segunda-feira, 25 de abril de 2016

Cura (Um Dia)



Hoje sonhei contigo. É, contigo mesmo. No sonho , que já não lembro bem, nós estávamos voltando de uma viagem ou algo do gênero. De trem. Tu parecia estar feliz (creio que pela viagem de trem) e eu também estava, pelo simples fato de estar contigo. Quando chegamos, tu me levou para tua casa e enquanto estava lá chegou alguém que eu não conhecia. Tu tentou fazer eu me esconder, mas eu me recusei. Por fim, eu e o cara nos defrontamos. Ele falou diversas coisas irônicas para mim, me mandou embora, dizendo, pela minha leve lembrança, que ele que tinha sido escolhido no fim das contas, ele era o oficial e eu disse outras coisas para ele, que pelo jeito alguma coisa faltava nele, ou nela (pois no fim da conversa ele era uma figura feminina *sonho*), senão tu não precisaria me procurar, nem nada em mim. Por fim perguntei o que ele era de verdade: homem, mulher, travesti? Ele se ofendeu e eu me senti bem, pois parecia ter tocado num ponto frágil. 

Pouco depois acordei. Mal. Triste. Melancólico. Sentindo-me usado, trocado, abandonado, descartável. Sentindo saudades de ti, da forma como tu me chamava de kiança, ria das minhas brincadeiras e dizia “kiança muito engraçada”, as viagens que fizemos para o meio do mato e aquela vez que nos amamos no açude.

Agora parei e pensei: do que, além dessas coisas que mencionei,eu sinto saudades? Do sexo. Não por que fosse booommm, mas por que tinha alto teor fetichista. Pois no resto, me desculpe, tu era péssimo e desajeitado. E do que mais? Não consigo me lembrar.

Sim, acordei mal, passei boa parte da manhã irritado, mas não estou mais. Pois, como cada vez percebo mais, exceto na hora que estou dormindo, é tudo uma idealização que me faz te querer ainda. Não lembranças reais, nem uma química extraordinária. Mas uma idealização, muito longe da realidade. Existiram, sim momentos bons, mas na verdade esses não foram maioria. Foram apenas um curto e pequeno sonho em meio a uma tempestuosa noite de pesadelos.

É incrível como apesar de eu saber isso tudo, eu tenho uma reação tão forte quando te vejo pessoalmente, como vi no sonho. De acordar com uma tamanha mistura de emoções fortes. Tamanho afeto, paixão, carinho, ?amor?, tesão, tristeza, saudades e, as que predominam, rejeição e melancolia.

Espero, um dia, me curar disso tudo. Espero, um dia, me curar da relação que tivemos. Espero, um dia, me curar desse lado meu que enfeita as coisas para tentar me fazer cometer os mesmos erros. Espero, um dia, me curar de ti.

Por enquanto, beijos ao que lerem.
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sexta-feira, 22 de abril de 2016

Quase Tragicômico (Compreensão)




É triste e engraçado. Quase tragicômico. A gatinha branca, sem nenhum motivo aparente, começa a miar, e miar e miar, a correr pela casa e, de repente, pára próximo à porta da área e me olha com olhar questionador (Cadê ela? Ela costumava estar sempre aqui!), num apelo que de mudo não tem nada (Traz ela de volta!), e, por fim, de censura (Tu colocou ela na “casinha do sumiço”, levou embora e ela nunca mais voltou!). 

Depois corre de novo, desta vez para a frente do meu roupeiro, e mia, um miado desesperado, e novamente me olha, com olhar de censura, de apelo, de esperança, como se eu estivesse mantendo a Sarah no roupeiro por quase duas semanas. Roupeiro que a Sarah costumava abrir e entrar, e que eu, distraído, fechava por achar que tinha esquecido de fazê-lo. E roupeiro ao qual a Lana parava em frente, miando, até que eu fosse lá e tirasse de lá a sua maninha, que dormia tranquilamente aconchegada em minhas roupas. Só que agora, eu abro o roupeiro e a Lana olha para dentro e não encontra sua irmã. E o desespero, a saudade, tristeza, a falta e a recriminação a mim, que levei a Sarah embora, dominam ainda mais seus miados até que ela cansa e sofre em silêncio, tentando aceitar que agora, ao menos por enquanto, o único carinho que terá será o meu e dos meus pais, irmãos e sobrinhos.

Mas não adianta, pois ela é apenas uma gatinha, e mesmo eu tendo explicado tudo para ela, ela não entende. Não está no nível de compreensão. Pelo menos agora. Pelo menos enquanto ela chora. Pelo menos enquanto durar seu luto. Como nós, ela não quer deixar a Sarah partir. Ela não pode aceitar. Sente a ausência dela, mas, assim como acontece conosco, ela não entende e nem quer entender. Por que ela a amava de todo coração. O tipo de amor mais puro que pode existir. O amor inocente, de um inocente por outro inocente. De irmãs.

