Pelo que
viver? Por que motivo devemos continuar, se na maioria das vezes há
tanta escuridão no futuro? Se o FIM é quase sempre tão escuro,
sombrio e ingrato.
Minha
avó, tinha tudo. E batalhou e trabalhou muito, assim como meu avô,
para ter tudo que tinha. Ela é poeta. Alguém que, mesmo sem
entender direito meus escritos que, na minha adolescência, eram de
certa forma tétricos e lúgubres, sempre me estimulou a continuar
escrevendo, seja lá o que fosse. Mas como eu dizia, ela tinha tudo,
mas hoje, por ter chegado aos 92 anos, tem quase nada em comparação
com antes. Hoje, como diria a Dido, na música Life for Rent, nada do
que ela tem é realmente dela. Até o final do ano passado, ela tinha
o maior de todos os bens, alguém que a amava incondicionalmente. Meu
Avô. Mas ele sucumbiu. Morreu no final do ano passado. E ela ficou
sozinha nesse mundo. Tem uma casa enorme, um bom carro, muitos bens,
mas sem poder usufruir, inclusive dessa casa onde não pode morar
pelo fato de casa ser enorme, por não poder mais ficar sozinha,
enfim, pelo fato de ter chegado ao 92 anos.
Tentei o
suicídio no dia 20 de setembro. Estarei eu realmente tão errado por
isso?
Estou de
volta, temporariamente a casa de meus pais, pelo menos até terminar
as 4 semanas de ECT. A casa dos meus pais é de dois quartos, então,
temporariamente, estou nesse quarto, que é onde minha avó mora
atualmente. Onde nada que ela ela tem é realmente dela, e quando
nada do que é realmente dela, ela realmente TEM. Eu entendo por que
ela queira dormir o dia inteiro. Do por que fica deprimida. Não é
por ela ela estar cansada. É por estar limitada pelo físico. Pois
mesmo com seu cérebro falhando um pouco, mesmo ouvindo muito pouco,
ainda há nela a poeta que quer ver o lado bonito da vida e criar
odes a ele. Que quer ter sua própria vida e tocar de novo o amor
palpável que existia, e acho que existe ainda, entre ela e meu avô.
É sentir a presença e não só espiritual do meu avô.
Então
hoje, acordei muito cedo e vi ela deitada tão pequenina em sua
ancienidade, tão fragil em sua velhice, e entendi por que, apesar da
casa ser da mãe, minha avó tenta dar ordens aqui também. Pela
primeria vez consegui REALMENTE, colocar-me no lugar dela. Ontem
enquanto tirava da mesa, após o jantar, disse a ela que não
precisava listar o que devo tirar ou não da mesa, já que eu já
fizera isso muitas vezes. Disse isso, mesmo que sem falar de forma
agressiva, por que fiquei irritado. Mas agora entendo. Aí está ela,
frágil e não mais realmente dona da sua vida. Não mais realmente
dona de nada. Seu dinheiro, ela guarda. Usa uma parte nas depesas,
como uma ajuda a minha mãe já que mora aqui agora. O resto, ela
guarda. Para que, eu não sei. Minha mãe quer que ela contrate uma
cuidadora, já que isso seria realmente importante para o bem estar
da minha avó na sua atual idade. E talvez seja esse o problema todo.
Talvez, ela guarde dinheiro, para não aceitar sua idade. Acumula,
que foi o que fez durante grande parte da vida, para acreditar que
tudo continua igual. Que existira um amanhã, mesmo nesse momento em
que tudo é ainda tão incerto.
Então
me vem a dúvida. PELO QUE NÓS VIVEMOS? E o que realmente possuímos?
A única resposta que me ocorre, é que vivemos pelo amor verdadeiro.
Pois o resto não é eterno. E sabendo disso, finalmente entendo a
frase da música da Dido:
“Nothing
I have is truly mine.”
Mas,
para ser completamente honesto, não entendo é nada. Apenas sou
alguém que tento encontrar algum sentido nessa mixórdia toda
chamada vida. Alguma razão. Algum motivo para continuar vivendo.
Para não dar um fim a tudo. Para lutar. Para não ceder à minha
estupidez chamada de loucura. E, principalmente á forte companheira
que vive comigo faz tantos anos: A Ideação Suicida.
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