sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Amor



Por fim, tomei a decisão. Resolvi arriscar. Estou namorando meu amigo. Quer dizer, talvez agora deva chamá-lo de namorado. Mas a frase “Estou namorando meu namorado” ficaria feia e estranha. Além do mais, ficaria difícil de vocês saberem de quem estou falando, já que os personagens mais conhecidos daqueles que já leram meu blog são o “meu amigo” e o “meu ex-namorado” (esse último também conhecido simplesmente por “meu ex”). Até o momento não existia um personagem chamado “meu namorado”, e confesso que ainda terei de acostumar-me com a mudança de nome (aqui no blog) e de posto (na minha vida) do meu amigo. Ou melhor, do meu namorado, para já começar a chamá-lo assim. Estou começando a pensar seriamente em criar nomes fictícios para os personagens que povoam meus relatos, ao invés de nomeá-los pelos postos que ocupam na minha vida. Se bem que acho que isso poderia confundir novos leitores e também acho que seria difícil para mim de escrever com fluência, chamando os personagens por nomes que não são os que estou acostumado a usar. Sei lá, vou pensar um pouco nisso.


Voltando ao assunto, comecei a namorar o meu amigo nesse fim-de-semana que passou. Na prática, não mudou muita coisa, nosso relacionamento anterior já parecia muito com um namoro, mas confesso que eu sinto-me diferente. De uma forma positiva. Sinto-me mais leve, como se realmente estivesse fazendo a coisa certa dessa vez. E a vontade de ver meu ex, apesar de não ter sumido, diminuiu consideravelmente. Perdeu força e parece cada vez mais uma má idéia, apenas um mecanismo de auto-boicote que aparece quando estou começando a ir bem. Tipo, na verdade sou bem diferente daquilo que aparento externamente, sou inseguro e minha auto-estima tem muitas oscilações, altos e baixos. Tenho dificuldade de aceitar que mereço algo de bom, pois uma parte de mim se considera má. Por isso, quando estou recebendo algo bom demais, crio barreiras e tento estragar aquela coisa boa. Aquela repulsa que eu disse que sinto na hora do sexo por homens que realmente me tratam bem, que são legais comigo e me vêem como mais do que um pedaço de carne, é uma barreira que eu mesmo criei e somente eu posso vencê-la. E eu estou conseguindo isso. E esse desespero que às vezes sinto para ver meu ex, é minha auto-estima doente, buscando aquilo que julga merecer.


Já conversei por diversas vezes com minha psicóloga sobre aquilo que meu ex causa em mim, sobre o quê sinto, e que costumo chamar de amor e ela sempre me questiona com uma mesma pergunta, quando descrevo meus sentimentos: “Você acha realmente que ISSO é amor? Você realmente julga que o amor é ASSIM?”


E eu, naquele meu funcionamento de auto-boicote, respondo que sim, isso é amor. Mas não respondo com segurança. Não respondo com verdade. Chega uma hora, quando diversas pessoas lhe dizem repetidamente uma mesma coisa, que você começa a se questionar se ela não é mesmo verdade. Pensa que talvez não seja amor. Talvez seja uma obsessão, um sentimento doentio, que me coloca num jogo doentio e me faz agir de forma doentia, até que tudo chega a um clímax doentio. Na nossa história já houveram alguns clímaces, como agressões físicas, minha recaída nas drogas durante nossa relação, minha posterior tentativa de suicídio, até chegar ao surto psicótico que tive. Está certo, eu tenho uma doença. Mas meu ex também tem. E o problema é que nossa relação também tem. Nossa relação e nossas doenças se misturam, e cada um de nós joga o outro cada vez mais para o fundo do poço de nossas doenças, até não restar mais nada além de dor e escuridão. Daí nos separamos. Só que então, um de nós procura o outro, acabamos voltando a ficar juntos, até que haja outro clímax. O último clímax que houve foi meu surto psicótico e o surgimento do fanatismo religioso do meu ex. Eu não pude suportar enfrentar ambas as coisas ao mesmo tempo, por isso terminei. O resto da história vocês sabem, ele agora diz que virou heterossexual e não namora mais homens, mas sempre que nos encontramos, transa comigo. Só que se agora eu sei de tudo isso que disse acima, minha função, como ser humano em constante evolução, e, principalmente, como um doente em tratamento, não é simplesmente aceitar isso como fato da vida e me render, mas sim lutar contra com todas minhas forças até vencer. Essa é a coisa certa, isso que é o melhor para mim e é o que resolvi fazer.


Namorar o meu amigo, foi uma decisão nesse sentido. Estou indo em direção ao que é bom para mim. Meu namorado (chamei de amigo antes, mas foi por que ainda estou me acostumando) me dá muitas coisas boas, como companheirismo, amizade verdadeira, cuidados e preocupação genuína com meu bem estar. Além de muito prazer na cama. Ainda sinto um pouco de repulsa, é verdade, mas também descobri que sinto muito prazer com ele. Na verdade de uma forma que ninguém me fez sentir antes. Eu poderia dizer, que meu amigo está me ensinando a RECEBER prazer. Antes, sempre era eu a dar prazer para os homens. Claro que sentia prazer nisso, mas o PRAZER (assim, com letras maiúsculas) de ter alguém preocupado com o meu prazer, em explorar o meu corpo, realmente consciente de minhas reações, é algo relativamente novo para mim. Nisso, eu sinto-me como um virgem sendo ensinado. E essa sensação é maravilhosa.


Tá, agora você diz, mas você gosta apenas do que ele lhe dá? Mas e o que ele é? Aí que está. Ele é exatamente o que ele me dá. Ele se doa a mim. Ele é uma pessoa doce, gentil, romântica, carinhosa, protetora, sempre preocupada em agradar aos outros e que adora dar presentes. Claro que tem seus defeitos, e provavelmente falarei deles aqui no futuro (namoro é assim), mas eu gosto da pessoa que ele é. E muito.


Ainda não tenho coragem de dizer para ele que o amo. Não sei se o quê sinto é amor. Mas nunca fui muito bom nisso. Talvez eu não saiba o quê é o amor. Talvez eu nunca o tenha sentido, talvez nunca vá sentir por ninguém, talvez não seja capaz. Às vezes acho que eu não reconheceria o amor, mesmo que ele batesse na minha cara. Mas será que isso importa realmente? Será que eu saber que aquilo que sinto por ele é justificativa o suficiente para ficarmos juntos, mesmo não sabendo nomear o sentimento, não é o suficiente? Só o tempo dirá. E talvez, no final, eu descubra que esse sentimento que não sei nomear é o amor. Talvez um amor que só está esperando eu vencer todas essas barreiras que coloquei, para mostrar-se com toda sua força. Ah, esqueci de dizer uma das qualidades do meu amigo: ele é super paciente. Então, se for para acontecer de amá-lo futuramente ou de descobrir que o amo desde o início, mesmo que demore, vai acontecer.


Dúvidas? Todo mundo tem. Meu amigo deve ter as dele também. O que importa é que mesmo assim estamos indo em frente. E me sinto ótimo. E, principalmente, me sinto no caminho certo. Beijos aos que lerem.
Trazer à Luz... ››

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Compulsão



E nada mudou por enquanto. Continuo solteiro, continuo com vontade de ver meu ex. Se bem que correto seria dizer que nada mudou na prática ainda, pois na minha cabeça, eu tomei uma decisão. Vou namorar meu amigo. Vou arriscar.

Pensei bastante essa semana, e realmente não tenho certeza do futuro, continuo a não saber se sou confiável. Mas percebi que machucar o meu amigo e me machucar, são coisas que podem acontecer mesmo que finjamos não estar namorando. Então melhor namorar de uma vez, não acham? Afinal, apesar de não estarmos namorando, quando encontrei meu ex, o meu amigo sentiu-se traído e eu me senti o traindo.