Por fim, ela desiste. Ela não pode trazer a mana de volta. Talvez isso ela já entenda. E vai, pára próximo à porta da área novamente, e se abraça ao paninho onde Sarah dormia, que ainda tem o cheiro dela. E brinca com o pano como se estivesse brincando com a irmã, mordendo e patinhando com as patas de trás...

Como eu disse, em alguns momentos é cômico, mas no geral é triste. Triste e enternecedor e doloroso para os envolvidos. Mas tenho que aguentar, dando a ela o maior suporte, carinho e amor possível. Aquele tipo de amor que Cura. Assim como elas, com seu amor, me curaram um dia.

Beijos aos que lerem.
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quarta-feira, 20 de abril de 2016

Como Estou? (Saudades, Preocupação, Medo e Raiva)



Como estou?



Com medo de que Lana, minha gata que sobreviveu (ao que eu ainda não sei), morra da mesma forma misteriosa que a Sarah. Ela está comendo pouco e desde segunda-feira ela não “vai ao banheiro fazer o número 2”. Por isso, primeiramente dei para ela uma whiskas sachê, para testar se ela ia comer, e ela comeu pelo menos um pouco. 

Também está dorminhoca e miando em horas super estranhas, tipo 5 ou 6 horas da manhã. Quem costumava fazer isso às vezes era a Sarah. Talvez esse fosse o horário que elas brincavam juntas... Talvez ela esteja lamentando, pranteando a irmã, apenas prestando uma justa homenagem as sua companheira de brincadeiras e carinhos que partiu. 

Ela anda bastante carente, a gente mal a olha e ela já rola e fica com barriga para cima esperando receber carinho. Um dengo só. 

Bom, resolvi ligar para a veterinária. Primeiro fiquei sabendo que os testes de sangue que ela fez para algumas doenças felinas, deram todos negativos, graças a Deus. Depois disse para ela tudo que mencionei acima e ela mandou eu continuar dando as whiskas sachê, misturadinhas com comida sólida e observar. Se o quadro não mudasse até sábado, dever ia levar a Laura lá.

Ela disse que esse quadro é comum quando um bichinho sofre uma perda grande. E foi UMA ENORME PERDA. Mesmo que a Sarah fosse toda pequena e delgada. Ela foi melhor amiga da Lana desde quando, com cerca de quinze dias, foi resgatada da rua e levada para doação. Lá, na Pet onde minha mãe encontrou, Sarah conheceu sua futura irmã, elas foram parar na mesma gaiolinha e nunca mais desgrudaram. Quer dizer, até agora. Até, do sem nenhum sinal prévio ou preparo, a Sarah partir, sem dar Adeus nem nada. Para a Laura, ela literalmente apenas sumiu. Ela, apenas uma gatinha, como fazê-la ENTENDER uma perda como essa? Como, se nem eu mesmo entendo?

Estou com raiva reprimida também, pois toda vez que vou na casa dos meus pais, a Clarisse, que trabalha lá para eles, a mesma que um dia me disse que percebera que ninguém lá em casa tem “VOZ DE COMANDO”, usando as palavras da própria, faz algo para me afrontar. Veja bem, ela sabe que tenho a doença que tenho, sabe como funciona na minha cabeça, as supostas paranoias, que eu sou mais desconfiado que a maioria das pessoas. Mesmo assim, por uma estranha coincidência, toda vez que vou lá para almoçar, falta algo para mim na mesa. Veja bem, é sempre no meu lugar, pois ela sabe o lugar onde sempre sento. Ou é um prato, ou os talheres, ou o copo. Café ela sempre passa depois do almoço, ou no meio da manhã. A não ser que eu esteja lá e meu pai não. Daí ela não passa. Ou passa quando estou quase ou indo embora. Gente, eu sei passar café. Não sou aleijado nem nada, mas é só comigo que ela NÃO é GENTIL E PRESTATIVA. Para as outras pessoas ela oferece café, coloca a louça corretamente na mesa.

