditar.

Me dá uma imensa vontade de chorar, um desespero de não saber se posso confiar em alguém. Se devo pegar alguém, como meu irmão, que acho que não faria isso comigo, por exemplo, para perguntar sobre se alguém tentou fazer ele participar dessa farsa.



Por fim, como é de se esperar de mim, me dá vontade de acabar com tudo. De tomar uma nova overdose de remédios, ou pular de um prédio, ou dar qualquer jeito de acabar com todas essas loucuras e insanidades que ameaçam engolfar meu cérebro. Penso então que o melhor meio, é deixar de existir totalmente. Ir embora dessa porra de mundo desgraçado.
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sábado, 1 de outubro de 2016

Velhice (Pelo Que Viver?)

Pelo que viver? Por que motivo devemos continuar, se na maioria das vezes há tanta escuridão no futuro? Se o FIM é quase sempre tão escuro, sombrio e ingrato.

Minha avó, tinha tudo. E batalhou e trabalhou muito, assim como meu avô, para ter tudo que tinha. Ela é poeta. Alguém que, mesmo sem entender direito meus escritos que, na minha adolescência, eram de certa forma tétricos e lúgubres, sempre me estimulou a continuar escrevendo, seja lá o que fosse. Mas como eu dizia, ela tinha tudo, mas hoje, por ter chegado aos 92 anos, tem quase nada em comparação com antes. Hoje, como diria a Dido, na música Life for Rent, nada do que ela tem é realmente dela. Até o final do ano passado, ela tinha o maior de todos os bens, alguém que a amava incondicionalmente. Meu Avô. Mas ele sucumbiu. Morreu no final do ano passado. E ela ficou sozinha nesse mundo. Tem uma casa enorme, um bom carro, muitos bens, mas sem poder usufruir, inclusive dessa casa onde não pode morar pelo fato de casa ser enorme, por não poder mais ficar sozinha, enfim, pelo fato de ter chegado ao 92 anos.

Tentei o suicídio no dia 20 de setembro. Estarei eu realmente tão errado por isso?

Estou de volta, temporariamente a casa de meus pais, pelo menos até terminar as 4 semanas de ECT. A casa dos meus pais é de dois quartos, então, temporariamente, estou nesse quarto, que é onde minha avó mora atualmente. Onde nada que ela ela tem é realmente dela, e quando nada do que é realmente dela, ela realmente TEM. Eu entendo por que ela queira dormir o dia inteiro. Do por que fica deprimida. Não é por ela ela estar cansada. É por estar limitada pelo físico. Pois mesmo com seu cérebro falhando um pouco, mesmo ouvindo muito pouco, ainda há nela a poeta que quer ver o lado bonito da vida e criar odes a ele. Que quer ter sua própria vida e tocar de novo o amor palpável que existia, e acho que existe ainda, entre ela e meu avô. É sentir a presença e não só espiritual do meu avô.

Então hoje, acordei muito cedo e vi ela deitada tão pequenina em sua ancienidade, tão fragil em sua velhice, e entendi por que, apesar da casa ser da mãe, minha avó tenta dar ordens aqui também. Pela primeria vez consegui REALMENTE, colocar-me no lugar dela. Ontem enquanto tirava da mesa, após o jantar, disse a ela que não precisava listar o que devo tirar ou não da mesa, já que eu já fizera isso muitas vezes. Disse isso, mesmo que sem falar de forma agressiva, por que fiquei irritado. Mas agora entendo. Aí está ela, frágil e não mais realmente dona da sua vida. Não mais realmente dona de nada. Seu dinheiro, ela guarda. Usa uma parte nas depesas, como uma ajuda a minha mãe já que mora aqui agora. O resto, ela guarda. Para que, eu não sei. Minha mãe quer que ela contrate uma cuidadora, já que isso seria realmente importante para o bem estar da minha avó na sua atual idade. E talvez seja esse o problema todo. Talvez, ela guarde dinheiro, para não aceitar sua idade. Acumula, que foi o que fez durante grande parte da vida, para acreditar que tudo continua igual. Que existira um amanhã, mesmo nesse momento em que tudo é ainda tão incerto.
Então me vem a dúvida. PELO QUE NÓS VIVEMOS? E o que realmente possuímos? A única resposta que me ocorre, é que vivemos pelo amor verdadeiro. Pois o resto não é eterno. E sabendo disso, finalmente entendo a frase da música da Dido:
“Nothing I have is truly mine.”


Mas, para ser completamente honesto, não entendo é nada. Apenas sou alguém que tento encontrar algum sentido nessa mixórdia toda chamada vida. Alguma razão. Algum motivo para continuar vivendo. Para não dar um fim a tudo. Para lutar. Para não ceder à minha estupidez chamada de loucura. E, principalmente á forte companheira que vive comigo faz tantos anos: A Ideação Suicida.
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domingo, 25 de setembro de 2016

É A Sensação



É sensação de ser vitorioso.

De que todo mundo que poderia atrapalhar está longe ou tranquilo em relação a mim.

De que se eu tomar aquelas duas caixas de Rivotril, em casa, sozinho, ninguém vai me impedir.

De que ninguém vai me juntar do chão caso eu caia, que poderei me afogar no vômito, se vomitar, e ninguém vai impedir.

É a sensação de ter coragem, e sangue frio.

De ter tomado pela primeira vez na vida uma decisão de verdade e de ir com ela até o fim.

É sensação de que as vozes e risadas de escárnio vão parar.

É a sensação de que a dor e a culpa pelo fato de estar vivo vai cessar de existir.

É a sensação do zumbido de uma mosquinha dizendo que se tudo isso é verdade, por que não tomei junto com as duas caixas de Rivotril, todos os meus remédios da semana que pegara, naquele mesmo dia, com meu pais.

...covarde. Covarde. COVARDE.

É a sensação de que a própria ideação suicida, é covardia.


Uma espécie banal e medíocre de rebeldia. Uma preguiça de lutar. Sim, sou vagabundo assim como sempre disseram. Tenho PREGUIÇA PATOLÓGICA DE LUTAR.

Mas tenho um motivo. Nada nunca é o suficiente. Talvez hoje em dia, seja o suficiente para vocês e vocês achem que com o tempo irei evoluir. Mas para mim não é o suficiente. E meu cérebro, que comando isso tudo, me manda esses sinais o tempo todo. Não de que não sou capaz, mas de que sou, mas sou um vagabundo, marginal, (palavras tiradas do repértorio do meu pai) ridículo, cômico, digno de riso e escárnio e por isso não conquisto porra nenhuma.


É a sensação de que nada que faço, tem algum valor. Seja uma música, seja um texto, um livro, um desenho ou uma pintura.


É a sensação de ser um traste imprestável. Eu luto, luto, luto contra tudo isso e quem me vê, acredita que tenho um super auto-estima. Só que feita do mais fino vidro que você podem imaginar. E uma risada, ou palavra, ou crítica, mesmo que seja na casa do vizinho, mesmo que meu ouvido não distingua o que dizem, meu cérebro se encarrega de interpretá-las e reduzir minha auto-estima ao pedaços. Não vou entrar nos porquês. Eles não importam mais.



A questão é que mais uma vez fiz uma roleta russa. Depois de tomar os remédios, dormir desde terça-feira de tarde até quarta-feira de tarde. Fui acordado, pelo telefonema da minha mãe. Pela milésima vez ela me deu a vida. Claro, não sei se acabaria morrendo caso não tivesse havido a ligação. Não sou médico. Abaixo um trecho da carta que tentei escrever quando tomei os medicamentos. Uma parte acho q que meu cachorro comeu. Da carta, não dos medicamentos.

Tadinhos, quando tomei a superdose ambos vieram ficar do meu lado.  Minha linda gata branca Lana e meu cachorro mesclado Toddy. EU disse a eles e sabia que iam cuidar deles, mesmo que sentissem minha falta. Mas confesso que não pensei muito nisso quando fiz a tentativa. Egoísmo. Suicídio é a maior mistura de egoísmo e altruísmo que existe. Egoísmo por que queremos acabar com a NOSSA dor, trabalho e sofrimento. Altruísmo por que vamos, de uma vez por todas, parar de dar dor, trabalho e sofrimento para a as outras pessoas. Mas vamos lá.



“A CARTA:

Um Fim


Desculpem.


DESCULPA, PERDÃO



Mas nunca fui muito bom em queda de braço. Está certo, vocês venceram. Eu, na verdade nunca quis realmente lutar. Só ser salvo. Queria apenas encontrar um príncipe que me levaria em seu cavalo para o felizes para sempre. A vida não é assim. Hoje eu sei que o felizes para sempre não existem. É algo que depende de nós. |É uma luta diária. Ou talvez apenas algo inventando para as pessoas conseguirem seguir em frente vivendo. A questão é que não sei lutar. Falta em mim algum componente essencial.

Talvez seja realmente um vagabundo marginal como dizem tanto. Riam bastante agora. Sou um palhaço e no velório do palhaço, esperam-se risos.

Desculpem se não correspondo as expectativas que você tem, tinham ou tiveram para mim. Estou destroçado. Caindo aos pedaços.

Minha suposta “genialidade e talento”, são apenas manifestações dos pedaços de sentimento sem frangalhos restantes, que tenho pela vida e pelas pessoas.