A vontade de ver meu ex não sumiu. Eu senti uma necessidade muito grande de vê-lo uma última vez antes de começar um namoro com meu amigo. Conversei sobre isso com minha psicóloga e ela observou que já houve diversas “últimas vezes” entre meu ex e eu. E é verdade. Cogitamos a hipótese de eu estar tentado estragar o que tenho com meu amigo, antes mesmo de começar. Meu funcionamento é assim. Meu ex me faz mal, e sempre que o procuro, é quando está havendo uma melhora em minha vida. Daí começam de novo as dúvidas e angústias que ele me traz.

Aliás, é interessante. Vocês lembram que há alguns posts atrás eu escrevi que sentia repulsa na hora do sexo com meu amigo e que lentamente essa repulsa está diminuindo? Eu não senti isso só com ele. Eu acho que disse que senti isso com todos outros homens que não meu ex no outro post, mas na minha última consulta percebi que não era verdade. Eu senti isso somente com as outras pessoas DECENTES que tentei ficar depois que me separei do meu ex. Só as que me trataram bem, me deram presentes, foram queridas, carinhosas e legais comigo. As outras, aquelas que eu fiz apenas sexo casual e nunca mais vi, não senti repulsa nenhuma.

Acabei de falar do sexo casual e esse sempre foi um problema na minha vida: Tenho compulsão por sexo. Esse é um dos motivos pelo qual não confio muito em mim para namorar, o problema não é apenas os meus sentimentos por meu ex. Eu traí todos os meus ex-namorados. Claro que alguns mereceram cada par de chifres que coloquei neles, como é o caso do meu ex, mas sei que no caso do meu amigo ele não mereceria. E eu sinto necessidade de fazer coisa erradas, sinto atração pelo perigo, pelo proibido, pela perversão, pela sujeira. Além, é claro, de pelo desafio. Talvez por isso que sinta essa obssessão pelo meu ex. Ele reúne tudo isso em uma coisa só. Transar com ele me desafia, pois tenho que seduzi-lo a cada vez. É sujo, pois ele enxerga o sexo dessa forma, é perverso, pois eu o estou corrompendo a cada vez, fazendo-o cair em tentação, de acordo com seus conceitos cristãos de pecado e culpa. O sexo casual não preciso explicar, né? Encontrar uma pessoa estranha, seduzi-la, transar com ela, às vezes mesmo sem saber seu nome, e depois nunca mais vê-la, é uma coisa que atrai cada vez mais gente pelo que percebo ultimamente. Principalmente homossexuais e bipolares. Mas eu não acho uma coisa positiva. Ou melhor, eu sei que para mim não é uma coisa positiva. Faz eu me sentir sujo depois, usado e descartável. Eu sei que a pessoa que transou comigo também foi tudo isso, de certa forma, mas isso não me ajuda a lidar com meus sentimentos de inferioridade e com a baixa que isso dá na minha auto-estima. Quero dizer, isso aumenta ela na hora do acontecido, mas depois a faz cair. Um funcionamento parecido com os das drogas. No entanto, quando encontro alguém que me respeita e me deseja pelo que realmente sou, não apenas pela minha beleza ou por meu charme, alguém que quer transar comigo com carinho e afeto, eu sinto repulsa.

Acho que o nome disso é medo de ser feliz. Acho que me considero tão indigno do carinho e afeto das outras pessoas, que as rejeito ou as machuco tanto até as fazer me rejeitarem.

Mas isso tem que mudar. Agora já tenho 26 anos. Estou em tratamento, psicológico e psiquiátrico. É a hora propícia para começar as mudanças. Garantias? Ninguém tem de nada, é tudo tão incerto. Minha terapeuta falou que eu poderia encarar essa coisa de querer ver meu ex, como um desafio. O desafio verdadeiro, não é vê-lo e transar com ele, isso eu já sei que consigo, já o fiz por diversas vezes. O desafio é não vê-lo, é controlar meus sentimentos e impulsos, é ter controle sobre eu mesmo e minhas atitudes. O futuro eu não conheço, mas o presente eu posso fazer. Hoje, eu posso tomar decisões. E minha decisão hoje, é de não ligar para meu ex, não ver meu ex, e valorizar quem realmente me valoriza.

É difícil e vai ser por algum, eu bem sei. Mas sabem o negócio do sexo casual? Eu consegui deixar de lado. Era praticamente um vício para mim, mas já faz algum tempo que consegui vencer e tomar o controle de mim. Hoje, quase não sinto vontade. Fiz o mesmo em relação às drogas e ocorreu a mesma coisa, hoje eu quase não sinto vontade.. Por quê com meu ex seria diferente?

Claro que talvez amanhã eu chegue aqui e diga “Hoje eu vi meu ex”, mas já fico feliz em saber que hoje, com certeza, isso não vai acontecer. É o conceito do tratamento de dependência química, o “só por hoje”. É útil para várias coisas. De 24 em 24 horas fazemos nossa vida.

E é isso que desejo, muitas 24 horas sem ex para mim. Beijos aos que lerem.
Trazer à Luz... ››

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Descobertas

Tem coisas que você tenta esconder, mas sempre acabam sendo descobertas. Foi exatamente o que ocorreu comigo: Meu amigo descobriu sobre meu contato recente com meu ex.

O meu blog não chega a ser um segredo para as pessoas que me conhecem, elas sabem que ele existe, mas na verdade ninguém exceto minha psicóloga sabe o endereço. No início meu amigo até sabia (antes de eu começar a escrever sobre ele aqui), mas um dia ele tentou entrar nele aqui na minha casa e havia esquecido o endereço. Quando ele olhou para mim, esperando que eu lhe desse o link novamente, eu disse que não lhe daria, pois havia pensado melhor e achava que meus amigos lerem o meu blog poderia me inibir na hora de escrever. Principalmente se eu sentisse necessidade escrever sobre eles. E a coisa ficou assim, ele não tinha mais o link, e eu estava livre para escrever sobre o que quisesse no meu blog, sem me preocupar se magoaria alguém com isso. Claro que comecei a tomar precauções, como acessar o blog usando apenas meu usuário no computador. Divido o computador com meu irmão e temos mais de um usuário, normalmente as visitas entram no dele por que o meu tem senha. E à partir daí, meu amigo quando usa nosso computador, entra apenas no usuário do meu irmão.

Só que ontem, quando o meu amigo estava no quarto dos meus pais e eu na sala de estar, que é onde fica o computador, entrei no blog pelo usuário do meu irmão, pois era a conta que já estava aberta. Eu queria apenas ver rapidamente se mais alguém havia comentado aqui no blog. Mas quando já estava saindo quase saindo do blog, havia clicado para abrir a janelinha aonde se limpa o histórico da internet, meu amigo chegou na sala, e eu não tive como fechar o blog antes que ele o visse, pois a janelinha do histórico impede que você faça coisas como fechar abas. Tive que fechar rapidamente o negócio de limpar histórico e finalmente fechar a janela para que meu amigo não visse mais nada. Depois limpei o histórico, cookies, tudo. Mas meu amigo havia visto, mesmo que rapidamente, e de alguma forma, mais tarde ele conseguiu entrar no meu blog. Talvez tenha visto o endereço, mesmo tendo sido tudo em questão de segundos. Só sei que ele entrou, ainda quando estava aqui em casa, antes de irmos almoçar. Quando cheguei à sala e vi que ele estava lendo, eu fechei o blog; metendo-me na frente dele, peguei o mouse e fechei. Mas já estava tudo perdido. Agora ele poderia ler tudo, a qualquer hora, em qualquer lugar com computador e internet. E quando olhei para a cara dele, percebi que ele com certeza já lera algo que eu não queria que ele lesse.

