Eu
escolhi viver na dor,
assim
como os pássaros escolhem voar.
Não
era algo que eu pudesse escolher
ou
evitar.
Se
cortassem suas asas,
Talvez
não tivesse voado,
mas
estaria então mutilado.
Iria
morrer definhando,
até
sumir num vácuo.
Perdido
num sonho onde Ícaro alcança o Sol,
Sem
que nada derreta.
Um
sonho onde não existem em caixões,
bonecos
de cera.
Onde
conspirações são reais
e
tudo se resume a alguém tentando ensinar uma lição,
e
não à vida arrancando suas vísceras,
sem
lhe perguntar se está pronto ou não.
Um
sonho onde tu sorri para mim teu sorriso bobo, fácil.
Onde
tu “superexplica” as coisas,
onde
ainda tem tua absurda e enorme,
noção
de cultura geral.
Onde
tu passa a manhã de domingo,
fazendo
palavras cruzadas no jornal.
Tu
tentou me mostrar um filme de amor, o mais belo que já vi,
mas
que não vi contigo,
só
vi tarde demais para entender,
o
que tu queria me dizer
e
ainda aproveitar o entendimento para nós.
Sempre
tive dor, mas agora ela é lancinante.
E
não tenho escolha exceto senti-la,
mesmo que desmedida, excruciante.
mesmo que desmedida, excruciante.
Ou
morrer. Cortar as asas. Ser mutilado.