Desconfiança é uma das palavras mais feias que existem para usar com um amigo, mas…”



E essa foi a carta.

Creio que não tive o resto de energia, nem capacidade para terminá-la, pois já tomara todos os remédios.

Havia nela um setor de agradecimentos, mas foi comido pelo Toddy.

P.S.: Apesar de tudo que escrevi, obviamente estou vivo. Feliz ou infelizmente. Mas já que estou aqui, beijos aos que lerem.
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domingo, 11 de setembro de 2016

E Se Eu Dissesse Que Eu Aceito


Música que escrevi em homenagem a todos os babacas ignorantes e pretensiosos que acham que podem julgar e dizer como deve ou não deve ou pensar e agir uma pessoa que tem qualquer tipo de doença crônica, principalmente portadoras de transtornos psiquiátricos.

Para pessoas que pensam que todos tem que ter a mesma reação ao bullying na infância, adolescência e até na vida adulta. Como se todos fossemos iguais, seja na sensibilidade, fragilidade ou qualquer outra característica que vão ditar o que essa violência e abuso psicológico vai causar na vida do jovem perseguido. Quando escrevi a letra, na sexta-feira (09/09/2016), pensava na breve relação apenas virtual que tive com um carinha que na sexta mostrou o idiota e preconceituoso, além de ignorante, que realmente era. Só faltou ele dizer que doença mental e que transtornos psiquiátricos, são frescuras. Querido, Google pra você. Faz uma pesquisa de doença mental, bipolaridade, incapacitação e morte. Tu nem imagina, vai descobrir que existe um percentual enorme de morte por doenças que NÃO EXISTEM! 

Só dou graças a Deus por ter descoberto a tempo tua forma de pensar. Muito fácil dizer as coisas que tu disse, não tendo doença crônica nenhuma. E mesmo que tivesse, tu não teria direito de julgar, já que tu não é eu e não viveu as mesmas coisas que vivi, e o principal,sendo eu. Moral da história, todo mundo é diferente. E em relação a eu estar te julgando, quando te chamo de babaca, ignorante, pretensioso idiota e preconceituoso, é por que, ao me julgar, tu me deu direito de te julgar também.

Mas em relação a letra, também tive, na verdade a maior parte dela, inspiração de alguns relacionamentos abusivos que tive no passado. Graças a Deus agora sou livre . E dedico, agora falando sério, a todas pessoas que já passaram por um relacionamento abusivo e conseguiram se libertar. E esse carinha que conheci, vai em paz, fuma tua maconha, teu cigarro e que Deus te acompanhe. Outra relação abusiva, ou de co-dependência não, obrigado, de nada, beijos aos que lerem (e que ouvirem minha música).




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domingo, 4 de setembro de 2016

A Feira (Cura da Solidão)




Estou me sentindo triste e decepcionado.

Conheci um carinha no BADOO, um aplicativo de relacionamentos, para namoro e pegação. Hoje em dia é mais difícil de encontrar aplicativos só para namoros que tenha algum movimento, não apenas aquelas bolas de poeira do deserto. Pelo menos nos que experimentei. Ou então , mesmo sendo direcionado para namoro, você conhece o cara e a primeira coisa que ele faz é mostrar a foto do pau. Portanto uso esse aplicativo, Badoo, que é diversificado.

Mas daí, esse cara me deu “oi” nesse site de relacionamentos.. A partir daí começamos a conversar e, eu confesso, me empolguei muito mesmo. De verdade e com aquilo que pareciam bons motivos. Ele é um doce. Alto (quase minha altura), Tem a lot de pêlos nos peito (vi pela abertura da camisa dele, é divertido, tendo me feito rir o tempo inteiro desde que o conheci. Quinta feira de noite cheguei a incomodar os vizinhos, pois ri até a hora de dormir. E eu adoro rir, aquele riso genuíno e sem esforço, e isso me deixou muito feliz e ENCANTADO.

Além dele ser bonito e divertido, ele também é artista plástico, com objetivo de cursar artes na universidade federal! Trabalha como gerente numa loja de bebês (own) e, ainda que não o conheça pessoalmente, enxerguei nele (pode estar apenas nos meus olhos e percepção a coisa toda) um sorriso, calor humano, instinto protetor e uma sensação de que estarei em segurança, tudo isso num hard level filho da puta.

Só hoje, sábado, véspera do dia que iamos nos encontrar, após dois dias conversando, íamos combinar a saída. E é claro que imaginei que ficariamos, já que ele também demonstrou com palavras e atitudes, inclusive antes de mim, que também sentia isso, que era recíproco (seria isso aqueles joguinhos babacas que muitos caras fazem?). Ontem a noite cheguei a narrar um “conto erótico” para ele, pelo telefone, para vocês terem idéia. E sabe, talvez seja isso que tenha feito ele mudar a visão de mim, mesmo que injustamente. Digamos que mesmo ele tendo me dito o contrário, ele sente que eu me desvalorizei fazendo o que fiz.

Pois chego a conclusão, depois do que ele me disse hoje, que é tudo um grande mercado, uma Feira.

Não é hipocrisia o fato de eu falar isso, apesar de eu já ter agido conforme esse padrão, pois eu não sinto mais dessa forma e creio que agora enxergo de verdade como é essa coisa de “ficar sem compromisso ou exclusividade”. Sabe? Tu fica comigo, e quando não estamos perto eu fico com outro e cada um fica com quem quiser. 

É como se todos fossem degustadores e degustação ao mesmo tempo. E vão de banca em banca dessa imensa feira humana, degustando, cuspindo o que não lhes agradou, provando pela segunda vez algo que acharam gostosinho (mas não o suficiente para comprar), esperando um dia encontrar aquilo que se quer ter disponível para degustar o resto da vida. Ou até mudar de paladar e preferir procurar algum "produto" mais fresco, novo. 

O que me deixa realmente chateado, é saber que para essa pessoa, que não aceita estar só comigo durante o período que ficaríamos, eu não valho recusar por alguns dias, beijos ou trepadas com outras pessoas.

Algo em mim, sinaliza para ele, que me conhecer, ficar comigo não vale a pena, não vale o sacrificio de abdicar de alguns dias ficando com mais gente.

Mas bom, se eu não valho o sacrifício, fico pensando o que esse texto, principalmente a última parte, e a atitude dele fala sobre ele. O que será que ele vale nesse imenso Mercado de gente em busca (HAHAHAHAAHAHAHHA, faça-me rir) da “CURA” da solidão.

As pessoas reclamam de serem tratadas como apenas mais um pedaço de carne, mas quando encontram alguém que vai na contramão dessa tendência, o que elas fazem? Como elas tratam esse alguém, senão perpetuando o mesmo sistema podre em voga. Triste.

Beijos aos lerem. E quem quiser comenta aí. ^-^
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sexta-feira, 2 de setembro de 2016

Desvanecendo (O Olhar Que Perdi)



Mexendo nos meus cadernos achei esse poema, que escrevi no auge do meu período de drogadição. Dei uma boa polida nele e aí vai:



Desvanecendo (O Olhar Que Perdi)


Meu mundo descontruo lentamente
Pela ambição de vê-lo
Com olhar de criança
Que jamais será meu novamente


Sem dificuldade me desfaço
Das poucas coisas que me esforçando,
Contra tudo consegui,
Conquistar passo a passo


É mais fácil deixá-lo morrer
O mundo doente
Caminho para a luz
Da alma se desvanecer

Sem descanso, sempre a lutar
Olhos secos, olhar sóbrio
Tudo aquilo que não suporto
Que mais quero abandonar
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Postagem 50, 10.000 visualizações e Comentários (É tudo sobre Amor)



Gente, essa é minha postagem Nº 50. 

EEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE!!!!!

E semana passada eu cheguei ao incrível (ao menos para mim) número de 10.000 visitas no BLOG.

Estou encantado, mas, às vezes tenho dúvida se realmente tenho leitores ou se esse apenas é um desses site onde as pessoas caem, vêm do que se trata e dão o fora rapidinho. Digo isso por que uma dúvida me corrói: Por quê ninguém comenta, ué? O último comentário faz séculos. 

Então convido a quem quer que desejar fazer algum comentário, pergunta ou sugestão, que manisfeste-se e faça-o. Prometo não morder ninguém. Mesmo que ás vezes eu xingue alguém nas postagem, costumo ser educado com meus leitores. Ou pelo menos acho que era na época que comentavam ainda aqui no BLOG. Estou sentindo falta de ter essa interação com meus leitores (se vocês realmente existem). Não quer dizer que eu vá responder qualquer pergunta que fizerem. Tenhamos bom senso na hora fazê-las. Mas vou procurar fazer juz a atenção de vocês e responder tudo que me sentir confortável ou apto a fazê-lo.

Abaixo, para comemorar a postagem 50, coloco uma reflexão sobre a coisa que mais importa no mundo: AMOR. 
Escrevi essa reflexão após assistir ao filme Gia - Fama e Destruição. Espero que gostem. Beijos aos que lerem.


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É TUDO SOBRE AMOR


É tudo sobre Amor

É tudo sobre Início e Fim.

Tudo começa com Amor e termina com Amor

E entre o Início e o Fim, existe apenas o Perdão.

Que nada mais é do que Amor

Pois Amar é perdoar.

Amor é Perdão.