Antes ele estava planejando ir embora aqui de casa lá pelo fim da tarde, mas agora ele pegou a mochila dele e parecia pronto para ir sem nem almoçar. A cara dele estava tão ruim, que minha mãe perguntou se acontecera alguma coisa. Ele disse que não. Ela percebeu que ele estava pensando em ir embora, por causa da mochila nas costas dele, e disse que ele não podia ir antes de nós almoçarmos. No fim ele acabou ficando, e fomos almoçar no restaurante do clube em frente à minha casa. Quando estávamos indo para lá, perguntei para ele o que ele lera, e ele disse que foi meu post do dia 10 de agosto. Eu não fazia a mínima idéia do que escrevera dia 10, sou horrível para guardar datas. Perguntei o teor da postagem, mas ele não quis me dizer. O almoço pareceu durar um século; meu amigo, que estava sentado em frente a mim, nem olhava para a minha cara e nem me dirigia a palavra.

Esperei ele terminar de almoçar e o convidei para darmos uma volta pelo clube. Onde há uma praçinha, que eu imaginava que àquela hora estaria deserta, e foi para lá que o levei. Pedi a ele que, por favor, me falasse o que lera, para que pudéssemos conversar. Ele me disse que sabia que eu havia ligado para meu ex. E de alguma forma, como não o deixei ler a postagem inteira, ele achava que o cachorro a que me referia no título da postagem fosse ele mesmo.

Primeiro expliquei que o referido cachorro era o que ele me dera e que no final da postagem havia fotos do mesmo, pois eu havia gostado demais do presente e queria mostrá-lo para os leitores do blog.

Depois começou a difícil tarefa de explicar a ligação para meu ex. Mas não foi tão complicado quanto eu imaginava. Na verdade, meu amigo já conhecia minha história com meu ex, e também sabia dos meus sentimentos por ele que continuavam existindo. Conversamos sobre isso algumas vezes, logo que nos conhecemos e mesmo depois, mas já fazia uns meses que eu não comentava com ele nada sobre esse assunto, pois havia percebido que meu amigo estava apaixonado por mim e não queria magoá-lo. Entendam, sempre procurei ser claro com ele, e não mentir, para que ele não se iludisse. Mas também não era claro demais, para que ele não se magoasse e desistisse de mim. Conversamos e expliquei para ele que não conseguia controlar meus sentimentos por meu ex e acabei contando toda história para ele (afinal, ele ia ler o blog mesmo) de como havia entrado no Facebook, visto as fotos e acabei me encontrando com meu ex. Eu sabia que o estava machucando, mas melhor ele saber por mim, do que depois ele descobrir todo o resto aqui no blog.

Meu amigo me disse várias coisas, coisas que doem de serem ouvidas, mas todas eram verdades e eu não tinha como contradizê-lo. Ele disse que eu sou masoquista, e inclusive admitiu que talvez também seja um pouco, mas que dessa vez estava magoado demais e não podia ficar comigo, sabendo que não poderia confiar em mim. Eu não disse a ele que poderia confiar, disse a verdade: que nem eu mesmo posso confiar em mim quando se trata dos sentimentos pelo meu ex. A verdade é essa: Eu não sou uma pessoa confiável enquanto ainda amá-lo.

No fim, meu amigo foi embora, muito machucado, e eu fiquei lá, sem saber o que fazer.

Eu sei que ele sentiu isso como uma traição, apesar de não termos compromisso nenhum. E sei que apesar de sermos apenas amigos, nossa relação na realidade funciona igual a um namoro. Mas eu disse a ele, que é exatamente por isso que eu não o namorava, que eu não oficializava nada. Desde o início eu sabia que se oficializasse algo, também estaria oficializando uma possível traição. Apesar de achar antes que estava me curando do que sinto por meu ex, sabia que não havia morrido ainda meus sentimentos por ele. E sabia que quando esses sentimentos afloram, eu perco o controle.

Após algum tempo que meu amigo já fora, liguei para o celular dele. Tinha esperanças ainda de que ele talvez voltasse. Estava me sentindo muito mal. Conversamos e ele disse que precisava de um tempo, que achava que nós dois precisávamos. Disse que estava muito machucado mesmo. Mas sabem, em nenhum momento ele me culpou. Ele disse que estava magoado, mas não disse que eu o magoei, mas sim a situação.

Quando fiquei em casa, sem ele, comecei a sentir uma sensação de perda muito forte. Ainda mais forte do que imaginei que seria. Normalmente nessa situação, eu ligaria para ele, mas dessa vez a situação se inverteu, eu não podia ligar para ele, então liguei para meu ex em busca de consolo. Não para vê-lo, nem por que estivesse com saudades, mas apenas para conversar e tentar me sentir melhor. Meu ex sabe sobre a existência do meu amigo, mas acha que somos apenas amigos mesmo, apesar de também saber que meu amigo é apaixonado por mim e que já namoramos rapidamente antes. Mas ligar para meu ex foi um erro. Percebi, enquanto falava com ele, que nele não encontro consolo. Nunca encontrei. Ele nunca soube me fazer sentir melhor quando eu me sentia mal durante nossa relação. Ele sabia me machucar, mas quando eu estava em depressão, ou triste, ou sentindo sensação de vazio, ou algum sintoma da minha doença, ele não sabia nenhum jeito de me fazer sentir melhor. Meu amigo sabe, mas não meu ex.

E a sensação de perda ficou ainda pior.

Comecei a me questionar a respeito do que eu realmente queria e me senti um idiota. Um babaca por arriscar minha relação com alguém que me dá tanto, que combina tanto comigo, que é tão legal e gosta tanto de mim, por alguém que não me quer de verdade, que deixa que a religião e ridículas idéias de culpa e pecado nos impeçam ficar juntos.

Porém também tenho muito medo de arriscar, de entrar em um relacionamento sério com meu amigo, e acabar o traindo, o machucando mais ainda e que depois que eu realmente amá-lo, de tanto que o machuquei, ele não me queira mais. Isso já aconteceu outras vezes. Eu ter sentimentos confusos e acabar machucando alguém por isso, não é novidade para mim, e nem acabar sozinho no final.

E meu amigo quer que lhe dê certezas. Certezas que não posso lhe dar.

À noite, liguei para a casa dele, pois não agüentei ficar no clima em que estávamos. Falei para ele às coisas que pensei, mas disse que ainda assim não podia lhe dar garantias, expliquei para ele sobre meu medo de arriscar e acabar machucando ele e saindo machucado. Ele entendeu, mas disse que precisávamos nos definir. Ele disse que não poderia me dividir com alguém. Nem eu quero ser dividido. Sinceramente, se algum dos dois chegasse para mim e dissesse “está bem, eu te divido com ele”, eu o mandaria à merda. Ficamos de pensar sobre tudo isso e depois desligamos.

Antes de eu ir dormir, ele ainda me ligou para me dar uma boa noite. E hoje de manhã ele me convidou para dormir na casa dele no fim-de-semana. Eu perguntei se ele achava que tudo bem. Ele me respondeu que estava me convidando e eu aceitei.

E é isso. Ainda não sei o que fazer, mas estou pensando seriamente em arriscar e namorar meu amigo. Não sei se vou conseguir assim esquecer meu ex, mas pelo menos sei que me amigo sabe dos riscos. Se ele ainda assim me quiser, talvez seja a coisa certa a se fazer. A mais inteligente. E a mais benéfica para mim.

Cansei e escrevi demais (de novo). Beijos aos que lerem.