Bom essa semana, segunda-feira, fui na casa deles e ela não colocou NADA de louças para mim na mesa. E ainda minha mãe mandou eu ir buscar. Eu fui, mas quando voltava pela cozinha em direção mesa da sala, acabei quebrando o prato. Não posso dizer que fiquei triste com isso, por que não fiquei. Quer dizer, até posso, ironicamente, é claro. “OOHHH, estou arrasado com esse prato que quebrou e espalhou cacos por toda cozinha.” Como a culpa era toda dessa vaca vadia, Clarisse, e ela não se prontificou a limpar, resolvi que tava na hora de ir embora. E fui. Melhor coisa que fiz. O resto do meu dia foi maravilhoso. Resolvi que vou evitar ao máximo ir na casa deles quando ela estiver. Se Deus quiser, ENQUANTO ela estiver. Pois creio que, em algum momento, ela vai escorregar e a máscara vai cair e partir-se em pedacinhos. E meus pais vão se arrepender de um dia tê-la contratado. Sei que é horrível pensar assim, mas é o único pensamento que me sobra e acalenta. E sei que estou certo. Ela também é hiper manipuladora. Isso é mais do que uma certeza, eu já vi como ela joga um pouco desse lado, outro pouco daquele. Como se diz, ela vai de acordo com o vento. Na minha tia, onde ela trabalha também, ela fala de nós, conosco, ela fala da minha tia, e por aí vai indo. 

Mas vamos largar a Clarisse agora. O tempo que se encarregue dela.

Como eu estou? 

Acho que estou bem, principalmente agora que coloquei por escrito meus sentimentos. Tenho lido horrores, e a leitura é uma coisa que queria muito voltar a conseguir fazer, APRECIANDO, devorando os livros como antigamente. Ainda não estou nesse estágio de devorar, mas estou a caminho e a parte do APRECIANDO, já conquistei. O livro que estou lendo, atualmente, é Lasher, da séries das Bruxas Mayfair, da Anne Rice. Ou, como também é conhecida, Tia Arroz. 

Também estou conseguindo voltar a assistir filmes sem sofrer de ansiedade crônica para que acabe.

Comecei a tomar café descafeinado, o que acho que influenciou positivamente nos dois itens anteriores. E estou achando ele até bem gostoso. Se não soubesse, não diria q ele não tem cafeína. 
Também voltei a pintar. Quer dizer, estou fazendo um curso de pintura, uma vez por semana, mas mesmo assim, em casa, não andava pintando. E esse fim de semana, voltei a produzir, graça a Deus.

Para terminar, então, o balanço, tenho sim, saudades, preocupação, medo e raiva, mas no fim das contas estou feliz. Estou progredindo. Conte suas bênçãos, dizem os sábios. E é isso que procuro fazer atualmente. As vezes não consigo, mas muitas vezes consigo. E assim é a VIDA. 


Ouvi esses dias, apesar de não ser religioso, um dicurso do Papa Francisco, que achei genial. Vou pegar um trechinho emprestado:
“Mas, padre, eu sou fraco, eu caio, caio”. “Mas se cai, levanta-te! Levanta-te!”. Quando uma criança cai, o que faz? Estende a mão à mãe, ao pai, para que a faça levantar."




Peço ao Grande Pai e a Grande Mãe, que sempre me deem, quando eu cair, forças para me erguer novamente, e que, se eu não tiver forças, eles ouçam meu chamado e estendam a mão para me levantar. Amém

Bom, por hoje fico por aqui.

Beijos aos que lerem.

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sábado, 9 de abril de 2016

Então, Quando Tudo Parece Bem...



Quarta-feira, ao acordar, encontrei metade de uma barata no banheiro. Obviamente foi minha caçadora, a Sarah, que a caçou e deixou lá o troféu, já que normalmente sou eu que junto com um papel e coloco no lixo do banheiro. Quando andei pela casa descobri que em vários pontos havia uma espécie de vômito cremoso esbranquiçado.EU já sabia que era da Sarah, ou por que imaginava ter algo a ver com as baratas que ela costumava caçar, ou por intuição, sei lá.

Quando coloquei comida ela não veio correndo como de costume. E me pareceu um pouco prostrada, sonolenta demais e enjoada. Resolvi que ia observar. Ela vomitou mais uma vez. Resolvi que se ela vomitasse novamente, eu iria levá-la à veterinária. Ela não vomitou. Decidi esperar para ver se teria febre ou se melhoraria do abatimento. Quinta-feira ela me pareceu melhor, e como eu tinha compromisso de manhã e de tarde, não tinha como levá-la ao veterinário. Ao voltar para casa, quase à noite, me pareceu ,mais fraquinha ainda do que quarta-feira.

Ontem de manhã cedo a levei ao veterinário. Ela ficou lá e eu tive que ir para a aula de pintura à tarde. Liguei no fim da tarde para ver como estava, e novamente hoje de manhã. Quando a deixei na lá, não me despedi. Indo embora, a meia quadra já da PETSHOP, percebi isso e pensei, realmente, em voltar para dar um beijo nela e um olhar para ela, mesmo pensando que a veria no dia seguinte.Mas desisti, pois estava COM MEDO DE ME ATRASAR. É Incrível como a intuição às vezes funciona que é uma maravilha e a gente nem dá bola para ela.