Só há um Fim se houver Amor

Só há um Começo se houver Amor

Portanto, é tudo a mesma coisa.

O Início e o Fim.

O Amor e o Perdão

O Começo e o Amor

O Final e o Perdão

O Começo e o Perdão.

O Final e o Amor

É tudo que precisamos saber.

Pois isso é Deus.

Deus é Amor

Amor é Perdão.

E isso é tudo que realmente temos.
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terça-feira, 16 de agosto de 2016

Plano B (Segurança)




Mesmo que as vezes eu pense, diga, escreva que te odeio, ou aja como se isso fosse real, a verdade é que a maior parte de mim, te ama. O que estraga tudo é precisar e depender completamente de ti.

Aquele dia que eu falei que caso tu e a mãe morressem, “eu estaria fudido”, não quis ser e parecer mesquinho. Não estava pensando em herança ou coisa do gênero, muito menos desejando a morte de ninguém. Estava, na realidade, atestando o quão frágil é minha situação nesse mundo. O que me deixa me amedronta terrivelmente.

Em relação a meus sentimentos por ti, o que me deixa furioso é saber que, provavelmente, jamais vou corresponder ás tuas expectativas em relação a mim. E isso é horrível, pois já tenho experiência em não corresponder as expectativas das pessoas. Desde que me entendo por gente, pareço, dentre meus irmãos, primos, colegas de creche ou escolinha ou colégio, ser o que mais se afasta de encaixar-se nos moldes que tu, a mãe, e parece que a maioria dos adultos e o mundo desejavam que nos encaixássemos.

NOVIDADE: Isso não dói só em ti. Dói, talvez mais ainda, em mim.

Então me vejo hoje em dia nessa situação, onde eu sei que as probabilidades de corresponder ao que silenciosamente esperam de mim são quase nulas e as de que tu aceite isso e o fato de que tenho uma doença, atestada por diversos profissionais, que me impede de fazer muita coisa, também.

A raiva, a fúria que sinto, é por todos os motivos acima. É por saber que alguém que eu tanto busquei aprovação, ainda que soubesse não estar fazendo aquilo que esse alguém aprovasse, mesmo depois de todo esse tempo e (supostas) mudanças de ponto de vista, continua a me aprovar apenas parcialmente. Pois não aceita que tenho uma doença e, mesmo ele tendo possibilidade para tal, não me ajuda a pelo menos tentar criar uma rede de proteção para o caso de ele ou a mãe virem a faltar.

Ou seja, não existe um “Plano B”. Para falar a verdade, sequer existe um “Plano A”. Ao mesmo tempo que minha vida é estável, é uma bagunça no quesito segurança.

E que seja o que Deus quiser. Beijos ao que lerem.


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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Duplo (Dor que Corrói)



Pode ser que, as vezes, aquilo que preciso e/ou escolho e/ou peço para adquirir, não pareça essencial. Mas na maioria das vezes é. Em algumas delas ao meu trabalho, mesmo que esse trabalho não pareça verdadeiro e/ou importante e/ou sério e/ou relevante.

Mas ele é tudo isso. Mesmo que eu não tenha, por enquanto, nenhum retorno financeiro, ele é verdadeiro e importante e sério e relevante, para meu bem-estar, meu tratamento, meu coração e minha alma.

Ainda que me bem-estar, meu tratamento, meu coração, e minha alma, às vezes, não pareçam essenciais e/ou verdadeiros e/ou importantes e/ou sérios e/ou relevantes.

Mesmo que achem que sou um vagabundo, um marginal que apenas finge ter uma doença. Mesmo que eu pareça aquela Anjo Rebelde criança que finge estar doente para não ir à escola, entre ele e eu há um mundo de distância. A única coisa em comum, que permanece, é o medo, o horror, o desânimo e a desilusão com a vida. Ou talvez seja com o mundo. Quem sabe com ambos. Só que agora, depois de adulto, com as feridas do tempo, algumas cicatrizadas, outras não, podemos adicionar a revolta e o ódio. Falo desses sentimentos por que também foram semeados na infância. E muitos bem regados, pela intolerância, crueldade, preconceito, maldade e descuido de crianças e adultos que cruzaram meu caminho. As pessoas falam em lutar, como se eu fosse alguém que não fez isso, desde o jardim de infância. Pois lembro-me que desde de então já enfrentava o bullying, a rejeição, a incompreensão e a exclusão, e não só na escola.

É uma sorte eu estar vivo. Muitas crianças, adolescentes, de tanto ser espezinhados, primeiro tentando pedir ajuda, até um adulto lhe explicar o quanto seu comportamento de pedir ajuda é vergonhoso, e então, sem recorrer a mais ninguém, acabam continuando a ser pisados e humilhados até a morte. Até chegar o momento em que acreditam que realmente não valem nada, que são um lixo, que aqueles que os perseguem, são melhores e mais fortes e mais capazes do que eles. Crianças, adolescentes e adultos que escolhem a morte como suposto alívio. Como um jeito de dar um basta em tamanha degradação. Ou, ainda, livrar o mundo da imundície e inutilidade de suas presenças.

Me considero um sobrevivente.

Só que hoje em dia, o sentimento que predomina, é o medo do futuro. Não tenho nenhuma segurança. Quando digo que sou parcialmente incapaz, quero dizer que não sou suficientemente constante e resistente ao estresse, para ter um emprego fixo. Ou uma, profissão da qual DEPENDER. E que passarei fome novamente, enfeitando a situação, como se fosse uma dieta para fins estéticos.

Em vez disso posso tentar, como já quase fiz certa vez , a profissão mais antiga do mundo. Daquela vez não se concretizou. Pode ser que dessa tenha sucesso, por, em desespero, concluir que valho muito menos do que pensei naquela vez.

Provavelmente iria recair nas drogas, moraria nas ruas, sei lá, até morrer como indigente. Mais um cadáver anônimo para encher o necrotério.

Ninguém entende, ninguém traças paralelas para (ninguém quer) entender.

A dor constante que me acompanha, como um duplo, desde que me lembro de mim como ser humano, desde que tenho consciência de mim mesmo.

A dor que agora cria inimigos por todos os lados, até dentro da minha própria família, até na minha casa, solitária e vazia. Essa dor me limita.

Mas ter limitações não é algo tão diferentes das outras pessoas. Todos tem limitações. Algumas superáveis, outras não. Até por que cada indivíduo é um indivíduo. Nem sempre o que um consegue, o outro consegue também. Mesmo que sejam aparentemente iguais. Para cada pessoa existem obstáculos, uns que são transponíveis, para todas, alguns que são transponíveis para apenas alguns. E alguns que não são transponíveis para “aqueles alguns”, mas para os restantes, sim.

Infelizmente minha dor, meu duplo, não me permite ter um emprego/profissão/ofício que me sustente e dê segurança e estabilidade a longo prazo.

Essa dor, esse duplo, sussurra coisas em meus ouvidos. Ideias em meu cérebro, desconfianças em meu senso crítico, até conseguir que todos estejam contra mim e eu não suporte mais. Ela me distrai, confunde, amedronta, corrói, destrói.

Porra, é tão difícil de entender, que fica quase impossível fazer certas coisas, enquanto você é distraído, confundido, amedrontado, destruído e corroído por dentro? E, para aquelas pessoas que pensam ou falam “Mas tu consegue ouvir música, ver TV.”:

Deixem de ser burros. Não façam leitura seletiva. Leiam o texto todo e entenderão. E só para saberem, dependendo da época, da fase, nem ver um filme eu conseguia.

Desculpem o drama. Beijos aos que lerem.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Eu Sei Que Não...



A verdade é que não preciso morar ao lado de irmão, pai ou qualquer outro parente. Isso não vai me salvar. Pelo contrário. Estar próximo de vocês é como ter um câncer dentro de mim, crescendo, com sua escuridão a corroer, conspurcar e deteriorar tudo que sou, quero e posso fazer. Sinto-me impotente, furioso por saber-me observado, controlado, boicotado, nas pequenas coisas e detalhes que poluem e envenenam meu cotidiano através do controle que vocês tentam exercer sobre mim.

Se eu me cortasse, não estaria fazendo aquilo que vocês querem (ou estaria, vai-se lá saber), mas me prejudicaria, pois as marcas poderiam trazer consequências indesejadas para mim. Sobra-me apenas o suicídio, pois eu não iria sofre consequências, pelo menos não da forma que vocês, seus filhos da puta, pudessem ver. Eu apena cessaria de existir, ou existiria em outro lugar onde talvez o câncer fosse pior, mas não seria tão podre e sórdido quanto o câncer que é fazer parte dessa família.

Mas o Rivotril não deixa.

Agora já estou Rivotrilizado, e só o que resta é o aspecto intelectual da coisa toda. O ódio cristalizado em IDÉIA. A observação, controle e boicote, como TEORIA.

Alguém mais cético diria: DE CONSPIRAÇÃO.

MAS EU SEI QUE NÃO…
Eu sei que não...
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quarta-feira, 13 de julho de 2016

It’s All About Love



“É sobre amor” - disse Alice, no final do filme “PARA SEMPRE ALICE”.

