sábado, 9 de abril de 2016

Então, Quando Tudo Parece Bem...



Quarta-feira, ao acordar, encontrei metade de uma barata no banheiro. Obviamente foi minha caçadora, a Sarah, que a caçou e deixou lá o troféu, já que normalmente sou eu que junto com um papel e coloco no lixo do banheiro. Quando andei pela casa descobri que em vários pontos havia uma espécie de vômito cremoso esbranquiçado.EU já sabia que era da Sarah, ou por que imaginava ter algo a ver com as baratas que ela costumava caçar, ou por intuição, sei lá.

Quando coloquei comida ela não veio correndo como de costume. E me pareceu um pouco prostrada, sonolenta demais e enjoada. Resolvi que ia observar. Ela vomitou mais uma vez. Resolvi que se ela vomitasse novamente, eu iria levá-la à veterinária. Ela não vomitou. Decidi esperar para ver se teria febre ou se melhoraria do abatimento. Quinta-feira ela me pareceu melhor, e como eu tinha compromisso de manhã e de tarde, não tinha como levá-la ao veterinário. Ao voltar para casa, quase à noite, me pareceu ,mais fraquinha ainda do que quarta-feira.

Ontem de manhã cedo a levei ao veterinário. Ela ficou lá e eu tive que ir para a aula de pintura à tarde. Liguei no fim da tarde para ver como estava, e novamente hoje de manhã. Quando a deixei na lá, não me despedi. Indo embora, a meia quadra já da PETSHOP, percebi isso e pensei, realmente, em voltar para dar um beijo nela e um olhar para ela, mesmo pensando que a veria no dia seguinte.Mas desisti, pois estava COM MEDO DE ME ATRASAR. É Incrível como a intuição às vezes funciona que é uma maravilha e a gente nem dá bola para ela.




Recebi a noticia hoje, pela minha mãe que veio pessoalmente me informar. Fui na veterinária, vi o corpo, chorei. Toquei, beijei. Mas como das outras vezes, eu sabia que não era ela que estava ali. Era apenas e somente uma linda carcaça. Apenas a roupinha que ela usou aqui na terra. A Sarah verdadeira, tá no céu, onde tem árvores de Whiskas sachê, e grande campinas, com grama e mato para ela comer e arbustos dos quais brotam bolinhas de papel. Onde gente como meu avô e meu amigo, ambos falecidos,vão arrancar essa essas bolinhas e jogar para que ela busque. E onde, ela finalmente, vai conseguir pegar o próprio rabo.

Quanto ao que levou a esse óbito,não tem muita explicação. Ela estava com anemia e um pouco desidratada. Também emagrecendo, isso eu já tinha percebido, mas achei que fosse coisa da mudança, da adaptação ao fato de eu vir morar sozinho, tendo trazido minhas filhas felinas junto. Talvez, eu pensava, apenas ela estivesse se adaptando aos poucos, e por isso sentindo menos fome. E olha que eu via ela comer. Eu via ela beber água. Mas aparentemente, não o suficiente. Não sei. A veterinária ficou tão chocada quanto eu. Vão fazer uma necropsia para tentar descobrir o que aconteceu.

A Sarah sempre foi meio frágil, ao mesmo tempo em que era arredia. Pelo menos a que pegássemos ela no colo. Carinho era só quando ELA queria.Que colo, que nada, ela gostava mesmo era do quentinho da parte de cima do subwoofer do meu “Home Teather”.

Estou muito triste e sei que, no dia a dia, essa tristeza vai se agravar por conta das inúmeras lembranças de coisas cotidianas que remetem a ela.

Nós adotamos em uma pet shop, com um mês de vida. E sabe onde ela morou os quinze dias desse primeiro mês de sua vida? Na rua. Como se diz, na sarjeta. A abandonaram Bebê ainda na rua para morrer. Bom, falharam. Ela sobreviveu. Não sem seus traumas, mas sobreviveu. Acabou sendo uma gata meio espiada, que se assustava com qualquer barulho ou movimento brusco. Não pagava imposto para sair correndo, “fugida” e se esconder.

Mas também fico feliz, pois graças a meu pai e minha mãe, e um pouco a mim também, ela teve o resto de sua curta vida cheia de amor, carinho, atenção, comida da melhor qualidade (às vezes até rolando uma Whiskas Sachê), corridas e brincadeiras com sua maninha, Lana, e principalmente brincadeiras com bolinhas de papel (era um sarro, a gente mal amassava um papel e ela já achava que era para buscar bolinha). Ou seja, depois daqueles quinze e horríveis primeiros dias de sua vida, ela foi feliz na maioria do tempo restante.

Espero que esteja ainda mais feliz lá em cima. E que no futuro eu a encontre e possa pegá-la no colo e acariciá-la, sem que ela estremeça como se alguém, do seu triste inicio de vida, fosse machucá-la.



SARAH, TE AMO.



Beijos aos que lerem.


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