Recebi a noticia hoje, pela minha mãe que veio pessoalmente me informar. Fui na veterinária, vi o corpo, chorei. Toquei, beijei. Mas como das outras vezes, eu sabia que não era ela que estava ali. Era apenas e somente uma linda carcaça. Apenas a roupinha que ela usou aqui na terra. A Sarah verdadeira, tá no céu, onde tem árvores de Whiskas sachê, e grande campinas, com grama e mato para ela comer e arbustos dos quais brotam bolinhas de papel. Onde gente como meu avô e meu amigo, ambos falecidos,vão arrancar essa essas bolinhas e jogar para que ela busque. E onde, ela finalmente, vai conseguir pegar o próprio rabo.

Quanto ao que levou a esse óbito,não tem muita explicação. Ela estava com anemia e um pouco desidratada. Também emagrecendo, isso eu já tinha percebido, mas achei que fosse coisa da mudança, da adaptação ao fato de eu vir morar sozinho, tendo trazido minhas filhas felinas junto. Talvez, eu pensava, apenas ela estivesse se adaptando aos poucos, e por isso sentindo menos fome. E olha que eu via ela comer. Eu via ela beber água. Mas aparentemente, não o suficiente. Não sei. A veterinária ficou tão chocada quanto eu. Vão fazer uma necropsia para tentar descobrir o que aconteceu.

A Sarah sempre foi meio frágil, ao mesmo tempo em que era arredia. Pelo menos a que pegássemos ela no colo. Carinho era só quando ELA queria.Que colo, que nada, ela gostava mesmo era do quentinho da parte de cima do subwoofer do meu “Home Teather”.

Estou muito triste e sei que, no dia a dia, essa tristeza vai se agravar por conta das inúmeras lembranças de coisas cotidianas que remetem a ela.

Nós adotamos em uma pet shop, com um mês de vida. E sabe onde ela morou os quinze dias desse primeiro mês de sua vida? Na rua. Como se diz, na sarjeta. A abandonaram Bebê ainda na rua para morrer. Bom, falharam. Ela sobreviveu. Não sem seus traumas, mas sobreviveu. Acabou sendo uma gata meio espiada, que se assustava com qualquer barulho ou movimento brusco. Não pagava imposto para sair correndo, “fugida” e se esconder.

Mas também fico feliz, pois graças a meu pai e minha mãe, e um pouco a mim também, ela teve o resto de sua curta vida cheia de amor, carinho, atenção, comida da melhor qualidade (às vezes até rolando uma Whiskas Sachê), corridas e brincadeiras com sua maninha, Lana, e principalmente brincadeiras com bolinhas de papel (era um sarro, a gente mal amassava um papel e ela já achava que era para buscar bolinha). Ou seja, depois daqueles quinze e horríveis primeiros dias de sua vida, ela foi feliz na maioria do tempo restante.

Espero que esteja ainda mais feliz lá em cima. E que no futuro eu a encontre e possa pegá-la no colo e acariciá-la, sem que ela estremeça como se alguém, do seu triste inicio de vida, fosse machucá-la.



SARAH, TE AMO.



Beijos aos que lerem.


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terça-feira, 5 de abril de 2016

AVISO sobre Novas Postagens Antigas



Para não estranharem o surgimento de postagens de 2015, aviso que é por que, já que retornei a meu lar, o blog Luz & Sombras, incorporei a eles as postagens do meu outro blog, que criei ano passado. Todas postagens de 2015, exceto uma única postagem do dia 05/09/2015, que coloquei aqui para divulgar o REFLEXÕES DE UMA MENTE DESNORTEADA, foram retiradas do referido blog.

Decidi, na época criar um novo blog pelo fato de que parecia MUITO mais divertido do que tentar fazer o que acabei, por fim, fazendo aqui. Explicar tudo, ou, ao menos um pouco, do que ocorreu na minha vida desde o momento em que decidi namorar meu amigo, largar de vez meu ex, e erroneamente (ou não) abandonar o blog. Mas o que importa é que agora estou de volta (por quanto tempo não me pergunte :P) e adorando ressuscitar este blog que traduz muito daquilo que sou e sinto ou um dia fui e senti.

