sábado, 5 de setembro de 2015

Fobias



Hoje ,meus pais e eu viemos na casa dos meus avós para almoçarmos juntos e passar o dia. Chegando, nos avisaram que meus tios viriam também.

Amo meus tios, mas infelizmente tenho uma coisa chamada fobia social. Pouquíssimas são as pessoas, mesmo dentre as que mais amo, que não me ativam esse “mecanismo” comportamental. Então, analisando minhas lembranças, percebi que a fobia social é, para mim, problema muito mais antigo do que eu pensava. Creio que veio desde a infância. Lembro-me que na maior parte das festas e reuniões a que eu comparecia, sentia-me deslocado, isolado, mesmo quando cercado de pessoas. Na verdade, quanto mais pessoas houvessem ao meu redor, maior a sensação de inadequação que eu sentia. Acabava, então, fugindo para um canto onde ficava lendo, ou desenhando, ou escrevendo, e, como dizem hoje em dia, “apenax observando”.

Claro que houveram períodos em que consegui socializar melhor, mas não era o que predominava em meu comportamento e sentimentos. E olha que essas festas em sua maioria eram de família ou similares.

Isso não parou quando cresci. Na verdade, a medida que eu ia me descobrindo e entrando na adolescência, foi se acentuando, o que fazia eu descontar as ansiedades, e tristezas decorrentes disso na comida, depois no cigarro, no álcool e, por fim, na maconha.

Não pensem, no entanto, que essas substâncias realmente me ajudavam a socializar. Quando eu não estava no pronto socorro por chegar quase ao ponto de coma alcoólico, estava chapado dentro de alguma boate, num canto “viajando”. Sozinho. Acabei conhecendo algumas pessoas assim, é claro, mas acho q se estivesse “de cara”, talvez tivesse conhecido pessoas diferentes, feito escolhas diferentes, e talvez muitas coisas em minha vida houvessem sido diferente. Tudo isso é hipotético, claro. Nem vale a pena discutir, mas me parecem possibilidades razoáveis.

O que interessa, é que além de apenas mascarar os problemas, as drogas que (ab)usei, a longo prazo, desencadearam meu primeiro surto psicótico e agravaram muito mais meu problemas de fobias, paranoias e transtornos de humor. Se hoje minha doença evoluiu para meu diagnóstico atual, agradeço boa parte a THC.

Graças a Deus, alguns anos atrás, tornei-me abstêmio e até mesmo o cigarro consegui largar.

Agora, espero que a eletroconvulsoterapia (ECT), a qual me submeti, me ajude a vencer meus fantasmas, fobias e monstros internos (como a Doença da Dependência Química). Espero conseguir conviver com pessoas novas e, sem contar os minutos antes de dar uma desculpa e fugir, apreciar suas companhias como um sopro de ar fresco em meu isolamento. Espero conseguir andar na rua sem ficar apavorado. Mas, acima de tudo, espero sentir meu coração sadio o suficiente para poder me apaixonar, amar de novo, me divertir. Enfim, VIVER!

Peço que torçam por mim. Beijos ao que lerem.

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