quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Medo da Escuridão



Sempre tive medo, não, medo é pouco. Sempre tive pavor da ESCURIDÃO. Assim mesmo, em maiúsculas. Creio que temia por quê, de alguma forma, sabia de antemão que seria engolido por ela. Que ia afundar num lodaçal até sumir na ausência de luz. Que os fantasmas e demônios que a habitam iriam me escravizar, torturar e corromper. Que iriam me enlouquecer e que, se é que isso era possível, deixariam (e deixaram) a escuridão mais negra, sombria, violenta e sádica do que nunca. Que, a partir de então, meu mundo não teria mais cor, brilho ou luz. E o mundo que me sobraria seria feito de paranóia, tristeza, dor e medo.

E lembranças. De tudo que sofri e que só quem sofreu também consegue entender. Os abusos ininterruptos que vivi, até eu me achar um lixo. Até eu realmente achar que valia menos do que nada, que não valia porra nenhuma e começar meu processo de auto-destruição. Algo que quase consegui.

Alguma coisas consegui destruir:

  • Minha crença na bondade humana;

  • Parte do meu amor próprio, da minha auto-estima;

  • A confiança nos homens;

  • A confiança nos meu pais;

  • A confiança no mundo;

  • O Bom funcionamento da minha mente;

E por último, mas não menos importante, MEU SONHOS.

Hoje tenho que lutar contra a loucura, para não ser completamente engolido por ela. Para dar ouvidos aos pensamentos sensatos, não à paranóia.

Eu achava que o tratamento que estou fazendo agora, o ECT, me ajudaria a voltar à luz. Mas descobri que ele apenas tenta me ensinar a enxergar no escuro. Mas sou engolfado pelo desespero ao perceber que até isso exige uma força enorme, que já eu tive, antes de a vida me corromper, mas que agora acho que não tenho mais.

E percebo que morro lenta e dolorosamente, o que me causa a dúvida se não seria mais misericordioso comigo mesmo, morrer tudo de uma vez só. Acabar com todos os sofrimentos, ao invés de ser obrigado a saboreá-lo gradualmente.



Partir.

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