Enfim, espero que curtam as postagens que incorporei,e por hoje fico por aqui.
Beijos aos que lerem.
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Eu quero partir (Vazio)



“Eu quero partir, pois nada tem significado. Independente de eu ir ou não. O Vazio vai estar ali e me seguir para onde eu for nesse mundo. ELE é eterno, eu não. Tem que haver um alívio.
Mas não há. O mundo se repete todo dia, com pequenas variações, para dizer que foi ontem, hoje ou amanhã. Mas é sempre igual.
E sem sentido. E na superfície. Mentira. Plástico. Artificial. Nada do que eu faça pode mudar aquela sensação: a dor, o sofrimento, a miséria e a solidão de saber que ninguém lhe entende.
Preencho meus dias superficiais (de mentira), com atividades superficiais (de mentira), quando na verdade meu maior medo e meu maior desejo são pela única coisa que é imutável e inevitável nessa vida.
Tudo se resume a isso: A morte. E como vai agir em relação a ela.
Eu a temo, mas também a cultuo, pois pode estar nela o alívio eterno da não existência.  Do nada. Não há Vazio, onde não há nada. Ou melhor, há. Mas ninguém para senti-lo.

Vontade de me machucar.”

17/03/2016




Escrevi isso num dia que acordei chorando e com um sentimento enorme de desesperança. Chorei por cerca de 2 horas e o sol nem havia nascido ainda. Mas depois ele nasceu. Assim como minha esperança renasceu em meu peito dolorido.

O Vazio existe, mas quanto mais atenção nós damos a ele, maior ele se torna. Mas também não podemos ignorá-lo, pois isso também lhe dá força. Sentimentos ignorados e reprimidos, costumam ficar muito zangados.

Estou procurando aprender a lidar com eles. E tentando mostrar educadamente para o Sr. Vazio, para A Sra. Desesperança, para a Madame Depressão e a Srta. Paranóia, que eles realmente estão certos, em alguns aspectos, mas também que estão muito, mas MUITO LONGE, de serem os DONOS DA VERDADE.

Nesse dia minha forma de lidar foi:

Senti vontade de chorar, chorei.

Senti vontade de me machucar, ESCREVI. Sobre os sentimentos que me afligiam. E eles tiveram seu momento de diálogo, de atenção e até carinho e ficaram mansinhos de novo colocando-se no seu devido lugar.

E passou. Eu melhorei e estou aqui para escrever.

Beijos aos que lerem.
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segunda-feira, 4 de abril de 2016

Cegueira



A escuridão a brotar
A liberdade a morrer
A doce esperança
De não ter nada a temer.

A esperança falsária
Promete mundos e fundos
Mentiras que nos tornam
Amargos e imundos

Enquanto morre definhando
A tão valiosa liberdade
Viramos todos zumbis
Caminhando sem vontade

Morte em vida, é o que dizem
Daqueles que seguem reto
Cavalos com viseira
Mesmo já sendo cegos

Se acalma, dizem eles
Não tem nada a temer
“São tudo” moinhos de vento
Não precisa se esconder.

Minha resposta é direta
Só eu sei o que é sofrer
Apenas por enxergar
O que os outros não conseguem ver.
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domingo, 3 de abril de 2016

Príncipe Encantado?



Eu, quando era pequeno, e depois adolescente, nas horas em que não estava pensando em morrer, tinha a fantasia de que um dia ia encontrar um príncipe encantado que me resgataria do meu sofrimento e me levaria para seu reino, onde seríamos felizes para sempre. Ele seria mais alto que eu, rico, corpulento (nem musculoso, nem gordo), e teria olhos e cabelos claros. Sei que meu gosto era meio preconceituoso, mas infelizmente eu era influenciado pelo padrão estético vigente na época, da sociedade em que vivia. Hoje sou muito mais eclético nas minhas fantasias e no meu gosto para homens também.

Até conhecer o meu amigo, que depois virou namorado, havia parado de fantasiar com um príncipe. Principalmente depois da experiência que tive com meu ex.

Para namorar meu amigo, abdiquei do fantasma do meu ex. Quando tomei a decisão, não sabia se conseguiria manter a promessa de apagar os rastros, as lembranças boas, pois é bom guardar as ruins para uso futuro, e principalmente, a parte doentia do relacionamento, a co-dependência. Porém consegui, hoje ele é passado. Ou talvez não exatamente, mas pelo menos virou apenas um conhecido. Mesmo que às vezes meu coração sangre, só um pouquinho, seja pela idéia de que talvez nós tenhamos uma missão na vida um do outro ainda, ou seja, por isso ser apenas uma seqüela de uma relação obsessiva e co-dependente.