E eu decidi lutar. Mesmo que para outras pessoas e às vezes até para mim mesmo pareça uma derrota. Vou fazer mais “ECTs”, se a minha psiquiatra achar indicado. Tem muitas coisas que tenho meio que “esquecido” de mencionar para ela referente às “minhas paranóias” e ao sofrimento que estão me causando. A omissão foi por medo da prescrição de mais ECTs (a dra já havia me sugerido que faria bem) ou até de internação. Medo dos esquecimentos, perda de memória recente e acima de tudo da aura de derrota que o ECT carrega. Do estigma.

Hoje fui na minha psicóloga, pensando em falar para ela o quanto estava bem, por uma série de sinais e fatores que mencionaria para ela. Acabou que eu falei sobre o sofrimento que a paranóia me causa e na possibilidade de fazer ECTs novamente. Tentei contrapor com o fato de que mal me lembrava da época que fiz o ECT, o medo de me tornar um robozinho sem alma, de perder minha essência, de sacrificar aquilo que me torna EU.

Mas então, agora assisti “PARA SEMPRE ALICE”. Na verdade o nome do filme é “STILL ALICE”, algo como “AINDA ALICE”, pois a acompanha a história de uma mulher, relativamente jovem, e brilhantemente interpretada pela talentosíssima atriz (AMO-AMO-AMO) Julianne Moore, que descobre sofrer de um tipo raro e precoce de Alzheimer. O filme mostra todo o desenvolvimento da doença, mas que , no fim das contas, ninguém pode tirar dela ou apagar tudo que ela foi, fez e viveu. Mesmo que ela não lembre. Ainda que no período mais sombrio da doença não pareça, ela ainda é a Alice, a mesma que foi renomada professora de linguística com competência e brilhantismo.

Em certo momento do filme, um dos mais lindos e importantes, na minha opinião, Alice diz que às vezes as pessoas não nos levam a sério, por nosso comportamento estranho ou fala confusa. Na percepção dos outros, e algumas vezes na nossa também, nos tornamos ridículos, incapazes, cômicos. Mas ISSO, NÃO é quem nós SOMOS. Isso é a doença. Alice completa dizendo que apesar de tudo isso, não pensem que ela está SOFRENDO. Ela está, é LUTANDO. Ela fala também sobre perda. Perder coisas. Diz que estamos sempre perdendo algo. Assim como ela perde as memórias. Nada de tão diferente. Ainda que no final do filme, seja dito que nada se perde. Não realmente.

Assistindo ao filme me identifiquei com algumas coisas:

  • Com a impotência diante do avanço inexorável, que pode ser retardado, mas não detido, da doença. Afinal, ambas são doenças crônicas, podem ser tratadas, mas não curadas. A dela, o Alzheimer, a minha, o transtorno esquizoafetivo;


  • Com a percepção de que nos acham ridículos ou incapazes ou cômicos; 
  • Até com as perdas de memória. Eu as tenho, quando não por conta do ECT, por causa da quantidade de remédios que tomo, incluindo vez ou outra, o maior causador de esquecimentos, Rivotril; 
  • Me identifiquei MUITO também com a família amorosa, procurando dar suporte a ela. Apesar de, nas horas de paranóias eu me voltar contra eles ou vê-los como vilões, conspiradores ou sei lá o quê, tem um outro lado meu, talvez o são, que vê todo o apoio, suporte força e compreensão que eles me oferecem. Meu pai inclusive. Claro que nesse exato instante que escrevo isso, minha doença diz que é isso que ELES querem que eu pense. E fica o conflito; 
  • Conflito. Isso também é algo que me identifiquei. Ela luta contra a doença, se render-se. Assim como eu, seja tomando os medicamentos, seja indo nas consultas ou tendo feito ECT ano passado. 

E agora, vou partir para a luta de novo. Pode ser que na cabeça de gente ignorante, EU inclusive, isso pareça uma desistência de lutar contra a doença e rendição ao caminho mais fácil.

Mas o ECT não é fácil. É assustador. Causa amnésia. É extremamente estigmatizado. Mas funciona. Profissionais competentes e minha própria experiência mostram isso. E nenhuma doença filha da puta vai ditar minha opinião para que eu continue sofrendo. Pois agora, como disse Alice, não estou sofrendo. Estou lutando.

E como é dito no final do filme, “é sobre amor”. Tenho pessoas que me amam. Pais, irmãos e irmã, sobrinhos, afilhados, amigos. Meus filhotes caninos e felinos. Tenho todos os motivos para lutar.

Posso nunca derrotar a doença, mas terei vencido. Pois seguir lutando, é uma VITÓRIA.
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sexta-feira, 27 de maio de 2016

Mutilações (Derrotas Vitoriosas)



Anteontem me cortei de novo. Junto com a sensação de derrota, sinto-me vitorioso. Não quebrei nenhum objeto que me é caro, não cortei meus quadros com estilete como sinto vontade nessas horas, não briguei, não matei, agredi, seja física ou verbalmente, ninguém. 

Assim como se, caso eu me suicidasse, creio que no momento que estivesse no limiar, sentiria, além da óbvia derrota minha para o mundo, que venci, pois de qualquer forma, quaisquer que fossem as novas dificuldades que encontraria no outro lado (se houver outro lado), não seriam dificuldades arquitetadas por ELES. Eu estaria fora do alcance DELES e de suas conspirações. DELES e de seu controle. DELES e de sua falsidade e frieza calculista. Eu estaria além da incompreensão DELES. Da ignorância seletiva da qual ELE às vezes parece se orgulhar.

E isso tudo é para TI e para todos que te ajudam no teu plano absurdo, pelo fato de dependerem de TI (assim como eu), mesmo que não concordem com tua visão distorcida da minha doença e da realidade da qual ela faz parte. Por esse motivo visto o mesmo figurino que tu nessa encenação da qual fazemos parte em nossa família. Visto a falsidade e a frieza, mesmo que não consiga ser tão calculista quanto seria o necessário para não me machucar.

Então me corto e deixo claro: É para ti que faço isso. Para TE sinalizar. Para TU saber que caso um dia eu morra por minhas próprias mãos, houve 3 culpados. Minha doença, eu mesmo e por último, mas não menos importante TU. É muito difícil para mim, dizer que TE amo. Mas eu amo. Porém, por tudo que TU já fez até hoje na minha vida, nesse “tudo” que em muitos momentos foram tipos de mutilações, TE odeio com a mesma intensidade. TU disse que eu devia procurar temas mais iluminados para meus trabalhos de pintura, mas a verdade é que para cada mutilação que houve desde que me entendo por gente, houve também sangramentos, hemorragias internas em mim. Sangue que nunca saiu. Sangue que secou e transformou-se em sombras que habitam o âmago de meu ser. Quando sangro, meu sangue é negro. Como a tinta que eu costumo usar em minhas obras.

Me cortei, mas superficialmente. Nada preocupante. Meus únicos medos (desejos?) é de morrer de tétano, ou de cortar fundo demais, ou no lugar “errado”. Mas há certos medos que consigo superar, esse é um deles. Viu, apesar de tudo, TU também me inspira vencer meus medos, viu, amado, PAI?
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sábado, 7 de maio de 2016

Dieta (Caminho Fácil)



Sabem, para mim que estou em processo de emagrecimento, existem variás reflexões que faço silenciosamente em minha cabeça. Uma delas, é que as pessoas adoram dizer, pelo fato de você ter escolhido para emagrecer um “método diferente” daquilo que costuma se apregoar por aí como “método correto”, que você escolheu o caminho mais fácil. O pior é que às vezes os próprios seguidores e incentivadores, “criadores” ou “descobridores” do método alternativo, talvez para fins publicitários, dizem que é fácil.

Mas não é. Se fosse, estaríamos todos magros e jamais ninguém voltaria a engordar. A verdade é que nada que vale a pena é fácil. Não estou dizendo que não tenha suas compensações, nem que não existem (ás vezes mais em um método que em outro) momentos em que é prazeroso. Mas ser prazeroso e recompensador não quer dizer que seja fácil. 

A dificuldade existe e é bem real ali no nosso dia a dia. Seja lá qual Dieta, Reeducação, Plano Alimentar ou Abordagem Nutricional for.Todas exigem mudanças, não só da forma de nos alimentarmos, mas comportamentais. Caso contrário, já estaríamos magros e não teríamos de seguir nenhuma das opções que listei. 

Todas exigem empenho, força, coragem e muita disciplina. Também temos que abdicar de muitas coisas. Cada uma sabe do que precisou abrir mão . Mas não conheço ninguém que tenha mudado a alimentação e emagrecido sem abdicar de algo. Ou seja, fácil não é. Todas são difíceis e, o quão difícil é para cada pessoa, depende de QUEM é a pessoa e QUAL é o método. Pois outra coisa que descobri é justamente que não existe um método correto para todo mundo. Alimentação é MUITO subjetiva. Mudanças na alimentação então, MUITO MAIS ainda.

Então, penso que a pessoa não devia condenar alguém por tentar um método que ela tentou sem sucesso ou que é diferente daquele que funcionou para ela. Nem dizer que esse alguém escolheu o caminho mais fácil. Cada um sabe de seu esforço, suas lutas e do grau de dificuldade delas. Também sabe das suas recompensas, claro. E ninguém é igual a ninguém. 

Outro julgamento que fazem, é que ser gordo é fácil, é ser acomodado e preguiçoso por aí vai. Mas só quem é gordo sabe como é difícil, sofrido e doloroso, ser gordo. Como tudo na vida tem suas compensações, mas também existe um lado extremamente sombrio e triste na vida mesmo do mais alegre dos gordinhos. 