Trazer à Luz... ››

sábado, 14 de agosto de 2010

Oscilações de Peso

Gente, fizeram um comentário no meu post anterior sobre o fato de eu ter dito que durante o surto psicótico eu julgava ouvir os pensamentos das pessoas e sobre meu peso.

Quanto a leitura de pensamento, não é que eu lesse, era mais como ouvir mesmo. Como se as pessoas estivessem pensando em voz alta. E eram pensamentos bastante coerentes, mas era algo meio horrível. Se era de verdade, definitivamente não quero saber o que as pessoas pensam, pois dentro da mente elas pareciam não ter filtros, pois sabiam que ninguém podia ouvir o que estavam pensando, e era bem assim que eu ouvia as coisas. Eu escutava coisas interessantes, mas também coisas horríveis. Além do mais, um dia peguei um ônibus lotado quando estava no começo do surto e confesso que essa coisa de ouvir os pensamentos das pessoas foi meio aterrorizante. Eram como estar no meio uma multidão com todo mundo falando ao mesmo tempo. Eu conseguia distinguir o que eram pessoas realmente falando, de pessoas pensando, não sei bem como, mas eu chegava a ficar zonzo de tanta informação junta.

Quanto a poder ser verdade, que talvez realmente ouvia a mente das pessoas, às vezes tenho esses pensamentos também. Talvez eu tenha algum talento meio estranho, um mediunidade ou sei lá o que, mas sinceramente, não me sinto preparado para utilizá-lo ainda. Isso que vivi no surto me apavorou, e não tenho vontade de viver de novo. Quer dizer, até gostaria de ter esse talento, mas desde que pudesse controlar quando ele apareceria ou não, tipo um botão de liga e desliga. Com certeza no ônibus eu deixaria desligado. hsuahsuahsuas

Comentaram também no meu post anterior que obsessão por peso não é muito bom. Eu sei disso, mas é que minha história com oscilações de peso é antiga e não consigo evitar de ser meio obsessivo com isso. Vou contar a vocês minha história:

Quando eu era criança era um varinha de tão magro. Isso no colégio era um prato cheio para as outras crianças. Eu já era alvo de certa perseguição por ser diferente dos meus outros colegas. Era anti-social, introspectivo, sensível, delicado, normalmente acabava me tornando o queridinho das professoras e tinha um talento danado para o desenho. Nem mesmo no jardim isso provoca simpatia nas outras crianças. Desde aquela época sou acostumado com palavras como bichinha, entre outras palavras chulas que se usa para referir-se aos homossexuais, e que as crianças ouvem os adultos dizer e logo cedo entendem o significado, e o quão pejorativo é o termo. E ser magro não ajudava. Me chamavam de “palito de dente”, “palito engomado” e por aí vai. Eu nunca fui bom em me defender sozinho, e sentia vergonha demais para pedir ajuda a um adulto, então fui convivendo com isso e acreditando que havia mesmo algo de errado comigo. Uma das coisa que primeiro eu resolvi mudar, pois estava ao meu alcance, era meu peso. Comecei a comer muito, mas muito mesmo. Eu comia mesmo sem estar mais com fome e às vezes chegava a ficar com dor na barriga de tanto comer. Tornei isso um hábito e comecei finalmente, após algum tempo comendo assim, a ganhar peso. Só que também percebi que comer ajudava a afastar a frustração, e a ansiedade, e a tristeza e maioria dos sentimentos negativos. E depois que uma criança descobre isso, é difícil fazer ela parar. E fui ganhando peso, ganhando peso, e quando vi estava gordo. Daí de palito engomado, fui para “gordo, baleia, saco de areia”, “orca” e qualquer apelido pejorativo para gordinhos que vocês consigam imaginar.

Só que parar de comer, depois que você desenvolveu o comer compulsivo, é uma das coisas mais difíceis para uma pessoa fazer. Principalmente para alguém ansioso, inseguro, depressivo e frágil como eu era. Comer era minha válvula de escape de um mundo que me rejeitava. Só que emagrecer começou a se tornar uma necessidade, pois sendo gordo, eu sofria mais ainda do que quando era magro demais. Nessa época já estava com doze anos, quase entrando na adolescência e a vaidade começara a surgir em mim. Comecei tentar dietas, reeducação alimentar e tudo que pudesse me fazer emagrecer. Nada dava certo. Eu simplesmente não conseguia. Até que aos 14 anos fui passar uns dias na casa de minha avó paterna, que é super rígida. E ela me ensinou a ter controle. Ela não deixava eu repetir o prato. Pão, era um no café da manhã, um a tarde e deu. Comer era só no horário das refeições. E lentamente eu fui percebendo que conseguia ficar sem aquilo que eu comia antes. E ela não precisava mais me proibir, eu comia a quantidade determinada por livre e espontânea vontade. Pela primeira vez em muito tempo estava no controle de algo novamente. A sensação era inebriante.

Depois que voltei para casa, comecei a diminuir as porções de comida mais ainda, para emagrecer mais e mais rápido e depois comecei a cortar coisas do cardápio, arroz, feijão, pão, massas. Quando vi estava comendo só salada, carne e frutas. Depois tirei a carne. E cada vez emagrecia mais, e cada vez estava mais no controle sobre minha alimentação, depois tirei também a salada e deixei só as frutas, e, no fim, cortei as frutas também. Aí eu já havia espichado e estava na altura que tenho hoje, que é 1,81m. Um dia cheguei aos 65 kg. Mas eu não me achava magro o suficiente ainda, e queria emagrecer mais. Então continuei sem comer mais nada, apenas tomando água o dia inteiro. Para não dizer que não comia nada, às vezes, a cada 3 ou 4 dias, comia uma maçã, ou uma rapadura de leite.

Quando estava acho que com 63 kg, (estava emagrecendo mais devagar agora, meu corpo parecia resistir) um dia minha mãe entrou no quarto quando eu estava me vestindo e me viu de cueca. Meus pais ainda não haviam percebido que eu não comia, minha mãe fazia faculdade e trabalhava, meu pai trabalhava o dia inteiro, não comíamos muito juntos e quando me perguntavam o que eu tinha comido eu mentia que comera salada ou algo assim.

Uma semana após minha mãe me ver de cueca, fui mandado a uma psicóloga. Na verdade eu já fiz muita terapia, quando era criança, fiz terapia dos 6 aos 12 anos com uma psicóloga infantil, por quê meu pai me achava “diferente” dos meus outros irmãos. Isso quer dizer exatamente ele não queria que eu me tornasse gay um dia, esse era seu maior medo em relação a mim. E foi para ela que me mandaram novamente dessa vez. Durante um tempo, acho que enganei ela, montava cardápios naturais inteiros contando para ela o que comera ou deixara de comer, mas já nos conhecíamos há muito tempo, e após um tempo cansei de mentir e disse que não comia mesmo, não ia comer, queria emagrecer mais ainda (nessa época cheguei aos 60 quilos, estava irreconhecível), não via nada de errado nisso e estava me lixando para o que ela pensasse. Além do mais, ela não podia contar nada a ninguém por que isso iria contra seu código de ética profissional. Ela durante algum tempo tentou me convencer a voltar a comer, explicou que o quê eu tinha era Anorexia Nervosa, explicou os horrores da doença, me mostrou fotos de anoréxicos para tentar me assustar (eu apenas achava as fotos lindas e sonhava em ser como as pessoas que elas mostravam. Tinha vontade de arrancá-las dos livros dela e colar todas no meu guarda-roupa), mas nada adiantou. Só que eu estava enganado quanto ao código de ética profissional. Realmente ela não podia contar nada do eu dizia a ninguém, EXCETO EM CASOS DE RISCO DE VIDA.

Ou seja, um dia ela marcou uma reunião para meus pais e eu e contou tudo. Ameaçaram me internar, disseram que se eu não comesse iam ter que me dar soro, e eu ia inflar que nem um balão, então concordei em voltar a comer.