Acabei tendo contato com ele, por tê-lo visto num aplicativo de conhecer gente, o Badoo. EU dei like para o perfil dele, no jogo de encontros, só para ver o que acontecia (SHAME ON ME) e me deu like também. Eu pensei: “Ele pode ter mudado, pode ter amadurecido, assim como ocorreram um monte de acontecimentos transformadores em minha vida, pode ter ocorrido na dele também. Bastaram 4 ou 5 conversas para concluir que isso não ocorrera. Entretanto eu estava falando de príncipes, logo, isso exclui meu ex do assunto. Ele nunca foi um príncipe exceto na minha cabecinha perturbada. Digo isso, pois, me curei do mal de idealizar a relação que tivemos, que nunca foi da forma que eu preferia lembrar. Isso ficou ainda mais claro depois que a relação com meu amigo ficou realmente séria.
Foi aí, que comecei a acreditar novamente que príncipes existiam. Mesmo que fossem príncipes improváveis, como meu amigo. Falo amigo, pois mesmo depois de inúmeros acontecimentos, e independente de qualquer outro posto que ele tenha ocupado em minha vida, a amizade sempre perdurou. Ele nunca deixou de ser meu amigo.

Nós namoramos, brigamos, tivemos uma separação de 1 mês, voltamos a namorar e, além de me ensinar muita coisa, ele me deu muito suporte, antes, durante e depois das cirurgias.
Ele foi, dentre todos os namorados que já tive, o que mais se aproximou da figura do príncipe encantado idealizada na infância. Talvez não fisicamente, mas na forma como lidava comigo, interagia, cuidava. Até mimava. Ele era uma das pessoas mais generosas, que conheço, adorava dar presentes. Realizou um sonho meu que eu jamais imaginei que realmente se realizaria. Eu sempre adorei bichinhos de pelúcia e quando era criança e via aqueles ursos gigantes, alguns maiores do que eu, eu primeiro sonhei em ganhar dos meus pais. Quando fui crescendo, o sonho modificou-se. Achava que o gesto mais romântico que um namorado poderia fazer, seria me presentear com um bicho de pelúcia gigante.

Então fiquei adulto. Vi que esse sonho não iria se realizar. Ledo engano. Meu amigo, meu príncipe improvável, me presenteou não com um, mas dois ursos gigantes, em anos consecutivos, de dia dos namorados. Ambos gigantes, o segundo ainda maior que o primeiro. Pode parecer besteira, ridículo, mas para mim, foi a realização de um sonho. Fora todos outros animais de pelúcia de tamanho normal, um mais fofo que o outro, que ele me deu ao longo do namoro.

Mas isso não é O mais importante. O mais importante é que ele de todos os namorados que tive, acho que ele foi o que mais me amou. E ele não apenas me amava, ele ME DAVA esse AMOR. Amor altruísta, amor REAL. E olha que ele me viu no pior dos buracos. E agüentou coisas, não sei nem quero saber como, que eu não sei se agüentaria. A bolsa de colostomia. E não só ela, mas depois das cirurgias todas, quando virei um “ser assexuado”. Eu me sentia virgem de novo. Na verdade eu me sentia uma criança. Uma criança grande e muito feia, insatisfeita com seu novo corpo. Somente agora estou me redescobrindo, mas faz mais de 2 anos e meio que não sei o que é ter vida sexual. O Príncipe Improvável e eu ainda tentamos, mas não estava nem um pouco preparado, ou sentindo-me minimamente sensual ou sexual com meu corpo. Eu me sentia mal, desconfortável. Não com ele, comigo mesmo. Ele me respeitou, me compreendeu e disse que teria paciência.

O que aconteceu foi que no meio de 2013 eu terminei com ele. Estava ainda muito deprimido, e sentia que precisava libertá-lo, pois me sentia desesperançado de um dia voltar a ter uma relação que ultrapassasse o nível emocional, e englobasse o aspecto físico. E mesmo que ele não me pressionasse, existia uma pressão. Pelo simples fato de sermos namorados. Então, terminamos.

Continuamos amigos. Ele ainda vinha me visitar toda semana, conversávamos e até comecei a me sentir diferente, às vezes sentia desejo por ele, mesmo que nós não fizéssemos nada a respeito. Ficamos assim até março de 2014, quando tudo mudou.

No meio de março ele foi à emergência do hospital da cidade dele, por conta de dores que vinha sentindo cada vez mais fortes. Eu já sabia dessas dores. Na última visita que ele me fez, ele já a sentia. Mas ele sentir dores não era daquele mês, daquele ano ou do anterior. Fazia um bom tempo que eu dizia para ele ir ao médico ver o que era. Ele dizia que iria, mas a verdade é que o mundo real não é assim. Por pior q que seja a dor, você que seja a dor, a gente sempre pensa que não é nada. Estamos ocupados demais para cuidar dela. Toma uns Dorflex que passa. Você ignora, sublima, pois tem pensar no tempo que vai perder, no emprego, nas tarefas de casa, no péssimo atendimento do SUS e de muitos hospitais particulares, nas filas, ainda na possibilidade de não ser nada e você ter desperdiçado seu tempo e energia só por causa de uma “dorzinha de nada”. São tantos fatores, que muita gente acaba desistindo. E o pior é que eu mesmo olho a minha volta: todo mundo tem uma dorzinha e relaxante muscular é bala.

