terça-feira, 16 de agosto de 2016

Plano B (Segurança)




Mesmo que as vezes eu pense, diga, escreva que te odeio, ou aja como se isso fosse real, a verdade é que a maior parte de mim, te ama. O que estraga tudo é precisar e depender completamente de ti.

Aquele dia que eu falei que caso tu e a mãe morressem, “eu estaria fudido”, não quis ser e parecer mesquinho. Não estava pensando em herança ou coisa do gênero, muito menos desejando a morte de ninguém. Estava, na realidade, atestando o quão frágil é minha situação nesse mundo. O que me deixa me amedronta terrivelmente.

Em relação a meus sentimentos por ti, o que me deixa furioso é saber que, provavelmente, jamais vou corresponder ás tuas expectativas em relação a mim. E isso é horrível, pois já tenho experiência em não corresponder as expectativas das pessoas. Desde que me entendo por gente, pareço, dentre meus irmãos, primos, colegas de creche ou escolinha ou colégio, ser o que mais se afasta de encaixar-se nos moldes que tu, a mãe, e parece que a maioria dos adultos e o mundo desejavam que nos encaixássemos.

NOVIDADE: Isso não dói só em ti. Dói, talvez mais ainda, em mim.

Então me vejo hoje em dia nessa situação, onde eu sei que as probabilidades de corresponder ao que silenciosamente esperam de mim são quase nulas e as de que tu aceite isso e o fato de que tenho uma doença, atestada por diversos profissionais, que me impede de fazer muita coisa, também.

A raiva, a fúria que sinto, é por todos os motivos acima. É por saber que alguém que eu tanto busquei aprovação, ainda que soubesse não estar fazendo aquilo que esse alguém aprovasse, mesmo depois de todo esse tempo e (supostas) mudanças de ponto de vista, continua a me aprovar apenas parcialmente. Pois não aceita que tenho uma doença e, mesmo ele tendo possibilidade para tal, não me ajuda a pelo menos tentar criar uma rede de proteção para o caso de ele ou a mãe virem a faltar.

Ou seja, não existe um “Plano B”. Para falar a verdade, sequer existe um “Plano A”. Ao mesmo tempo que minha vida é estável, é uma bagunça no quesito segurança.

E que seja o que Deus quiser. Beijos ao que lerem.


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sexta-feira, 12 de agosto de 2016

Duplo (Dor que Corrói)



Pode ser que, as vezes, aquilo que preciso e/ou escolho e/ou peço para adquirir, não pareça essencial. Mas na maioria das vezes é. Em algumas delas ao meu trabalho, mesmo que esse trabalho não pareça verdadeiro e/ou importante e/ou sério e/ou relevante.

Mas ele é tudo isso. Mesmo que eu não tenha, por enquanto, nenhum retorno financeiro, ele é verdadeiro e importante e sério e relevante, para meu bem-estar, meu tratamento, meu coração e minha alma.

Ainda que me bem-estar, meu tratamento, meu coração, e minha alma, às vezes, não pareçam essenciais e/ou verdadeiros e/ou importantes e/ou sérios e/ou relevantes.

Mesmo que achem que sou um vagabundo, um marginal que apenas finge ter uma doença. Mesmo que eu pareça aquela Anjo Rebelde criança que finge estar doente para não ir à escola, entre ele e eu há um mundo de distância. A única coisa em comum, que permanece, é o medo, o horror, o desânimo e a desilusão com a vida. Ou talvez seja com o mundo. Quem sabe com ambos. Só que agora, depois de adulto, com as feridas do tempo, algumas cicatrizadas, outras não, podemos adicionar a revolta e o ódio. Falo desses sentimentos por que também foram semeados na infância. E muitos bem regados, pela intolerância, crueldade, preconceito, maldade e descuido de crianças e adultos que cruzaram meu caminho. As pessoas falam em lutar, como se eu fosse alguém que não fez isso, desde o jardim de infância. Pois lembro-me que desde de então já enfrentava o bullying, a rejeição, a incompreensão e a exclusão, e não só na escola.