Durante um tempo eu consegui tapeá-los, levava minha comida para o quarto, colocava numa sacolinha, escondia e depois despachava. Só que um dia eu esqueci de despachar e meu irmão encontrou a sacola. Reunião de novo, ameaça de novo e agora tinha que comer na frente de alguém. Eu comia. Mas depois me escondia no banheiro e vomitava. Só que isso também todo mundo acaba descobrindo um dia e foi o quê aconteceu. Daí eu tinha que comer na frente de alguém e depois tinha que ficar na companhia de alguém para que não pudesse ir ao banheiro. Tipo, eu sei que eu estava doente, mas vocês não imaginam a raiva eu sentia deles por me obrigarem a comer.

O tempo foi passando, fui recuperando o peso com uma rapidez espantosa, me odiando por isso. Após um tempo tive que parar a terapia, eu já não tinha tanto controle sobre o que comia e meu peso se estabeleceu em 75 kg e lá ficou por muitos anos. Quer dizer, meu peso oscilava. Nunca me satisfiz realmente em ter 75 kg, queria ser mais magro, mas já não tinha a opção de ficar sem comer, por que agora meus pais estavam sempre atentos a mim. Mas existem dietas, e eu tentei todas. Mas era tão rígido comigo mesmo, e meu humor variava tanto, também tinham os sofrimentos, dúvidas e frustrações da adolescência, que chegava uma hora que não agüentava mais e caia em orgias de comer compulsivo e engordava até voltar aos 75 kg ou até passar um pouquinho. Mas no geral, esse era meu peso mesmo. Até que tive o surto psicótico.

Quando tive o surto tive que tomar remédios muitos pesados, como eu disse no meu post anterior, remédios que me davam uma fome incontrolável, e, mais rápido do que eu poderia imaginar, cheguei aos 100kg. Depois que terminei com meu ex e finalmente troquei os remédios por alguns com menos efeitos colaterais comecei a emagrecer e até agora continuo a emagrecer. Descobri a dieta adequada para mim e já a sigo faz quase dois anos. Algumas vezes parei, fiz um pouco da manutenção e depois continuei o emagrecimento. É uma dieta metabólica, baseada no índice glicêmico dos alimentos e no controle da glicose e da insulina no organismo. Dá super certo, atualmente estou com 69,5 kg e minha meta é chegar aos 67 e começar a manutenção. Às vezes ainda tenho uns ataques de comer compulsivo, normalmente quando sou rígido demais comigo mesmo na dieta, mas estou aprendendo técnicas para lidar com esses ataques e atualmente tenho tido sucesso. Descobri que o segredo para emagrecer é conhecimento, uma certa flexibilidade e muitas substituições. E também ajuda se você realmente procurar apreciar sua nova alimentação. E não menosprezar a si mesmo e seus resultados. E procurar não jogar tudo para o alto, apenas por causa de um dia que você falhou na sua disciplina.

Ainda tenho certa obsessão por meu peso, mas agora é algo com que consigo lidar de uma forma positiva. Hoje em dia sei tanto sobre nutrição e emagrecimento (li muito sobre isso até descobrir o livro que me ajudou, que se chama A Dieta de South Beach) que às vezes acho que poderia seguir carreira nessa área.

E essa é minha história com meu peso. Desculpem se me prolonguei demais, tá? Então paro aqui. Beijos aos que lerem.

Trazer à Luz... ››

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Inconstância Emocional

Falei hoje com meu ex ao telefone novamente e dessa vez me lembrei de todos os motivos pelo quais terminei com ele quase 2 anos atrás (foi em outubro). Sim, minha gente, apesar do que possa parecer pelos meus outros posts, não foi ele que terminou comigo, fui eu que dei um pé na bunda dele. Por não agüentar mais sofrer com sua depressão, seu humor inconstante, suas ausências físicas ou emocionais, sua irritação descontrolada e seu, na época em estágio inicial, fanatismo religioso. Ah, faltou falar de suas observações “carinhosas” sobre meu excesso de peso. Era uma das coisas que mais doía. Eu sabia que estava gordo, eu odiava estar gordo, meu peso sempre foi uma obsessão para mim, a ultima coisa que eu precisava era suas observações a esse respeito ou seu “incentivo” para que eu emagrecesse. Eu estava em surto psicótico, porra! Tomando remédios porrada e fazendo terapia para parar de ler os pensamentos das pessoas e achar que existiam conspirações contra mim. Remédios que me davam uma fome insaciável e sono o dia inteiro, mas que eu não podia parar de tomar se quisesse voltar a ser uma pessoa funcional de novo. Eu tinha coisas mais importantes para me preocupar do que com quantos quilos estava. E a verdade é que terminei com ele como parte do processo de recuperação em que havia entrado. É por isso que ninguém que nos conhece quer que eu volte a ficar com ele, meus pais, minha psicóloga, todos que nos conhecem e viram a relação que tivemos, têm medo daquilo que ele e sua doença não tratada podem fazer à minha sanidade recém recuperada.

E hoje, a conversa que tive com ele, me fez lembrar tudo isso de novo. Ele não mudou. A verdade é essa, ele não mudou. Eu mudei, me tratei, continuo a me tratar e a mudar, mas ele continua o mesmo doente que não admite o ser, com a diferença que agora também mente a si mesmo a respeito de sua sexualidade e mergulhou de cabeça pelo caminho do fanatismo religioso.

Não que tudo isso mude o que sinto por ele. Infelizmente, não muda em nada, mas pelo menos me faz pensar e talvez, quem sabe, me dê forças para me manter longe dele. Não acredito muito nisso, porém, a esperança é a última que morre, né?

Mudando de assunto, não ACHEM que tenho algo contra religião... Tenham CERTEZA!

Estou brincando. Cada um acredita no que quer, mas sinceramente, fanatismo acho que não é bom para ninguém. Também acho que uma religião que diz que Deus não lhe ama do jeito que você é, e que irá para o inferno se viver um amor com uma pessoa do mesmo sexo que o seu, definitivamente não é mais adequada para um homossexual.

Eu não participo de nenhuma religião organizada, tenho muitos questionamentos e até hoje não achei nenhuma que responda satisfatoriamente a todos eles. Mas simpatizo com algumas e procuro ter algumas crenças. Esses dias entrei em um blog que tinha um post bem interessante com um texto que procurava explicar por que um budista não deveria acreditar em Deus, com idéias lógicas e bem embasadas. Vou reproduzir aqui o que comentei, já que dessa forma vocês me entenderão melhor:

Sinceramente? Li o texto inteiro (acho que) entendi oq ele diz, mas não posso concordar. Nem discordar. Prefiro não pensar nisso, e quando penso, procuro pensar que um ser, além da nossa compreensão, que é masculino, mas é feminino, que é pai e mãe (não me pergunte como isso é possível, ele é um, mas é dois tb, é o que quiser ser e como eu disse antes, está além de nossa lógica entendê-lo) de todos nós, de tudo que existe e de si mesmo. Procuro pensar que ele tirou a matéria prima da criação de si mesmo e que tudo existe carrega sua essência, plantas, animais racionais e irracionais, pedras, tudo. E que essa essência que existe em nós é criadora e pode ser usado se soubermos acessá-la (isso também vale para animais, plantas, pedras, tudo). Procuro pensar assim para ter o conforto que isso me traz em momentos difíceis. Se eu não procurar pensar dessa forma, tenho medo do que posso fazer, então simplesmente não penso quando não preciso, e quando sinto necessidade procuro pensar da forma que falei. Isso é muito subjetivo. Tem pessoas que conseguem viver sem a crença num Deus, outras sentem necessidade e acreditam, outras ainda procuram acreditar apesar de terem muitas dúvidas, por que quando são dominados pelas dúvidas sentem um desespero quase suicida. Eu sou o último caso.