E é isso. Não existe fórmula mágica para emagrecer sem dificuldade ou esforço. Existe é descobrir o método que mais se adequa a cada um, suas necessidades, gostos, estilo de vida e todas as demais características que formam sua vida, para que seus esforços e luta sejam compensadores. 



Beijos aos que lerem.
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segunda-feira, 25 de abril de 2016

Cura (Um Dia)



Hoje sonhei contigo. É, contigo mesmo. No sonho , que já não lembro bem, nós estávamos voltando de uma viagem ou algo do gênero. De trem. Tu parecia estar feliz (creio que pela viagem de trem) e eu também estava, pelo simples fato de estar contigo. Quando chegamos, tu me levou para tua casa e enquanto estava lá chegou alguém que eu não conhecia. Tu tentou fazer eu me esconder, mas eu me recusei. Por fim, eu e o cara nos defrontamos. Ele falou diversas coisas irônicas para mim, me mandou embora, dizendo, pela minha leve lembrança, que ele que tinha sido escolhido no fim das contas, ele era o oficial e eu disse outras coisas para ele, que pelo jeito alguma coisa faltava nele, ou nela (pois no fim da conversa ele era uma figura feminina *sonho*), senão tu não precisaria me procurar, nem nada em mim. Por fim perguntei o que ele era de verdade: homem, mulher, travesti? Ele se ofendeu e eu me senti bem, pois parecia ter tocado num ponto frágil. 

Pouco depois acordei. Mal. Triste. Melancólico. Sentindo-me usado, trocado, abandonado, descartável. Sentindo saudades de ti, da forma como tu me chamava de kiança, ria das minhas brincadeiras e dizia “kiança muito engraçada”, as viagens que fizemos para o meio do mato e aquela vez que nos amamos no açude.

Agora parei e pensei: do que, além dessas coisas que mencionei,eu sinto saudades? Do sexo. Não por que fosse booommm, mas por que tinha alto teor fetichista. Pois no resto, me desculpe, tu era péssimo e desajeitado. E do que mais? Não consigo me lembrar.

Sim, acordei mal, passei boa parte da manhã irritado, mas não estou mais. Pois, como cada vez percebo mais, exceto na hora que estou dormindo, é tudo uma idealização que me faz te querer ainda. Não lembranças reais, nem uma química extraordinária. Mas uma idealização, muito longe da realidade. Existiram, sim momentos bons, mas na verdade esses não foram maioria. Foram apenas um curto e pequeno sonho em meio a uma tempestuosa noite de pesadelos.

É incrível como apesar de eu saber isso tudo, eu tenho uma reação tão forte quando te vejo pessoalmente, como vi no sonho. De acordar com uma tamanha mistura de emoções fortes. Tamanho afeto, paixão, carinho, ?amor?, tesão, tristeza, saudades e, as que predominam, rejeição e melancolia.

Espero, um dia, me curar disso tudo. Espero, um dia, me curar da relação que tivemos. Espero, um dia, me curar desse lado meu que enfeita as coisas para tentar me fazer cometer os mesmos erros. Espero, um dia, me curar de ti.

Por enquanto, beijos ao que lerem.
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Quase Tragicômico (Compreensão)




É triste e engraçado. Quase tragicômico. A gatinha branca, sem nenhum motivo aparente, começa a miar, e miar e miar, a correr pela casa e, de repente, pára próximo à porta da área e me olha com olhar questionador (Cadê ela? Ela costumava estar sempre aqui!), num apelo que de mudo não tem nada (Traz ela de volta!), e, por fim, de censura (Tu colocou ela na “casinha do sumiço”, levou embora e ela nunca mais voltou!). 

Depois corre de novo, desta vez para a frente do meu roupeiro, e mia, um miado desesperado, e novamente me olha, com olhar de censura, de apelo, de esperança, como se eu estivesse mantendo a Sarah no roupeiro por quase duas semanas. Roupeiro que a Sarah costumava abrir e entrar, e que eu, distraído, fechava por achar que tinha esquecido de fazê-lo. E roupeiro ao qual a Lana parava em frente, miando, até que eu fosse lá e tirasse de lá a sua maninha, que dormia tranquilamente aconchegada em minhas roupas. Só que agora, eu abro o roupeiro e a Lana olha para dentro e não encontra sua irmã. E o desespero, a saudade, tristeza, a falta e a recriminação a mim, que levei a Sarah embora, dominam ainda mais seus miados até que ela cansa e sofre em silêncio, tentando aceitar que agora, ao menos por enquanto, o único carinho que terá será o meu e dos meus pais, irmãos e sobrinhos.

Mas não adianta, pois ela é apenas uma gatinha, e mesmo eu tendo explicado tudo para ela, ela não entende. Não está no nível de compreensão. Pelo menos agora. Pelo menos enquanto ela chora. Pelo menos enquanto durar seu luto. Como nós, ela não quer deixar a Sarah partir. Ela não pode aceitar. Sente a ausência dela, mas, assim como acontece conosco, ela não entende e nem quer entender. Por que ela a amava de todo coração. O tipo de amor mais puro que pode existir. O amor inocente, de um inocente por outro inocente. De irmãs.

Por fim, ela desiste. Ela não pode trazer a mana de volta. Talvez isso ela já entenda. E vai, pára próximo à porta da área novamente, e se abraça ao paninho onde Sarah dormia, que ainda tem o cheiro dela. E brinca com o pano como se estivesse brincando com a irmã, mordendo e patinhando com as patas de trás...

Como eu disse, em alguns momentos é cômico, mas no geral é triste. Triste e enternecedor e doloroso para os envolvidos. Mas tenho que aguentar, dando a ela o maior suporte, carinho e amor possível. Aquele tipo de amor que Cura. Assim como elas, com seu amor, me curaram um dia.

Beijos aos que lerem.
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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Como Estou? (Saudades, Preocupação, Medo e Raiva)



Como estou?



Com medo de que Lana, minha gata que sobreviveu (ao que eu ainda não sei), morra da mesma forma misteriosa que a Sarah. Ela está comendo pouco e desde segunda-feira ela não “vai ao banheiro fazer o número 2”. Por isso, primeiramente dei para ela uma whiskas sachê, para testar se ela ia comer, e ela comeu pelo menos um pouco. 

Também está dorminhoca e miando em horas super estranhas, tipo 5 ou 6 horas da manhã. Quem costumava fazer isso às vezes era a Sarah. Talvez esse fosse o horário que elas brincavam juntas... Talvez ela esteja lamentando, pranteando a irmã, apenas prestando uma justa homenagem as sua companheira de brincadeiras e carinhos que partiu. 

Ela anda bastante carente, a gente mal a olha e ela já rola e fica com barriga para cima esperando receber carinho. Um dengo só. 

Bom, resolvi ligar para a veterinária. Primeiro fiquei sabendo que os testes de sangue que ela fez para algumas doenças felinas, deram todos negativos, graças a Deus. Depois disse para ela tudo que mencionei acima e ela mandou eu continuar dando as whiskas sachê, misturadinhas com comida sólida e observar. Se o quadro não mudasse até sábado, dever ia levar a Laura lá.

Ela disse que esse quadro é comum quando um bichinho sofre uma perda grande. E foi UMA ENORME PERDA. Mesmo que a Sarah fosse toda pequena e delgada. Ela foi melhor amiga da Lana desde quando, com cerca de quinze dias, foi resgatada da rua e levada para doação. Lá, na Pet onde minha mãe encontrou, Sarah conheceu sua futura irmã, elas foram parar na mesma gaiolinha e nunca mais desgrudaram. Quer dizer, até agora. Até, do sem nenhum sinal prévio ou preparo, a Sarah partir, sem dar Adeus nem nada. Para a Laura, ela literalmente apenas sumiu. Ela, apenas uma gatinha, como fazê-la ENTENDER uma perda como essa? Como, se nem eu mesmo entendo?

Estou com raiva reprimida também, pois toda vez que vou na casa dos meus pais, a Clarisse, que trabalha lá para eles, a mesma que um dia me disse que percebera que ninguém lá em casa tem “VOZ DE COMANDO”, usando as palavras da própria, faz algo para me afrontar. Veja bem, ela sabe que tenho a doença que tenho, sabe como funciona na minha cabeça, as supostas paranoias, que eu sou mais desconfiado que a maioria das pessoas. Mesmo assim, por uma estranha coincidência, toda vez que vou lá para almoçar, falta algo para mim na mesa. Veja bem, é sempre no meu lugar, pois ela sabe o lugar onde sempre sento. Ou é um prato, ou os talheres, ou o copo. Café ela sempre passa depois do almoço, ou no meio da manhã. A não ser que eu esteja lá e meu pai não. Daí ela não passa. Ou passa quando estou quase ou indo embora. Gente, eu sei passar café. Não sou aleijado nem nada, mas é só comigo que ela NÃO é GENTIL E PRESTATIVA. Para as outras pessoas ela oferece café, coloca a louça corretamente na mesa.

