domingo, 3 de abril de 2016

NOVO COMEÇO



Como começar, quando não é o começo? Bom, vamos pelo começo. Ou pelo fim. Se bem que dizem que cada fim é um novo começo. Então vou iniciar um por algo que para mim é de extrema importância:

MEU PESO E FORMA FÍSICA

Bom, saibam que eu quase morri. Um belo dia eu passei mal, fiquei com uma dor horrível na barriga. Fui num hospital de 5ª da cidade onde me encontrava, pois não estava na capital, onde foi diagnosticado, erroneamente, por um médico incompetente e desinteressado, como infecção urinária. Digo que esse primeiro médico era incompetente, por que ele NEM AO MENOS ME EXAMINOU! Apenas me fez meia dúzia de perguntas e deu o diagnóstico. Alguns dias depois, fui para no hospital. Num decente, onde o médico, desta vez competente, detectou a diverticulite.

A merda é que, por culpa do primeiro médico, quando saiu o segundo diagnóstico já era tarde demais. Algumas horas após sabermos que era diverticulite, enquanto eu estava no quarto do hospital para fazer mais exames, meu intestino ESTOUROU. Literalmente. EXPLODIU. Rompeu-se.

Daí o médico, em uma cirurgia de emergência, teve que limpar tudo e arranjar um jeito de me salvar. O jeito foi fazer uma colostomia, que talvez fosse temporária, talvez não. Dependeria da minha recuperação nos meses seguintes. Não vou explicar tudo, pesquisem, se quiserem, mas já aviso que é nojento.

E então, quando voltei do hospital para casa, e comecei meu pós-operatório, descobri em meu pai, alguém que eu nunca havia conhecido. Pelo menos não completamente. Que fez coisas que eu jamais julguei ele seria capaz ou faria. Foi ele meu suporte, durante boa parte do pós-operatório da primeira cirurgia. Tudo isso começou no fim do ano de 2012.

Em 2013, precisei de cuidadoras, e foi aí que conheci a Samanta, uma pessoa super especial que me acompanhou por acho que dois anos. Primeiro como cuidadora, depois como acompanhante terapêutica. Hoje somos muito amigos e acho que, da missão que temos na vida um do outro, boa parte está cumprida. Acho que eu fiz uma grande diferença na vida dela e ela na minha.

Entrei numa depressão muito profunda, devido ao saco de merda que fui obrigado a carregar pendurado na barriga por 4 meses. E depois pelo sofrimento da cirurgia e reversão em abril de 2013. Sim, eu sei, devo dar graças a Deus por não ter sido colostomia permanente, e eu dou, mas mesmo assim, isso não anula o sofrimento da 2ª cirurgia. E nem o da terceira, pois houve uma terceira, já que tive uma hemorragia na noite posterior a da cirurgia de reversão.

Sobre minha aparência, depois disso tudo: Eu estava gordo, inchado, cheio de cicatrizes e, como eu disse antes, numa depressão sem fundo. Não fazia nada sozinho.

Se hoje consigo fazer as coisas sozinho, como tomar banho, me manter sempre barbeado, cortar as unhas, entre outras coisas, devo isso a meus pais, a Simone, e a minha psicóloga. E a mim, que sou um guerreiro, apesar de as vezes, eu mesmo duvidar.

Depois que passei tudo isso, ainda tive uma hérnia na barriga e tive que fazer mais uma cirurgia.

Quando afinal acabaram as cirurgias, e parei para realmente me olhar, no aspecto físico, fiquei chocado e desesperançado. Achei que jamais voltaria a ser bonito, atraente ou sequer teria novamente “uma sexualidade”. Olhava para mim com aquelas cicatrizes e me via como uma figura assexuada e de certa forma monstruosa. O baque e a desilusão foram tão fortes que, ao invés de lutar para voltar à velha forma, pelo menos no que era possível, e me fechei dentro de mim mesmo, por trás de uma muralha de gordura que adquiri durante o período das cirurgias e no decorrer dos anos seguintes. Uma muralha que ninguém poderia derrubar, exceto eu mesmo. O grau de desesperança era tamanho, que doei todas as roupas de quando eu era magro. Não por que me gostasse como estava, mas por julgar não ter forças para mudar. Havia desistido de lutar com o peso, assim como desistira de lutar por e contra muitas outras coisas. Por fim, no ano passado, alcancei a faixa dos 102kg. Praticamente cruzando a porta da obesidade. Digo isso pois calculei meu IMC, de acordo com minha estrutura óssea, e ele indicou exatamente isso que eu falei. Resolvi tentar uma reeducação alimentar tradicional e não tive sucesso. Mesmo aliada à caminhadas diárias, perdi um pouco de peso e depois estacionei. E passava o dia com fome, mesmo sendo generosa a quantidade que eu poderia comer por dia. O problema, mesmo, é a quantidade absurda de remédios que eu tomo. Quase todos provocam aumento de peso. Ou de apetite, para ser mais específico. Um médico que eu tinha dizia que o remédio não engorda, o que engorda é comer. Queria ver se ele tomasse todos os remédios que tomo, se ele iria resistir à fome infernal que eles causam.

Ano passado, tive duas internações psiquiátricas. Uma no meio do ano, após minha tentativa de suicídio, para fazer uma série de 10 ECTs e outra por outros motivos em dezembro. Futuramente voltarei ao assunto, mas por ora, o que importa é que nessa última internação resolvi fazer a Atkins. Li o livro e, quando saí, comecei a fazer. Também descobri que havia uma nova Atkins, mais atualizada e embasada nas mais recentes pesquisas cientificas, e me encantei ainda mais pela proposta e características gerais. Adotei a Abordagem Nutricional Atkins e, desde o inicio do ano,  já emagreci quase 10 kg.

Quanto às cicatrizes em meu abdômen, atualmente penso que estão ali para mostrar que sou duro na queda. E que tenho muito a fazer nesse mundo ainda, mesmo que às vezes pense ou sinta o contrário.

Bom, vou ficando por aqui. Tenho mais a contar, muita coisa aconteceu desde que parei de escrever no BLOG. Principalmente sobre meu amigo, que se tornou depois meu namorado. Mas por hoje chega.

Beijos aos que lerem.

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