Agora voltando ao assunto inicial do post, meu ex acaba de me ligar. Dessa vez estava mais calmo e apesar de não ter realmente me pedido desculpa pela forma como me tratou antes, praticamente o fez tratando-me dessa vez com carinho, atenção e dizendo que agora estava me dando a atenção que eu merecia. Não preciso dizer que varri todo o resto da mente e fiquei só com a parte boa da coisa. Coisas do amor...

Eu disse a ele, muito delicadamente e com bons argumentos, que talvez o que ele precisasse fosse de um bom tratamento psiquiátrico. Que talvez ele vivesse uma vida mais plena e feliz dessa forma (e de quebra, eu também, mas isso não disse a ele). Devido aos argumentos que usei (válidos e verdadeiros), ele só pode concordar comigo que talvez isso ajudasse ele, mesmo. Ponto pra mim.

Não combinamos ainda sobre o filme que veremos juntos, mas talvez isso aconteça amanhã. Sei que é errado, pensei em não ligar para ele, não vê-lo, mas é meio inevitável, sabem? Mesmo quando eu estava querendo fazer o oposto, eu já sabia que isso ia acontecer.

Já me sinto culpado por antecedência. Meu amigo vem dormir aqui em casa hoje à noite e eu adoro ele. Na verdade na hora que falei com meu ex pelo telefone e ele foi babaca comigo, a primeira coisa que me veio à mente foi que depois que meu amigo chegasse eu me sentiria melhor. Um pensamento de canalha, mas extremamente verdadeiro.

Mas gente, meu amigo acaba de ligar dizendo que está chegando, por isso tenho que parar por aqui. Beijos aos que lerem.

Trazer à Luz... ››

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sentimentos Conflituosos e um Cachorro

Liguei novamente para meu ex no sábado. Não deveria ligar, não queria ligar, mas quando vi estava ao telefone falando com ele. Dessa vez não falei sobre meus sentimentos, o quê aceito ou não sobre a nosso relacionamento ou que tipo de pessoa eu acredito que ele se tornou ou não. Falamos de amenidades, de como havíamos passado a semana, ele disse que eu não devia andar de noite na rua como fiz no sábado e foi isso. Morri de vontade de dizer que ainda o amava, de dizer que queria visitá-lo, mas não o fiz. Apenas comentei que poderíamos marcar de ver um filme juntos na casa dele (na dos meus pais ele está proibido de colocar os pés) um dia desses e para meu espanto ele concordou sem protestar.

Tipo, eu sei que é ridículo, mas apenas por essa aceitação de um convite para vermos um filme juntos eu já começo a imaginar mil coisas. Quer dizer, meu coração começa a imaginar o quê quer: que ele ainda me ama, que talvez possamos voltar a ficar juntos, assim, gradualmente, de filme em filme, de visita em visita...

Agora pensei na ironia de que há outra pessoa que pensa exatamente a mesma coisa que eu disse acima, só que em relação a mim: meu amigo.

Mas voltando ao meu ex, minha mente é esperta já, anos de terapia a fizeram assim. A verdade é que ele é um solitário, e ele tem sérios problemas emocionais que o fazem afastar as pessoas ou então se afastar delas voluntariamente, e ele não tem quem vá na casa dele ver filmes com ele. Eu fui namorado dele por 4 anos e meio, e conheço ele melhor do que muita gente, e amo ele mesmo assim e continuo o procurando. Sou uma das poucas pessoas que ele tem como algo próximo daquilo que seria um amigo. Eu sou bem vindo por quê sou preferível à solidão. Ele não me ama, ele precisa de mim. Assim como eu preciso do meu amigo. Ou melhor, ele me ama. Da mesma forma que eu amo meu amigo. Sem paixão. Com desejo, com atração sexual, mas sem o arrebatamento de um grande amor. Arrebatamento é o quê meu amigo sente por mim. E o quê eu sinto por meu ex. Sabe aquela velha história? Amigo ama Anjo Rebelde que ama seu ex que não ama ninguém (com exceção de si mesmo, por que apesar de não ser vaidoso, ele é o cúmulo do narcisista).

Minha mente também sabe de outras coisas. A relação que tenho com meu ex é sadomasoquista. É sempre um duelo, uma queda de braço onde nenhum de nós é realmente o vencedor. Meu ex gosta de me dar esperanças. Ele sabe que tudo tem um limite e no dia que fui na casa dele, ele poderia ter-me deixado na chuva e dito para eu voltar para casa. Mas não o fez por quê é sádico, e gosta de me dar esperanças e de depois me rejeitar. E eu, por se masoquista e precisar do desafio e da posterior rejeição, para que depois haja um desafio de novo, o procuro. Mas eu também sou sádico e ele também é masoquista, pois sei a culpa avassaladora que ele sente depois, tanto por transar comigo, quanto por ser sádico e me fazer sofrer, e mesmo assim o seduzo e manipulo até conseguir o quê quero e ele se deixa seduzir e ser manipulado.

Por todos esses motivos eu sei que não devo prosseguir com isso. Na verdade falei com ele agora mesmo. Depois de escrever a palavra “manipulado”, liguei para ele de novo e falamos por meia hora. Bateram no carro dele e ele estava precisando conversar e conversamos sobre nada em particular, mas ainda assim quando desliguei senti uma ânsia devoradora de vê-lo e tocá-lo, de sentir seus braços me enlaçando de novo.

Que merda! Antes de vê-lo de novo eu achei que estava me curando desse sentimento doentio!

E o meu amigo continua me amando e me dando presentes e dizendo as 3 palavrinhas para mim. Ontem eu conversei com ele e quase disse que o trai. Na verdade eu tergiversei e não disse exatamente o quê aconteceu naquele sábado, mas fui extremamente sincero dizendo que não o namoro por que não confio nos meus sentimentos ainda e tenho muito medo de que caso eu o namore tenha que um dia chegar para ele e dizer que o traí. Não sei se ele entendeu as implicações do que eu disse a ele, mas não tive coragem de dizer mais do que isso.

Esse fim-de-semana ele me deu um dos presentes mais lindos que já ganhei: um cachorrinho de pelúcia que parece um filhotinho de verdade. Tirei fotos e vou postar aqui para vocês. Foi um presente sensível, e de alguém que realmente sabe do que eu gosto. Me digam como eu poderia rejeitar alguém como ele? Ainda mais que não entendo o quê ele vê em mim. Averdade é essa, eu não entendo como as pessoas podem gostar realmente de mim. Elas vêem em mim algo que eu não vejo. Acho que elas vêem em mim o quê querem, não o que sou realmente. Imagino que se soubessem realmente as coisas que tenho dentro de mim, eu estaria sozinho no mundo.

Vou postar uma foto do cãozinho que ganhei por que achei ele muito fofo e o gesto do meu amigo, lindo. Eu avisei para ele que não devia me mimar, mas se mesmo assim ele quer, não posso fazer nada.

Cansei de escrever, beijos aos que lerem.

Fotos do Cachorro:






PS.: Desculpem se o texto está uma porcaria (eu achei), mas foi o melhor que consegui escrever essa noite. A outra opção era não escrever nada, e acho que essa não é uma boa opção.
Trazer à Luz... ››

sábado, 7 de agosto de 2010

O Sentido

Hoje li um post de uma blogueira que comentou aqui no Luz e Sombras. Falava sobre coisas que fazemos quando estamos no ônibus e me lembrei de um(a) poema/música/texto/coisasemnomequenãoseioquêé que escrevi e que foi todo formulado(a) em uma percurso de ônibus, de cerca de 15 minutos, um dia desses. Às vezes tenho esses raros momentos de inspiração. Espero que alguém goste e se identifique e que se não gostem, comentem falando mal.