No caso do meu amigo, namorado, companheiro, príncipe improvável, não era apenas uma dorzinha. Era câncer. De acordo com os médicos, galopante. Um mês. Quase um mês. Meio de março a 11 de abril de 2014.

Quanto tempo é necessário para se despedir de uma das pessoas mais incríveis, bonitas, bondosas, generosas, carinhosas, delicadas, sensíveis, gentis e especiais de sua vida.
Quanto tempo é preciso para aceitar que ela está partindo?

Quanto tempo é necessário para encontrar as palavras certas e encorajadoras, para dizer a essa pessoa, enquanto você vê a vida dela sendo sugada, minuto a minuto, segundo a segundo, até não haver nada além de uma casca vazia e inútil. Que um dia foi um corpo, uma pessoa, um ser humano. Que um dia me abraçou e dormiu ao meu lado.

Não importa quanto tempo é necessário para tudo isso. A vida é impiedosa, não pergunta quanto tempo é preciso ou não. Ela me deu menos de um mês. E a despedida teve que ser para um boneco de cera, completamente entubado, que apenas movia o peito, num arremedo de respiração, por causa das máquinas. Que já não tinha o mais importante: A centelha de VIDA, o espírito, a alma, a sua linda essência. Apenas uma carcaça. Isso não saia da minha cabeça. Mesmo no enterro. Aquilo não poderia ser ele, não aquele horrendo boneco de cera. Era tudo uma mentira, uma farsa. Mas eu sabia que não era.

Meu príncipe improvável não estava mais aqui. Restaram eu, minhas culpas e meu luto.
Também restaram muitos arrependimentos, por não tê-lo amado MAIS, não tê-lo valorizado tanto quanto ele merecia, por tê-lo machucado com palavras e ações, algumas vezes sem que ele tivesse dado nenhum motivo.
Sei que devo levar isso tudo como aprendizado, entretanto há horas que sinto que os arrependimentos vão me soterrar, e que a falta dele e a imutabilidade disso tudo vai fazer meu coração explodir de dor.
Depois de escrever tudo isso, algo na minha percepção sobre príncipes mudou.
Meu namorado não era alto, nem rico, nem nós vivemos felizes para sempre, como idealizei e costuma-se esperar de um príncipe encantado. Mas mesmo assim ele tinha tantas outras qualidades, e ações, que se enquadrava na figura de um príncipe. Por isso quando escrevia sobre ele no outro BLOG, chamava-o de príncipe improvável. Mas pensando bem, príncipes não vem à Terra para apenas dar o ar de sua graça e, com sua luz, mudar vida de todo mundo que cruzar seu caminho, para logo depois partir novamente. Creio que aqueles que se encaixam melhor nessa descrição, são os ANJOS.
Talvez ele não fosse meu príncipe, enfim. Ele era um anjo. Meu anjo. E agradeço a ele e a Deus, por ele ter existido na minha vida.
Beijos aos que lerem.
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NOVO COMEÇO



Como começar, quando não é o começo? Bom, vamos pelo começo. Ou pelo fim. Se bem que dizem que cada fim é um novo começo. Então vou iniciar um por algo que para mim é de extrema importância:

MEU PESO E FORMA FÍSICA

Bom, saibam que eu quase morri. Um belo dia eu passei mal, fiquei com uma dor horrível na barriga. Fui num hospital de 5ª da cidade onde me encontrava, pois não estava na capital, onde foi diagnosticado, erroneamente, por um médico incompetente e desinteressado, como infecção urinária. Digo que esse primeiro médico era incompetente, por que ele NEM AO MENOS ME EXAMINOU! Apenas me fez meia dúzia de perguntas e deu o diagnóstico. Alguns dias depois, fui para no hospital. Num decente, onde o médico, desta vez competente, detectou a diverticulite.

A merda é que, por culpa do primeiro médico, quando saiu o segundo diagnóstico já era tarde demais. Algumas horas após sabermos que era diverticulite, enquanto eu estava no quarto do hospital para fazer mais exames, meu intestino ESTOUROU. Literalmente. EXPLODIU. Rompeu-se.

Daí o médico, em uma cirurgia de emergência, teve que limpar tudo e arranjar um jeito de me salvar. O jeito foi fazer uma colostomia, que talvez fosse temporária, talvez não. Dependeria da minha recuperação nos meses seguintes. Não vou explicar tudo, pesquisem, se quiserem, mas já aviso que é nojento.

