segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Déjà Vu (Repetindo Minha Vida)



E minha velha e boa ideação suicida, está de volta. Agora, após os 12 ECTS, achei que não ia sentir nada negativo, ou pelo menos que iam diminuir meus sentimentos depressivos, minha angústia, minha ansiedade, minha insegurança e minhas paranóias. Ou melhor, que iam diminuir os sentimentos depressivos, a angústia, a ansiedade, a insegurança e as paranoias. Pois não quero que elas sejam minhas. Quero que elas não me pertençam mais. E, como disse, achei que iam diminuir. Mas agora parecem estar de volta.

Tenho tido muitos “déjà vu”. E começo, depois da repetição de acontecimentos e situações ficarem muito comuns, a duvidar de que sejam realmente “déjà vu”. Começo a pensar que estou realmente revivendo acontecimentos. Que de alguma forma voltei ao passado e que estou repetindo coisas que já vivi.

Idéias aparentemente insanas pipocam na minha cabeça. E se o ECT de alguma forma faz com que voltemos no tempo? Mas daí meu raciocínio lógico pensa: Então eu não lembraria de ter feito os ECTs.

Mas a ideia mais forte é a de que minha família está em um complô contra mim, por algum motivo. Talvez por me acharem vagabundo. Talvez para fazer eu me tornar mais resistente às frustrações, paranóias, tristezas e por aí vai, então eles criam novas para me testar. Só que todos esses pensamentos me fazem pensar que eles são meus inimigos, e fico sem saber em quem acreditar.

Me dá uma imensa vontade de chorar, um desespero de não saber se posso confiar em alguém. Se devo pegar alguém, como meu irmão, que acho que não faria isso comigo, por exemplo, para perguntar sobre se alguém tentou fazer ele participar dessa farsa.



Por fim, como é de se esperar de mim, me dá vontade de acabar com tudo. De tomar uma nova overdose de remédios, ou pular de um prédio, ou dar qualquer jeito de acabar com todas essas loucuras e insanidades que ameaçam engolfar meu cérebro. Penso então que o melhor meio, é deixar de existir totalmente. Ir embora dessa porra de mundo desgraçado.
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sábado, 1 de outubro de 2016

Velhice (Pelo Que Viver?)

Pelo que viver? Por que motivo devemos continuar, se na maioria das vezes há tanta escuridão no futuro? Se o FIM é quase sempre tão escuro, sombrio e ingrato.

Minha avó, tinha tudo. E batalhou e trabalhou muito, assim como meu avô, para ter tudo que tinha. Ela é poeta. Alguém que, mesmo sem entender direito meus escritos que, na minha adolescência, eram de certa forma tétricos e lúgubres, sempre me estimulou a continuar escrevendo, seja lá o que fosse. Mas como eu dizia, ela tinha tudo, mas hoje, por ter chegado aos 92 anos, tem quase nada em comparação com antes. Hoje, como diria a Dido, na música Life for Rent, nada do que ela tem é realmente dela. Até o final do ano passado, ela tinha o maior de todos os bens, alguém que a amava incondicionalmente. Meu Avô. Mas ele sucumbiu. Morreu no final do ano passado. E ela ficou sozinha nesse mundo. Tem uma casa enorme, um bom carro, muitos bens, mas sem poder usufruir, inclusive dessa casa onde não pode morar pelo fato de casa ser enorme, por não poder mais ficar sozinha, enfim, pelo fato de ter chegado ao 92 anos.

Tentei o suicídio no dia 20 de setembro. Estarei eu realmente tão errado por isso?

Estou de volta, temporariamente a casa de meus pais, pelo menos até terminar as 4 semanas de ECT. A casa dos meus pais é de dois quartos, então, temporariamente, estou nesse quarto, que é onde minha avó mora atualmente. Onde nada que ela ela tem é realmente dela, e quando nada do que é realmente dela, ela realmente TEM. Eu entendo por que ela queira dormir o dia inteiro. Do por que fica deprimida. Não é por ela ela estar cansada. É por estar limitada pelo físico. Pois mesmo com seu cérebro falhando um pouco, mesmo ouvindo muito pouco, ainda há nela a poeta que quer ver o lado bonito da vida e criar odes a ele. Que quer ter sua própria vida e tocar de novo o amor palpável que existia, e acho que existe ainda, entre ela e meu avô. É sentir a presença e não só espiritual do meu avô.

Então hoje, acordei muito cedo e vi ela deitada tão pequenina em sua ancienidade, tão fragil em sua velhice, e entendi por que, apesar da casa ser da mãe, minha avó tenta dar ordens aqui também. Pela primeria vez consegui REALMENTE, colocar-me no lugar dela. Ontem enquanto tirava da mesa, após o jantar, disse a ela que não precisava listar o que devo tirar ou não da mesa, já que eu já fizera isso muitas vezes. Disse isso, mesmo que sem falar de forma agressiva, por que fiquei irritado. Mas agora entendo. Aí está ela, frágil e não mais realmente dona da sua vida. Não mais realmente dona de nada. Seu dinheiro, ela guarda. Usa uma parte nas depesas, como uma ajuda a minha mãe já que mora aqui agora. O resto, ela guarda. Para que, eu não sei. Minha mãe quer que ela contrate uma cuidadora, já que isso seria realmente importante para o bem estar da minha avó na sua atual idade. E talvez seja esse o problema todo. Talvez, ela guarde dinheiro, para não aceitar sua idade. Acumula, que foi o que fez durante grande parte da vida, para acreditar que tudo continua igual. Que existira um amanhã, mesmo nesse momento em que tudo é ainda tão incerto.
Então me vem a dúvida. PELO QUE NÓS VIVEMOS? E o que realmente possuímos? A única resposta que me ocorre, é que vivemos pelo amor verdadeiro. Pois o resto não é eterno. E sabendo disso, finalmente entendo a frase da música da Dido:
“Nothing I have is truly mine.”


Mas, para ser completamente honesto, não entendo é nada. Apenas sou alguém que tento encontrar algum sentido nessa mixórdia toda chamada vida. Alguma razão. Algum motivo para continuar vivendo. Para não dar um fim a tudo. Para lutar. Para não ceder à minha estupidez chamada de loucura. E, principalmente á forte companheira que vive comigo faz tantos anos: A Ideação Suicida.
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