* * *


Prédios todos iguais

Nos centros das capitais

Casas todas iguais

Nas Vilas

Subúrbios municipais

Você nunca se perguntou

Qual o sentido nisso?


Filhos, por que tê-los

Num Mundo sem esperança

A esperança de permanecer

Imortalidade

a um orgasmo de distância

Mas você vai morrer

Ah, você vai morrer

E antes de morrer

Vai perceber

Que seu filho não é você


Adeus, adeus imortal

Você não se pergunta

Qual o sentido nisso?


Acorda, chora, come, dorme

Acorda, estuda, come, dorme

Acorda, trabalha, come, dorme

E no final você vai morrer

Ah, você vai morrer

Você não quer se perguntar

Qual o sentido nisso?


Cuide Bem do seu filho

A vida tem que continuar

Mesmo que não seja mais a sua

Mas qual

(Pergunte-se, pare e pergunte-se)

Qual o sentido nisso?


Se trata de amor?

Ou se trata de dor?

Ama, casa

Tão difícil, sim, é difícil

Desama, separa

E a dor, a dor sempre

tão presente em tudo

Você não a sente?

Me diz, por favor

Que você já se perguntou

Qual o sentido nisso?


E você vai morrer

Ah, você vai morrer

E só espero que

Antes de ir

Você o ache

Por quê eu não o encontrei

E eu também vou morrer

Ah, eu sei que vou



* * *

Trazer à Luz... ››

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Egoísmo Saudável?

Sabem, o texto anterior que postei hoje, na verdade eu escrevi ontem à noite. Eu ia falar mais sobre culpa, já que ela está me incomodando, mas me demorei demais no relato sobre meu ex, e quando chegou na hora de escrever sobre meu amigo eu já estava cansado e com sono, por isso abreviei. Falei com ele ao telefone ontem à noite, justamente quando estava escrevendo o meu post sobre prazer e culpa. Ele me disse novamente que me ama, e novamente eu fiquei silencioso. Ele disse que achava que eu não gostava muito quando ele fala isso e perguntou se eu preferia que ele não falasse mais. Mas deixou claro que o sentimento continuaria existindo de qualquer jeito. Eu disse que não sabia se queria que ele falasse, e não sei mesmo.

Minha vontade é de mostrar meu texto para ele, o deixar saber de tudo que aconteceu esse fim-de-semana, para que ele saiba onde está se metendo. Para ele perceber a quem realmente ele está devotando seu amor. Não que me ache uma pessoa horrível. Mas sou uma pessoa que ama demais outra, que não é o meu amigo, e parece que de uma forma irreversível. Não sou merecedor daquilo que meu amigo me dá, e sinto vontade de mostrar isso a ele, para não me sentir um mentiroso, canalha, manipulador como eu disse que era no meu post anterior. E a verdade verdadeira, é que gostaria que depois de mostrar a ele isso, ele continuasse a sentir e me dar seu amor apesar de tudo.

Mas não tenho coragem. Não posso me arriscar a perde o quê ele me dá. Tudo que ele me oferece é tão bonito, e confortável, e constante... E eu preciso disso tudo, pois sei que isso os encontros fortuitos com meu ex não vão me dar. Há beleza neles, sim, há, mas também há dor e inconstância. Com meu amigo é tudo paz e gentileza e carinho, nada daquela relação meio sadomasoquista que tenho com meu ex. Preciso do meu amigo e do que ele me dá também. Mas por enquanto ainda preciso de algo que só encontro no meu ex. Por isso não tenho coragem de correr o risco de colocar tudo a perder falando para meu amigo como são realmente as coisas. O amor dele por mim deve ter um limite e não vou testar até onde ele vai.

Então é isso. Não vou dizer nada a ele, não vou machucá-lo e ainda correr o risco de perdê-lo depois. Sou egoísta demais para isso. E eu o amo. Não da forma que ele me ama, mas acho que não suportaria perdê-lo.

Acho que falei tudo que estava me incomodando para sair. Beijos aos que lerem.

Trazer à Luz... ››

Prazer e Culpa

Prazer e culpa. Por que será que esses sentimentos parecem andar sempre tão juntos um do outro? Será esse um problema só meu ou algo inerente à humanidade? Não sei. Só sei que nesse fim-de-semana esses dois sentimentos são o que predominaram em minha vida.

Acho que se fosse atualizar meu “Quem Sou Eu” no meu perfil do Orkut me definiria da seguinte forma:

· Um ator;

· Um Canalha;

· Um manipulador;

· Alguém de moral questionável;

· Um Romântico Incurável.

Para começar, no sábado entrei no Orkut do meu ex, que ele ainda não sabe que eu descobri, só para ver se havia alguma novidade. Se algo havia mudado na cabeça dele. No Orkut, nada mudou (depois descobri que na cabeça também não, nem na de cima, nem na de baixo). Daí fui no Facebook dele (que recentemente eu descobri que ele fez) e lá descobri algo de novo: Um álbum de fotos da viagem que ele recentemente fez para o interior do estado, lá no meio do mato, num sítio que ele e a família dele tem e pelo qual ele é apaixonado e euceu, só sei que no Domingo parecia que tinham me dado um afrodisíaco poderoso destinado a me fazer sentir vontade de transar com meu amigo. Talvez fosse o fato de ter transado com outra pessoa no dia anterior. Talvez fosse uma forma de compensá-lo devido à culpa que estava se adorava quando namorávamos.

A questão é: antes, tanto no Facebook, quanto no Orkut novo que nele fizera, ele não estava praticamente colocando fotos de si mesmo, com exceção de apenas uma que eu já conhecia de cor e salteado. Já nesse álbum ele deixou isso de lado e colocou uma pá de fotos onde aparece, de rosto, de corpo inteiro, com o pai, com a sobrinha e várias apenas daquela casinha do sítio que eu conheço tão bem. Isso me perturbou. Todos os sentimentos que eu achei que estava superando, mas que estavam apenas sendo reprimidos na esperança de que desaparecessem, ressurgiram e como resultado eu liguei para ele. Eu já havia ligado para ele esses tempos, mas na verdade foi exatamente quando ele estava viajando e por isso eu não tinha conseguido falar com ele e havia deixado por isso mesmo.

Dessa vez liguei para a casa dele e foi ele mesmo que atendeu. Conversamos como velhos amigos, eu enrolei, enrolei e depois de uns 40 minutos finalmente falei que queria ver ele. Ele disse que não achava uma boa idéia, porque sabíamos que isso sempre acabava “mal”. Definição de mal: eu o seduzo, nós transamos, eu digo que o amo e sempre vou amar, ele diz que isso é errado, que não podemos, que não me ama mais, que só se interessa por Jesus, Deus, Trabalho, mulheres (mesmo nunca tendo tocado em nenhuma até hoje), nessa ordem, e tenta me evangelizar, eu tento convencê-lo que nossos sentimentos são lindos, não são pecado e nem dignos de vergonha, eu vejo que não tem jeito, pergunto então se ele é hétero e não me ama, por quê ele transou comigo, ele odeia que eu faça ele ver as coisas como são e nos separamos até que eu o procure novamente. Mas como escrevi, ele falou que sempre acabava mal. Só que eu disse que dessa vez era diferente, que agora eu sabia que nunca poderíamos ficar juntos (VERDADE), que eu ainda o amo (VERDADE), mas agora entendo que ele virou um moço direito(MENTIRA), seguidor do exemplo de Cristo(MENTIRA) e não fazia mais essas coisas(MENTIRA). Que quero apenas ver ele pessoalmente, olhar para seu rosto e conversar para matar a saudades (nem preciso dizer se essa afirmação é verdade ou mentira, né?). Ele negou terminantemente.