Bom essa semana, segunda-feira, fui na casa deles e ela não colocou NADA de louças para mim na mesa. E ainda minha mãe mandou eu ir buscar. Eu fui, mas quando voltava pela cozinha em direção mesa da sala, acabei quebrando o prato. Não posso dizer que fiquei triste com isso, por que não fiquei. Quer dizer, até posso, ironicamente, é claro. “OOHHH, estou arrasado com esse prato que quebrou e espalhou cacos por toda cozinha.” Como a culpa era toda dessa vaca vadia, Clarisse, e ela não se prontificou a limpar, resolvi que tava na hora de ir embora. E fui. Melhor coisa que fiz. O resto do meu dia foi maravilhoso. Resolvi que vou evitar ao máximo ir na casa deles quando ela estiver. Se Deus quiser, ENQUANTO ela estiver. Pois creio que, em algum momento, ela vai escorregar e a máscara vai cair e partir-se em pedacinhos. E meus pais vão se arrepender de um dia tê-la contratado. Sei que é horrível pensar assim, mas é o único pensamento que me sobra e acalenta. E sei que estou certo. Ela também é hiper manipuladora. Isso é mais do que uma certeza, eu já vi como ela joga um pouco desse lado, outro pouco daquele. Como se diz, ela vai de acordo com o vento. Na minha tia, onde ela trabalha também, ela fala de nós, conosco, ela fala da minha tia, e por aí vai indo. 

Mas vamos largar a Clarisse agora. O tempo que se encarregue dela.

Como eu estou? 

Acho que estou bem, principalmente agora que coloquei por escrito meus sentimentos. Tenho lido horrores, e a leitura é uma coisa que queria muito voltar a conseguir fazer, APRECIANDO, devorando os livros como antigamente. Ainda não estou nesse estágio de devorar, mas estou a caminho e a parte do APRECIANDO, já conquistei. O livro que estou lendo, atualmente, é Lasher, da séries das Bruxas Mayfair, da Anne Rice. Ou, como também é conhecida, Tia Arroz. 

Também estou conseguindo voltar a assistir filmes sem sofrer de ansiedade crônica para que acabe.

Comecei a tomar café descafeinado, o que acho que influenciou positivamente nos dois itens anteriores. E estou achando ele até bem gostoso. Se não soubesse, não diria q ele não tem cafeína. 
Também voltei a pintar. Quer dizer, estou fazendo um curso de pintura, uma vez por semana, mas mesmo assim, em casa, não andava pintando. E esse fim de semana, voltei a produzir, graça a Deus.

Para terminar, então, o balanço, tenho sim, saudades, preocupação, medo e raiva, mas no fim das contas estou feliz. Estou progredindo. Conte suas bênçãos, dizem os sábios. E é isso que procuro fazer atualmente. As vezes não consigo, mas muitas vezes consigo. E assim é a VIDA. 


Ouvi esses dias, apesar de não ser religioso, um dicurso do Papa Francisco, que achei genial. Vou pegar um trechinho emprestado:
“Mas, padre, eu sou fraco, eu caio, caio”. “Mas se cai, levanta-te! Levanta-te!”. Quando uma criança cai, o que faz? Estende a mão à mãe, ao pai, para que a faça levantar."




Peço ao Grande Pai e a Grande Mãe, que sempre me deem, quando eu cair, forças para me erguer novamente, e que, se eu não tiver forças, eles ouçam meu chamado e estendam a mão para me levantar. Amém

Bom, por hoje fico por aqui.

Beijos aos que lerem.

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sábado, 9 de abril de 2016

Então, Quando Tudo Parece Bem...



Quarta-feira, ao acordar, encontrei metade de uma barata no banheiro. Obviamente foi minha caçadora, a Sarah, que a caçou e deixou lá o troféu, já que normalmente sou eu que junto com um papel e coloco no lixo do banheiro. Quando andei pela casa descobri que em vários pontos havia uma espécie de vômito cremoso esbranquiçado.EU já sabia que era da Sarah, ou por que imaginava ter algo a ver com as baratas que ela costumava caçar, ou por intuição, sei lá.

Quando coloquei comida ela não veio correndo como de costume. E me pareceu um pouco prostrada, sonolenta demais e enjoada. Resolvi que ia observar. Ela vomitou mais uma vez. Resolvi que se ela vomitasse novamente, eu iria levá-la à veterinária. Ela não vomitou. Decidi esperar para ver se teria febre ou se melhoraria do abatimento. Quinta-feira ela me pareceu melhor, e como eu tinha compromisso de manhã e de tarde, não tinha como levá-la ao veterinário. Ao voltar para casa, quase à noite, me pareceu ,mais fraquinha ainda do que quarta-feira.

Ontem de manhã cedo a levei ao veterinário. Ela ficou lá e eu tive que ir para a aula de pintura à tarde. Liguei no fim da tarde para ver como estava, e novamente hoje de manhã. Quando a deixei na lá, não me despedi. Indo embora, a meia quadra já da PETSHOP, percebi isso e pensei, realmente, em voltar para dar um beijo nela e um olhar para ela, mesmo pensando que a veria no dia seguinte.Mas desisti, pois estava COM MEDO DE ME ATRASAR. É Incrível como a intuição às vezes funciona que é uma maravilha e a gente nem dá bola para ela.




Recebi a noticia hoje, pela minha mãe que veio pessoalmente me informar. Fui na veterinária, vi o corpo, chorei. Toquei, beijei. Mas como das outras vezes, eu sabia que não era ela que estava ali. Era apenas e somente uma linda carcaça. Apenas a roupinha que ela usou aqui na terra. A Sarah verdadeira, tá no céu, onde tem árvores de Whiskas sachê, e grande campinas, com grama e mato para ela comer e arbustos dos quais brotam bolinhas de papel. Onde gente como meu avô e meu amigo, ambos falecidos,vão arrancar essa essas bolinhas e jogar para que ela busque. E onde, ela finalmente, vai conseguir pegar o próprio rabo.

Quanto ao que levou a esse óbito,não tem muita explicação. Ela estava com anemia e um pouco desidratada. Também emagrecendo, isso eu já tinha percebido, mas achei que fosse coisa da mudança, da adaptação ao fato de eu vir morar sozinho, tendo trazido minhas filhas felinas junto. Talvez, eu pensava, apenas ela estivesse se adaptando aos poucos, e por isso sentindo menos fome. E olha que eu via ela comer. Eu via ela beber água. Mas aparentemente, não o suficiente. Não sei. A veterinária ficou tão chocada quanto eu. Vão fazer uma necropsia para tentar descobrir o que aconteceu.

A Sarah sempre foi meio frágil, ao mesmo tempo em que era arredia. Pelo menos a que pegássemos ela no colo. Carinho era só quando ELA queria.Que colo, que nada, ela gostava mesmo era do quentinho da parte de cima do subwoofer do meu “Home Teather”.

Estou muito triste e sei que, no dia a dia, essa tristeza vai se agravar por conta das inúmeras lembranças de coisas cotidianas que remetem a ela.

Nós adotamos em uma pet shop, com um mês de vida. E sabe onde ela morou os quinze dias desse primeiro mês de sua vida? Na rua. Como se diz, na sarjeta. A abandonaram Bebê ainda na rua para morrer. Bom, falharam. Ela sobreviveu. Não sem seus traumas, mas sobreviveu. Acabou sendo uma gata meio espiada, que se assustava com qualquer barulho ou movimento brusco. Não pagava imposto para sair correndo, “fugida” e se esconder.

Mas também fico feliz, pois graças a meu pai e minha mãe, e um pouco a mim também, ela teve o resto de sua curta vida cheia de amor, carinho, atenção, comida da melhor qualidade (às vezes até rolando uma Whiskas Sachê), corridas e brincadeiras com sua maninha, Lana, e principalmente brincadeiras com bolinhas de papel (era um sarro, a gente mal amassava um papel e ela já achava que era para buscar bolinha). Ou seja, depois daqueles quinze e horríveis primeiros dias de sua vida, ela foi feliz na maioria do tempo restante.

Espero que esteja ainda mais feliz lá em cima. E que no futuro eu a encontre e possa pegá-la no colo e acariciá-la, sem que ela estremeça como se alguém, do seu triste inicio de vida, fosse machucá-la.



SARAH, TE AMO.



Beijos aos que lerem.


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terça-feira, 5 de abril de 2016

AVISO sobre Novas Postagens Antigas



Para não estranharem o surgimento de postagens de 2015, aviso que é por que, já que retornei a meu lar, o blog Luz & Sombras, incorporei a eles as postagens do meu outro blog, que criei ano passado. Todas postagens de 2015, exceto uma única postagem do dia 05/09/2015, que coloquei aqui para divulgar o REFLEXÕES DE UMA MENTE DESNORTEADA, foram retiradas do referido blog.

Decidi, na época criar um novo blog pelo fato de que parecia MUITO mais divertido do que tentar fazer o que acabei, por fim, fazendo aqui. Explicar tudo, ou, ao menos um pouco, do que ocorreu na minha vida desde o momento em que decidi namorar meu amigo, largar de vez meu ex, e erroneamente (ou não) abandonar o blog. Mas o que importa é que agora estou de volta (por quanto tempo não me pergunte :P) e adorando ressuscitar este blog que traduz muito daquilo que sou e sinto ou um dia fui e senti.