É uma sorte eu estar vivo. Muitas crianças, adolescentes, de tanto ser espezinhados, primeiro tentando pedir ajuda, até um adulto lhe explicar o quanto seu comportamento de pedir ajuda é vergonhoso, e então, sem recorrer a mais ninguém, acabam continuando a ser pisados e humilhados até a morte. Até chegar o momento em que acreditam que realmente não valem nada, que são um lixo, que aqueles que os perseguem, são melhores e mais fortes e mais capazes do que eles. Crianças, adolescentes e adultos que escolhem a morte como suposto alívio. Como um jeito de dar um basta em tamanha degradação. Ou, ainda, livrar o mundo da imundície e inutilidade de suas presenças.

Me considero um sobrevivente.

Só que hoje em dia, o sentimento que predomina, é o medo do futuro. Não tenho nenhuma segurança. Quando digo que sou parcialmente incapaz, quero dizer que não sou suficientemente constante e resistente ao estresse, para ter um emprego fixo. Ou uma, profissão da qual DEPENDER. E que passarei fome novamente, enfeitando a situação, como se fosse uma dieta para fins estéticos.

Em vez disso posso tentar, como já quase fiz certa vez , a profissão mais antiga do mundo. Daquela vez não se concretizou. Pode ser que dessa tenha sucesso, por, em desespero, concluir que valho muito menos do que pensei naquela vez.

Provavelmente iria recair nas drogas, moraria nas ruas, sei lá, até morrer como indigente. Mais um cadáver anônimo para encher o necrotério.

Ninguém entende, ninguém traças paralelas para (ninguém quer) entender.

A dor constante que me acompanha, como um duplo, desde que me lembro de mim como ser humano, desde que tenho consciência de mim mesmo.

A dor que agora cria inimigos por todos os lados, até dentro da minha própria família, até na minha casa, solitária e vazia. Essa dor me limita.

Mas ter limitações não é algo tão diferentes das outras pessoas. Todos tem limitações. Algumas superáveis, outras não. Até por que cada indivíduo é um indivíduo. Nem sempre o que um consegue, o outro consegue também. Mesmo que sejam aparentemente iguais. Para cada pessoa existem obstáculos, uns que são transponíveis, para todas, alguns que são transponíveis para apenas alguns. E alguns que não são transponíveis para “aqueles alguns”, mas para os restantes, sim.

Infelizmente minha dor, meu duplo, não me permite ter um emprego/profissão/ofício que me sustente e dê segurança e estabilidade a longo prazo.

Essa dor, esse duplo, sussurra coisas em meus ouvidos. Ideias em meu cérebro, desconfianças em meu senso crítico, até conseguir que todos estejam contra mim e eu não suporte mais. Ela me distrai, confunde, amedronta, corrói, destrói.

Porra, é tão difícil de entender, que fica quase impossível fazer certas coisas, enquanto você é distraído, confundido, amedrontado, destruído e corroído por dentro? E, para aquelas pessoas que pensam ou falam “Mas tu consegue ouvir música, ver TV.”:

Deixem de ser burros. Não façam leitura seletiva. Leiam o texto todo e entenderão. E só para saberem, dependendo da época, da fase, nem ver um filme eu conseguia.

Desculpem o drama. Beijos aos que lerem.
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segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Eu Sei Que Não...



A verdade é que não preciso morar ao lado de irmão, pai ou qualquer outro parente. Isso não vai me salvar. Pelo contrário. Estar próximo de vocês é como ter um câncer dentro de mim, crescendo, com sua escuridão a corroer, conspurcar e deteriorar tudo que sou, quero e posso fazer. Sinto-me impotente, furioso por saber-me observado, controlado, boicotado, nas pequenas coisas e detalhes que poluem e envenenam meu cotidiano através do controle que vocês tentam exercer sobre mim.

Se eu me cortasse, não estaria fazendo aquilo que vocês querem (ou estaria, vai-se lá saber), mas me prejudicaria, pois as marcas poderiam trazer consequências indesejadas para mim. Sobra-me apenas o suicídio, pois eu não iria sofre consequências, pelo menos não da forma que vocês, seus filhos da puta, pudessem ver. Eu apena cessaria de existir, ou existiria em outro lugar onde talvez o câncer fosse pior, mas não seria tão podre e sórdido quanto o câncer que é fazer parte dessa família.

Mas o Rivotril não deixa.

Agora já estou Rivotrilizado, e só o que resta é o aspecto intelectual da coisa toda. O ódio cristalizado em IDÉIA. A observação, controle e boicote, como TEORIA.

Alguém mais cético diria: DE CONSPIRAÇÃO.

MAS EU SEI QUE NÃO…
Eu sei que não...
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