Nesse dia chovia aos cântaros e eu perguntei se caso eu fosse até a casa dele, ele teria coragem de me deixar na chuva e não me receber. Ele disse que eu não devia fazer essas perguntas, deu a entender que deixaria, mas não disse nada explicitamente, e disse que já estávamos falando há muito tempo e tínhamos que desligar. PARA QUÊ?!

Se antes eu precisava vê-lo, se já era uma necessidade, agora era uma questão de honra. Eu precisava saber até onde ia meu poder. RESUMO: Arrumei minhas coisas e saí porta afora para a cidade, vizinha à minha, onde ele mora.

Agora detalhe: Lembram-se daquele meu amigo que eu amo de que falei em outros posts? Eu marquei de ir para a casa dele no sábado à noite e passar lá o Domingo. E ele mora em outra cidade vizinha à que eu moro.

Então lá fui eu, para a casa do meu ex, com uma mochila cheia de coisas para ir dormir na casa do meu amigo. Meu amigo com quem transo. Que está apaixonado por mim. E que no Domingo me disse aquela famosa frase de três palavras. Mas depois falo disso.

*Canalha*

Quando cheguei lá no meu ex, desci na parada atrás da casa dele, o céu desabando sobre a minha cabeça, sem guarda-chuva e liguei para ele. Só disse assim:

-Oi, sou eu, não quer vir até aqui me dar um oi?

Ele:

-Aqui aonde?

-Na parada atrás da tua casa.

Silêncio estupefato na linha.

Daí ele disse para eu ir até a frente da casa dele e sim, ele me recebeu.

*Manipulador*

Sentamos na sala de vistas da casa dele e eu como um bom menino, conversei civilizadamente com ele por 2 horas seguidas. Após o que achei um tempo apropriado, levei a conversa para o lado que eu queria e mais uma vez afirmei que:

A) Agora eu sabia que nunca poderíamos ficar juntos;

B) Eu ainda o amo;

Também afirmei que:

C) Eu ainda não superei a atração que sinto por algo indefinível que ele tem;

E, respondendo a uma pergunta dele:

D) Não, eu não estava completamente satisfeito com minha visita. Havia algo mais que eu queria e ainda não tinha conseguido.

Ele perguntou o que era e eu não respondi. Voltamos a falar de outras, mas lentamente comecei a seduzir ele, e manipular sua mente, e algum tempo depois já o estava tocando, no joelho, segurando suas mãos e mostrando a ele como meu coração disparava quando isso acontecia.

Em segundos eles estava excitado e depois que isso aconteceu, bastou eu não deixar que sua excitação passasse, exceto depois que eu conseguisse tudo que eu queria naquele momento. E tudo que eu queria naquele momento, naquela visita, eu obtive, basta dizer isso.

Prazer, indescritível, incalculável. Mas depois da beleza, vieram as palavras dele, feias, que eu sabia que viriam, mas ainda assim, me machucaram como se fossem inesperadas. Enquanto nos abraçávamos:

-Mas tu sabe que isso não muda nada, né? (Remorso, culpa, carinho, medo de me machucar, mesmo sabendo que ia machucar de qualquer jeito, se misturaram na frase dele)

-Sim, eu sei. (Vazio, resignação, dor)

E após, amenidades, já é noite, tenho que ir embora, ele me leva até a parada, me coloca no ônibus e eu vou para a casa do meu amigo.

Acabei chegando mais cedo que meu amigo, apesar de no ônibus ter dito a ele que meu ônibus estava bem mais atrás do dele, pois como fui de outra cidade que não a minha, achei que fosse chegar mais tarde que ele.

*Ator*

No fim disse a ele que na verdade queria fazer uma surpresa e por isso tinha mentido quando estava no ônibus. E aqui começou a culpa e meu lado ator. Durante a noite de sábado inteira e no Domingo também fui assolado pela culpa. Sei que não tenho namorado. Meu amigo e eu não temos compromisso algum e que ele sabe que eu não sou apaixonado por ele da mesma forma que ele é por mim; mas ainda assim algo em mim se revolta contra a idéia de correr dos braços de um homem para os braços do outro no mesmo dia. Quando cheguei na casa dele, a culpa por diversas vezes me fez sentir vontade de contar tudo a ele. Quase fiz isso na verdade, cheguei a chamá-lo para fazer, mas graças a Deus ele não ouviu. Depois cheguei à conclusão que mantenho até agora: Contar essas coisas só serve para desencargo de consciência. Só para isso e para machucar as outras pessoas. A verdade é que apesar de me sentir culpado, se tudo acontecesse de novo, acho que faria as coisas de novo da mesma forma por absoluta necessidade disso. Eu precisava do que tive sábado, mas também preciso daquilo que encontro nos braços desse meu amigo. Minha noite de sábado e domingo foram ótimos, como todas as vezes que eu fui até a casa dele. No sábado eu não queria que ele transasse comigo, para não ficar com aquela coisa martelando na minha cabeça: Transei com dois homens no mesmo dia. Isso não me faz bem. Mas no fim não resisti e praticamente, pelo que eu fiz com meu amigo no sábado, dá para se dizer: Ele transou com dois homens no mesmo dia.

Paciência. Só o que posso agora é sentir um pouco de culpa. Mas ainda assim:

*Alguém De Moral Questionável*

Daí no domingo aconteceu algo inédito e significativo. Eu e meu amigo passamos para a próxima etapa. Transamos com penetração. Não sei bem como aconteceu, só sei que no Domingo parecia que tinham me dado um afrodisíaco poderoso destinado a me fazer sentir vontade de transar com meu amigo. Talvez fosse o fato de ter transado com outra pessoa no dia anterior. Talvez fosse uma forma de compensá-lo devido à culpa que estava sentindo. Talvez fosse uma mistura dessas duas coisas, mais os atrativos que ele tem por si só e toda cumplicidade que temos um com outro. Só sei que após anos sem ser penetrado por ninguém, eu deixei que ele me penetrasse. È engraçado, cheguei a sentir como se tivesse dado a ele um presente precioso, algo como a minha virgindade, que eu recuperei devido aos anos sem uso.Kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Estou brincando, mas é quase isso.

E foi prazeroso, muito prazeroso, mas havia muita culpa misturada: culpa Judaico-Cristã pelo ato em si; culpa pelo fato de estar escondendo algo dele; culpa por ter transando com outra pessoa; culpa pelo prazer que senti ao fazer isso; e finalmente; culpa pelo prazer que sinto apesar de e por essa situação toda.

Entenderam por que no início deste post eu disse que prazer e culpa quase sempre andam de mãos dadas?

Ainda por cima, no domingo de noite meu amigo se virou para mim e me disse que me ama. Ele havia dito isso outra vez por telefone, mas digamos que dessa vez foi mais sério. Ele se virou para mim, olhou nos meus olhos e disse as três palavras. E eu, que sei que não sou merecedor desse amor, se não por qualquer outro motivo, simplesmente porque eu não o amo da mesma forma que ele me ama, fiquei silencioso com uma tumba.

Ele disse que eu não preciso falar nada e fiquei feliz por isso.

Bom, já expliquei o porquê daquele quem sou eu. Só faltou o romântico incurável, mas acho que esse ficou óbvio.

*Romântico Incurável*

Ainda amo meu ex e sofro por isso. Cheguei a acreditar que íamos ficar juntos eternamente, hoje sei que não há como, estamos destinados a ficar separados. Porém, ainda assim, às vezes, acho que vou amá-lo para sempre.

E hoje fico por aqui. Beijos aos que lerem.

Trazer à Luz... ››