Enfim, espero que curtam as postagens que incorporei,e por hoje fico por aqui.
Beijos aos que lerem.
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Eu quero partir (Vazio)



“Eu quero partir, pois nada tem significado. Independente de eu ir ou não. O Vazio vai estar ali e me seguir para onde eu for nesse mundo. ELE é eterno, eu não. Tem que haver um alívio.
Mas não há. O mundo se repete todo dia, com pequenas variações, para dizer que foi ontem, hoje ou amanhã. Mas é sempre igual.
E sem sentido. E na superfície. Mentira. Plástico. Artificial. Nada do que eu faça pode mudar aquela sensação: a dor, o sofrimento, a miséria e a solidão de saber que ninguém lhe entende.
Preencho meus dias superficiais (de mentira), com atividades superficiais (de mentira), quando na verdade meu maior medo e meu maior desejo são pela única coisa que é imutável e inevitável nessa vida.
Tudo se resume a isso: A morte. E como vai agir em relação a ela.
Eu a temo, mas também a cultuo, pois pode estar nela o alívio eterno da não existência.  Do nada. Não há Vazio, onde não há nada. Ou melhor, há. Mas ninguém para senti-lo.

Vontade de me machucar.”

17/03/2016




Escrevi isso num dia que acordei chorando e com um sentimento enorme de desesperança. Chorei por cerca de 2 horas e o sol nem havia nascido ainda. Mas depois ele nasceu. Assim como minha esperança renasceu em meu peito dolorido.

O Vazio existe, mas quanto mais atenção nós damos a ele, maior ele se torna. Mas também não podemos ignorá-lo, pois isso também lhe dá força. Sentimentos ignorados e reprimidos, costumam ficar muito zangados.

Estou procurando aprender a lidar com eles. E tentando mostrar educadamente para o Sr. Vazio, para A Sra. Desesperança, para a Madame Depressão e a Srta. Paranóia, que eles realmente estão certos, em alguns aspectos, mas também que estão muito, mas MUITO LONGE, de serem os DONOS DA VERDADE.

Nesse dia minha forma de lidar foi:

Senti vontade de chorar, chorei.

Senti vontade de me machucar, ESCREVI. Sobre os sentimentos que me afligiam. E eles tiveram seu momento de diálogo, de atenção e até carinho e ficaram mansinhos de novo colocando-se no seu devido lugar.

E passou. Eu melhorei e estou aqui para escrever.

Beijos aos que lerem.
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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Cegueira



A escuridão a brotar
A liberdade a morrer
A doce esperança
De não ter nada a temer.

A esperança falsária
Promete mundos e fundos
Mentiras que nos tornam
Amargos e imundos

Enquanto morre definhando
A tão valiosa liberdade
Viramos todos zumbis
Caminhando sem vontade

Morte em vida, é o que dizem
Daqueles que seguem reto
Cavalos com viseira
Mesmo já sendo cegos

Se acalma, dizem eles
Não tem nada a temer
“São tudo” moinhos de vento
Não precisa se esconder.

Minha resposta é direta
Só eu sei o que é sofrer
Apenas por enxergar
O que os outros não conseguem ver.
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domingo, 3 de abril de 2016

Príncipe Encantado?



Eu, quando era pequeno, e depois adolescente, nas horas em que não estava pensando em morrer, tinha a fantasia de que um dia ia encontrar um príncipe encantado que me resgataria do meu sofrimento e me levaria para seu reino, onde seríamos felizes para sempre. Ele seria mais alto que eu, rico, corpulento (nem musculoso, nem gordo), e teria olhos e cabelos claros. Sei que meu gosto era meio preconceituoso, mas infelizmente eu era influenciado pelo padrão estético vigente na época, da sociedade em que vivia. Hoje sou muito mais eclético nas minhas fantasias e no meu gosto para homens também.

Até conhecer o meu amigo, que depois virou namorado, havia parado de fantasiar com um príncipe. Principalmente depois da experiência que tive com meu ex.

Para namorar meu amigo, abdiquei do fantasma do meu ex. Quando tomei a decisão, não sabia se conseguiria manter a promessa de apagar os rastros, as lembranças boas, pois é bom guardar as ruins para uso futuro, e principalmente, a parte doentia do relacionamento, a co-dependência. Porém consegui, hoje ele é passado. Ou talvez não exatamente, mas pelo menos virou apenas um conhecido. Mesmo que às vezes meu coração sangre, só um pouquinho, seja pela idéia de que talvez nós tenhamos uma missão na vida um do outro ainda, ou seja, por isso ser apenas uma seqüela de uma relação obsessiva e co-dependente.

Acabei tendo contato com ele, por tê-lo visto num aplicativo de conhecer gente, o Badoo. EU dei like para o perfil dele, no jogo de encontros, só para ver o que acontecia (SHAME ON ME) e me deu like também. Eu pensei: “Ele pode ter mudado, pode ter amadurecido, assim como ocorreram um monte de acontecimentos transformadores em minha vida, pode ter ocorrido na dele também. Bastaram 4 ou 5 conversas para concluir que isso não ocorrera. Entretanto eu estava falando de príncipes, logo, isso exclui meu ex do assunto. Ele nunca foi um príncipe exceto na minha cabecinha perturbada. Digo isso, pois, me curei do mal de idealizar a relação que tivemos, que nunca foi da forma que eu preferia lembrar. Isso ficou ainda mais claro depois que a relação com meu amigo ficou realmente séria.
Foi aí, que comecei a acreditar novamente que príncipes existiam. Mesmo que fossem príncipes improváveis, como meu amigo. Falo amigo, pois mesmo depois de inúmeros acontecimentos, e independente de qualquer outro posto que ele tenha ocupado em minha vida, a amizade sempre perdurou. Ele nunca deixou de ser meu amigo.

Nós namoramos, brigamos, tivemos uma separação de 1 mês, voltamos a namorar e, além de me ensinar muita coisa, ele me deu muito suporte, antes, durante e depois das cirurgias.
Ele foi, dentre todos os namorados que já tive, o que mais se aproximou da figura do príncipe encantado idealizada na infância. Talvez não fisicamente, mas na forma como lidava comigo, interagia, cuidava. Até mimava. Ele era uma das pessoas mais generosas, que conheço, adorava dar presentes. Realizou um sonho meu que eu jamais imaginei que realmente se realizaria. Eu sempre adorei bichinhos de pelúcia e quando era criança e via aqueles ursos gigantes, alguns maiores do que eu, eu primeiro sonhei em ganhar dos meus pais. Quando fui crescendo, o sonho modificou-se. Achava que o gesto mais romântico que um namorado poderia fazer, seria me presentear com um bicho de pelúcia gigante.

Então fiquei adulto. Vi que esse sonho não iria se realizar. Ledo engano. Meu amigo, meu príncipe improvável, me presenteou não com um, mas dois ursos gigantes, em anos consecutivos, de dia dos namorados. Ambos gigantes, o segundo ainda maior que o primeiro. Pode parecer besteira, ridículo, mas para mim, foi a realização de um sonho. Fora todos outros animais de pelúcia de tamanho normal, um mais fofo que o outro, que ele me deu ao longo do namoro.

Mas isso não é O mais importante. O mais importante é que ele de todos os namorados que tive, acho que ele foi o que mais me amou. E ele não apenas me amava, ele ME DAVA esse AMOR. Amor altruísta, amor REAL. E olha que ele me viu no pior dos buracos. E agüentou coisas, não sei nem quero saber como, que eu não sei se agüentaria. A bolsa de colostomia. E não só ela, mas depois das cirurgias todas, quando virei um “ser assexuado”. Eu me sentia virgem de novo. Na verdade eu me sentia uma criança. Uma criança grande e muito feia, insatisfeita com seu novo corpo. Somente agora estou me redescobrindo, mas faz mais de 2 anos e meio que não sei o que é ter vida sexual. O Príncipe Improvável e eu ainda tentamos, mas não estava nem um pouco preparado, ou sentindo-me minimamente sensual ou sexual com meu corpo. Eu me sentia mal, desconfortável. Não com ele, comigo mesmo. Ele me respeitou, me compreendeu e disse que teria paciência.

O que aconteceu foi que no meio de 2013 eu terminei com ele. Estava ainda muito deprimido, e sentia que precisava libertá-lo, pois me sentia desesperançado de um dia voltar a ter uma relação que ultrapassasse o nível emocional, e englobasse o aspecto físico. E mesmo que ele não me pressionasse, existia uma pressão. Pelo simples fato de sermos namorados. Então, terminamos.

Continuamos amigos. Ele ainda vinha me visitar toda semana, conversávamos e até comecei a me sentir diferente, às vezes sentia desejo por ele, mesmo que nós não fizéssemos nada a respeito. Ficamos assim até março de 2014, quando tudo mudou.

No meio de março ele foi à emergência do hospital da cidade dele, por conta de dores que vinha sentindo cada vez mais fortes. Eu já sabia dessas dores. Na última visita que ele me fez, ele já a sentia. Mas ele sentir dores não era daquele mês, daquele ano ou do anterior. Fazia um bom tempo que eu dizia para ele ir ao médico ver o que era. Ele dizia que iria, mas a verdade é que o mundo real não é assim. Por pior q que seja a dor, você que seja a dor, a gente sempre pensa que não é nada. Estamos ocupados demais para cuidar dela. Toma uns Dorflex que passa. Você ignora, sublima, pois tem pensar no tempo que vai perder, no emprego, nas tarefas de casa, no péssimo atendimento do SUS e de muitos hospitais particulares, nas filas, ainda na possibilidade de não ser nada e você ter desperdiçado seu tempo e energia só por causa de uma “dorzinha de nada”. São tantos fatores, que muita gente acaba desistindo. E o pior é que eu mesmo olho a minha volta: todo mundo tem uma dorzinha e relaxante muscular é bala.