E então, quando voltei do hospital para casa, e comecei meu pós-operatório, descobri em meu pai, alguém que eu nunca havia conhecido. Pelo menos não completamente. Que fez coisas que eu jamais julguei ele seria capaz ou faria. Foi ele meu suporte, durante boa parte do pós-operatório da primeira cirurgia. Tudo isso começou no fim do ano de 2012.

Em 2013, precisei de cuidadoras, e foi aí que conheci a Samanta, uma pessoa super especial que me acompanhou por acho que dois anos. Primeiro como cuidadora, depois como acompanhante terapêutica. Hoje somos muito amigos e acho que, da missão que temos na vida um do outro, boa parte está cumprida. Acho que eu fiz uma grande diferença na vida dela e ela na minha.

Entrei numa depressão muito profunda, devido ao saco de merda que fui obrigado a carregar pendurado na barriga por 4 meses. E depois pelo sofrimento da cirurgia e reversão em abril de 2013. Sim, eu sei, devo dar graças a Deus por não ter sido colostomia permanente, e eu dou, mas mesmo assim, isso não anula o sofrimento da 2ª cirurgia. E nem o da terceira, pois houve uma terceira, já que tive uma hemorragia na noite posterior a da cirurgia de reversão.

Sobre minha aparência, depois disso tudo: Eu estava gordo, inchado, cheio de cicatrizes e, como eu disse antes, numa depressão sem fundo. Não fazia nada sozinho.

Se hoje consigo fazer as coisas sozinho, como tomar banho, me manter sempre barbeado, cortar as unhas, entre outras coisas, devo isso a meus pais, a Simone, e a minha psicóloga. E a mim, que sou um guerreiro, apesar de as vezes, eu mesmo duvidar.

Depois que passei tudo isso, ainda tive uma hérnia na barriga e tive que fazer mais uma cirurgia.

Quando afinal acabaram as cirurgias, e parei para realmente me olhar, no aspecto físico, fiquei chocado e desesperançado. Achei que jamais voltaria a ser bonito, atraente ou sequer teria novamente “uma sexualidade”. Olhava para mim com aquelas cicatrizes e me via como uma figura assexuada e de certa forma monstruosa. O baque e a desilusão foram tão fortes que, ao invés de lutar para voltar à velha forma, pelo menos no que era possível, e me fechei dentro de mim mesmo, por trás de uma muralha de gordura que adquiri durante o período das cirurgias e no decorrer dos anos seguintes. Uma muralha que ninguém poderia derrubar, exceto eu mesmo. O grau de desesperança era tamanho, que doei todas as roupas de quando eu era magro. Não por que me gostasse como estava, mas por julgar não ter forças para mudar. Havia desistido de lutar com o peso, assim como desistira de lutar por e contra muitas outras coisas. Por fim, no ano passado, alcancei a faixa dos 102kg. Praticamente cruzando a porta da obesidade. Digo isso pois calculei meu IMC, de acordo com minha estrutura óssea, e ele indicou exatamente isso que eu falei. Resolvi tentar uma reeducação alimentar tradicional e não tive sucesso. Mesmo aliada à caminhadas diárias, perdi um pouco de peso e depois estacionei. E passava o dia com fome, mesmo sendo generosa a quantidade que eu poderia comer por dia. O problema, mesmo, é a quantidade absurda de remédios que eu tomo. Quase todos provocam aumento de peso. Ou de apetite, para ser mais específico. Um médico que eu tinha dizia que o remédio não engorda, o que engorda é comer. Queria ver se ele tomasse todos os remédios que tomo, se ele iria resistir à fome infernal que eles causam.

Ano passado, tive duas internações psiquiátricas. Uma no meio do ano, após minha tentativa de suicídio, para fazer uma série de 10 ECTs e outra por outros motivos em dezembro. Futuramente voltarei ao assunto, mas por ora, o que importa é que nessa última internação resolvi fazer a Atkins. Li o livro e, quando saí, comecei a fazer. Também descobri que havia uma nova Atkins, mais atualizada e embasada nas mais recentes pesquisas cientificas, e me encantei ainda mais pela proposta e características gerais. Adotei a Abordagem Nutricional Atkins e, desde o inicio do ano,  já emagreci quase 10 kg.

Quanto às cicatrizes em meu abdômen, atualmente penso que estão ali para mostrar que sou duro na queda. E que tenho muito a fazer nesse mundo ainda, mesmo que às vezes pense ou sinta o contrário.

Bom, vou ficando por aqui. Tenho mais a contar, muita coisa aconteceu desde que parei de escrever no BLOG. Principalmente sobre meu amigo, que se tornou depois meu namorado. Mas por hoje chega.

Beijos aos que lerem.
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