No caso do meu amigo, namorado, companheiro, príncipe improvável, não era apenas uma dorzinha. Era câncer. De acordo com os médicos, galopante. Um mês. Quase um mês. Meio de março a 11 de abril de 2014.

Quanto tempo é necessário para se despedir de uma das pessoas mais incríveis, bonitas, bondosas, generosas, carinhosas, delicadas, sensíveis, gentis e especiais de sua vida.
Quanto tempo é preciso para aceitar que ela está partindo?

Quanto tempo é necessário para encontrar as palavras certas e encorajadoras, para dizer a essa pessoa, enquanto você vê a vida dela sendo sugada, minuto a minuto, segundo a segundo, até não haver nada além de uma casca vazia e inútil. Que um dia foi um corpo, uma pessoa, um ser humano. Que um dia me abraçou e dormiu ao meu lado.

Não importa quanto tempo é necessário para tudo isso. A vida é impiedosa, não pergunta quanto tempo é preciso ou não. Ela me deu menos de um mês. E a despedida teve que ser para um boneco de cera, completamente entubado, que apenas movia o peito, num arremedo de respiração, por causa das máquinas. Que já não tinha o mais importante: A centelha de VIDA, o espírito, a alma, a sua linda essência. Apenas uma carcaça. Isso não saia da minha cabeça. Mesmo no enterro. Aquilo não poderia ser ele, não aquele horrendo boneco de cera. Era tudo uma mentira, uma farsa. Mas eu sabia que não era.

Meu príncipe improvável não estava mais aqui. Restaram eu, minhas culpas e meu luto.
Também restaram muitos arrependimentos, por não tê-lo amado MAIS, não tê-lo valorizado tanto quanto ele merecia, por tê-lo machucado com palavras e ações, algumas vezes sem que ele tivesse dado nenhum motivo.
Sei que devo levar isso tudo como aprendizado, entretanto há horas que sinto que os arrependimentos vão me soterrar, e que a falta dele e a imutabilidade disso tudo vai fazer meu coração explodir de dor.
Depois de escrever tudo isso, algo na minha percepção sobre príncipes mudou.
Meu namorado não era alto, nem rico, nem nós vivemos felizes para sempre, como idealizei e costuma-se esperar de um príncipe encantado. Mas mesmo assim ele tinha tantas outras qualidades, e ações, que se enquadrava na figura de um príncipe. Por isso quando escrevia sobre ele no outro BLOG, chamava-o de príncipe improvável. Mas pensando bem, príncipes não vem à Terra para apenas dar o ar de sua graça e, com sua luz, mudar vida de todo mundo que cruzar seu caminho, para logo depois partir novamente. Creio que aqueles que se encaixam melhor nessa descrição, são os ANJOS.
Talvez ele não fosse meu príncipe, enfim. Ele era um anjo. Meu anjo. E agradeço a ele e a Deus, por ele ter existido na minha vida.
Beijos aos que lerem.
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NOVO COMEÇO



Como começar, quando não é o começo? Bom, vamos pelo começo. Ou pelo fim. Se bem que dizem que cada fim é um novo começo. Então vou iniciar um por algo que para mim é de extrema importância:

MEU PESO E FORMA FÍSICA

Bom, saibam que eu quase morri. Um belo dia eu passei mal, fiquei com uma dor horrível na barriga. Fui num hospital de 5ª da cidade onde me encontrava, pois não estava na capital, onde foi diagnosticado, erroneamente, por um médico incompetente e desinteressado, como infecção urinária. Digo que esse primeiro médico era incompetente, por que ele NEM AO MENOS ME EXAMINOU! Apenas me fez meia dúzia de perguntas e deu o diagnóstico. Alguns dias depois, fui para no hospital. Num decente, onde o médico, desta vez competente, detectou a diverticulite.

A merda é que, por culpa do primeiro médico, quando saiu o segundo diagnóstico já era tarde demais. Algumas horas após sabermos que era diverticulite, enquanto eu estava no quarto do hospital para fazer mais exames, meu intestino ESTOUROU. Literalmente. EXPLODIU. Rompeu-se.

Daí o médico, em uma cirurgia de emergência, teve que limpar tudo e arranjar um jeito de me salvar. O jeito foi fazer uma colostomia, que talvez fosse temporária, talvez não. Dependeria da minha recuperação nos meses seguintes. Não vou explicar tudo, pesquisem, se quiserem, mas já aviso que é nojento.

E então, quando voltei do hospital para casa, e comecei meu pós-operatório, descobri em meu pai, alguém que eu nunca havia conhecido. Pelo menos não completamente. Que fez coisas que eu jamais julguei ele seria capaz ou faria. Foi ele meu suporte, durante boa parte do pós-operatório da primeira cirurgia. Tudo isso começou no fim do ano de 2012.

Em 2013, precisei de cuidadoras, e foi aí que conheci a Samanta, uma pessoa super especial que me acompanhou por acho que dois anos. Primeiro como cuidadora, depois como acompanhante terapêutica. Hoje somos muito amigos e acho que, da missão que temos na vida um do outro, boa parte está cumprida. Acho que eu fiz uma grande diferença na vida dela e ela na minha.

Entrei numa depressão muito profunda, devido ao saco de merda que fui obrigado a carregar pendurado na barriga por 4 meses. E depois pelo sofrimento da cirurgia e reversão em abril de 2013. Sim, eu sei, devo dar graças a Deus por não ter sido colostomia permanente, e eu dou, mas mesmo assim, isso não anula o sofrimento da 2ª cirurgia. E nem o da terceira, pois houve uma terceira, já que tive uma hemorragia na noite posterior a da cirurgia de reversão.

Sobre minha aparência, depois disso tudo: Eu estava gordo, inchado, cheio de cicatrizes e, como eu disse antes, numa depressão sem fundo. Não fazia nada sozinho.

Se hoje consigo fazer as coisas sozinho, como tomar banho, me manter sempre barbeado, cortar as unhas, entre outras coisas, devo isso a meus pais, a Simone, e a minha psicóloga. E a mim, que sou um guerreiro, apesar de as vezes, eu mesmo duvidar.

Depois que passei tudo isso, ainda tive uma hérnia na barriga e tive que fazer mais uma cirurgia.

Quando afinal acabaram as cirurgias, e parei para realmente me olhar, no aspecto físico, fiquei chocado e desesperançado. Achei que jamais voltaria a ser bonito, atraente ou sequer teria novamente “uma sexualidade”. Olhava para mim com aquelas cicatrizes e me via como uma figura assexuada e de certa forma monstruosa. O baque e a desilusão foram tão fortes que, ao invés de lutar para voltar à velha forma, pelo menos no que era possível, e me fechei dentro de mim mesmo, por trás de uma muralha de gordura que adquiri durante o período das cirurgias e no decorrer dos anos seguintes. Uma muralha que ninguém poderia derrubar, exceto eu mesmo. O grau de desesperança era tamanho, que doei todas as roupas de quando eu era magro. Não por que me gostasse como estava, mas por julgar não ter forças para mudar. Havia desistido de lutar com o peso, assim como desistira de lutar por e contra muitas outras coisas. Por fim, no ano passado, alcancei a faixa dos 102kg. Praticamente cruzando a porta da obesidade. Digo isso pois calculei meu IMC, de acordo com minha estrutura óssea, e ele indicou exatamente isso que eu falei. Resolvi tentar uma reeducação alimentar tradicional e não tive sucesso. Mesmo aliada à caminhadas diárias, perdi um pouco de peso e depois estacionei. E passava o dia com fome, mesmo sendo generosa a quantidade que eu poderia comer por dia. O problema, mesmo, é a quantidade absurda de remédios que eu tomo. Quase todos provocam aumento de peso. Ou de apetite, para ser mais específico. Um médico que eu tinha dizia que o remédio não engorda, o que engorda é comer. Queria ver se ele tomasse todos os remédios que tomo, se ele iria resistir à fome infernal que eles causam.

Ano passado, tive duas internações psiquiátricas. Uma no meio do ano, após minha tentativa de suicídio, para fazer uma série de 10 ECTs e outra por outros motivos em dezembro. Futuramente voltarei ao assunto, mas por ora, o que importa é que nessa última internação resolvi fazer a Atkins. Li o livro e, quando saí, comecei a fazer. Também descobri que havia uma nova Atkins, mais atualizada e embasada nas mais recentes pesquisas cientificas, e me encantei ainda mais pela proposta e características gerais. Adotei a Abordagem Nutricional Atkins e, desde o inicio do ano,  já emagreci quase 10 kg.

Quanto às cicatrizes em meu abdômen, atualmente penso que estão ali para mostrar que sou duro na queda. E que tenho muito a fazer nesse mundo ainda, mesmo que às vezes pense ou sinta o contrário.

Bom, vou ficando por aqui. Tenho mais a contar, muita coisa aconteceu desde que parei de escrever no BLOG. Principalmente sobre meu amigo, que se tornou depois meu namorado. Mas por hoje chega.

Beijos aos que lerem.
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